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Emissão de gases do efeito estufa sobe depois de 10 anos

Brasil gerou 1,56 bilhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente em 2013, aumento de 7,8% ante o ano anterior

Desmatamento na Amazônia: emissões de gases-estufa resultantes do desmatamento subiram 16% (Hebert Rondon/Ibama)
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Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2014 às 15h32.

São Paulo - As emissões brasileiras de gases causadores do aquecimento global subiram no ano passado pela primeira vez desde 2004 devido ao crescimento do desmatamento e ao maior uso de usinas termelétricas, apontou um novo estudo nesta quarta-feira.

A maior economia da América Latina gerou 1,56 bilhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) em 2013, aumento de 7,8 por cento ante o ano anterior, segundo o relatório divulgado pelo Observatório do Clima, uma rede de entidades da sociedade civil.

As emissões de gases-estufa resultantes do desmatamento subiram 16 por cento em 2013 ante 2012, enquanto as do setor de energia aumentaram 7,3 por cento.

Os números deverão alimentar as críticas recentes de grupos ambientalistas sobre as políticas governamentais para o combate à destruição das florestas e sobre o uso cada vez maior de usinas movidas a combustíveis fósseis.

O estudo também sugere que o Brasil poderia não atingir sua meta de reduzir as emissões de CO2 em 39 por cento até 2020.

"Nós vemos uma tendência dessas emissões crescerem novamente em 2014, mesmo considerando uma situação de estagnação do crescimento econômico", afirmou o coordenador do levantamento de dados intitulado SEEG (Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa), Tasso Azevedo.

"E se o Brasil voltar a crescer, será ainda mais difícil atingir as metas", afirmou.

O país foi bem-sucedido na última década em combater o desmatamento, o que, por sua vez, gerou grandes reduções anuais nas emissões de gases-estufa.

Comparado ao pico de emissões do Brasil registrado em 2004, de 2,86 bilhões de toneladas de CO2e, os números de 2013 ainda estão 45 por cento abaixo.

Mas o desmatamento cresceu 16 por cento no ano passado, já que os mecanismos de controle existentes têm sido insuficientes para deter principalmente a atividade madeireira ilegal e a expansão irregular de áreas agropecuárias.

Além disso, uma grande parte do país enfrenta o terceiro ano de uma seca que reduziu fortemente os níveis dos reservatórios de hidrelétricas, forçando o governo a recorrer a um sistema caro e poluidor de geração elétrica.

Apesar de admitir o problema, o governo não compartilha da opinião de que já está havendo uma reversão na tendência das emissões.

"Esse ano de aumento não deve ser encarado como tendencial. A tendência só pode ser vista em períodos maiores", afirmou o diretor de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Adriano Santiago.

"Realmente os setores estão aumentando as emissões, mas dentro daquilo que nos comprometemos para 2020. Ainda estamos dentro das metas, em todos os setores", disse.

O estudo chega ao público apenas 10 dias antes do início da conferência anual da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o clima, a partir de 1º de dezembro em Lima, no Peru.

No evento, países signatários da convenção de clima da ONU irão negociar um novo acordo global para redução das emissões de gases que aquecem a Terra, que vai incluir tanto países desenvolvidos como em desenvolvimento.

Para o secretário executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl, o Brasil não está preparado para assumir compromissos mais ambiciosos.

"As políticas públicas precisam estar associadas à questão da mudança climática, o que não vemos hoje. Por exemplo, financiamentos para a agricultura de baixo carbono representam uma parcela mínima do total financiado", afirmou.

Rittl também criticou a falta de planos consistentes para a diversificação das fontes de energia, priorizando renováveis.

"Nós entramos só agora em energia solar, por exemplo. Teremos 1 gigawatt de capacidade em 2017, quando a China já terá 70 gigawatts de solar", disse.

O governo brasileiro realizou no mês passado o primeiro leilão de energia exclusivo para projetos solares, aprovando a construção dos primeiros 31 parques.

Um novo estudo, publicado na revista científica Oikos, mostra que dois fatores principais são importantes para a sobrevivência das cabras: as horas de claridade do dia e a temperatura. Para os caprinos da Escócia, que sofrem com o frio das áreas mais elevadas do norte do país, o aquecimento global pode ser uma dádiva. A elevação das temperaturas parece estar tornando a vida um pouco mais fácil para os animais da região, que já começam a marcar território. O aumento da população de cabra selvagem e a mudança de seu habitat foi documentada pelo pesquisador britânico Robin Dunbar, da Universidade de Oxford e seu colega Jianbin Shi.
  • 2. Adeus ao cafezinho

    2 /8(Alex Silva)

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    O nosso querido cafezinho também corre riscos. Segundo uma nova pesquisa, publicada na revista científica Plos One, essa bebida tradicional pode sumir do cardápio dentro de 70 anos devido ao aquecimento global e às mudanças climáticas. O estudo realizado por pesquisadores do Royal Botanic Gardens da Grã-Bretanha, em colaboração com cientistas na Etiópia, constatou que entre 38 e 99,7% das áreas adequadas para o cultivo da espécie arábica desaparecerá até 2080 se as previsões do aumento das temperaturas se concretizarem.
  • 3. Aumento de problemas cardíacos

    3 /8(David Silverman/Getty Images)

  • É bom preparar o coração para as mudanças. Eventos climáticos extremos de calor e frio se tornarão mais comuns e isso vai colocar pressão sobre o coração das pessoas, dizem os cientistas. Um estudo publicado no British Medical Journal concluiu que a queda de temperatura de 1ºC em um único dia no Reino Unido está ligado ao aumento de 200 ataques cardíacos. Ondas de calor também geram efeito semelhante. Mais de 11 mil pessoas morreram por complicações cardíacas durante a onda de calor que atingiu a França na primeira metade de agosto de 2003, quando as temperaturas subiram para mais de 40ºC.
  • 4. Queda na capacidade trabalho

    4 /8(Getty Images)

    Um estudo publicado na revista científica “Nature Climate Change” sugere que o aumento da temperatura global nos últimos 60 anos reduziu a capacidade de trabalho em 10%. Pior, a previsão é de que “estresse térmico” poderá prejudicar ainda mais a aptidão do trabalhador para desempenhar suas funções nas próximas décadas. De acordo com a pesquisa, a capacidade de trabalho em 2050 será reduzida a 80% do que hoje.
  • 5. Maratonas mais lentas

    5 /8(Einar Hansen/ StockXchng)

    Embora o tempo dos vencedores de maratonas tenha melhorando gradativamente ao longo do século passado, essa tendência corre risco de diminuir diante do aumento das temperaturas. Um estudo da Universidade de Boston indica que o aquecimento global poderá tornar as maratonas mais lentas, afetando o tempo das vitórias. Mantida a tendência de aquecimento atual, de 0.058°C por ano, até 2100, a chance de detectar uma "desaceleração consistente no tempo de vitória da maratona" é de 95%, diz o estudo.
  • 6. Uvas não curtem calor, logo...

    6 /8(Getty Images)

    As uvas vinícolas são uma das culturas mais sensíveis ao calor, chuvas, incidências de sol e mudanças bruscas no clima. Não à toa, elas estão na mira do aquecimento global. Segundo estudos mais recentes, a produção de vinhos em regiões consagradas, como Bordeaux, na França, pode cair cerca de 60% até 2050. Em contrapartida, a mudança climática poderia também abrir outras partes do mundo para a produção de uvas, uma vez que os produtores teriam que procurar lugares mais altos e mais frios.
  • 7. Mais metano, mais aquecimento

    7 /8(Ian Joughin, University of Washington)

    Os efeitos do aquecimento global, acredite, também podem gerar mais aquecimento global. Estudo recente, publicado na revista Nature por uma equipe internacional de cientistas, mostrou que o degelo no continente antártico pode ser uma fonte importante, embora esquecida, de metano, um gás efeito estufa com potencial de aquecimento global 21 vezes maior do que o do CO2. Ou seja, o derretimento do gelo pode liberar milhões de toneladas desse gás na atmosfera e agravar o aquecimento global.
  • 8. Guarda-chuva para os Pólos?

    8 /8(Divulgação)

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