Bolsonaro defende Paulo Guedes em primeira entrevista após facada
Ele disse que Paulo Guedes, que coordena seu programa econômico e é apontado como seu ministro da Fazenda, segue ao seu lado após desentendimentos
João Pedro Caleiro
Publicado em 21 de setembro de 2018 às 16h37.
Última atualização em 21 de setembro de 2018 às 20h21.
São Paulo - Jair Bolsonaro deu nesta sexta-feira (21), para o jornal Folha de São Paulo, a sua primeira entrevista após a facada em Juiz de Fora (MG).
O candidato, que lidera as pesquisas eleitorais e segue hospitalizado, falou por quatro minutos e comentou as polêmicas que envolveram a sua campanha nos últimos dias.
Ele disse que Paulo Guedes, coordenador do seu programa econômico e cotado como seu eventual ministro da Fazenda, segue com ele apesar dos boatos de sua saída.
"Olha, ele não tem experiência política. O cara dá uma palestra de uma hora, fala uma coisa por segundos e a imprensa cai de porrada nele", disse Bolsonaro.
O economista cancelou de última hora duas participações em eventos previstos para esta sexta-feira e tem, de forma geral, se retraído do debate público mesmo tendo sido apelidado de "Posto Ipiranga" por Bolsonaro, que não esconde sua ignorância em temas econômicos.
Ao jornal O Globo, Guedes explicou que não defende a criação de um imposto a mais e sim unificar vários impostos federais em apenas um que incidiria sobre transações financeiras.
Ele também defendeu que as atuais faixas de 7,5%, 15%, 22,5% e 27,5% no IR fossem substituídas por uma alíquota única de 15%, mas com aumento do limite de isenção.
"Se ele usa a palavra IVA (Imposto de Valor Agregado) e não CPMF, não tem confusão nenhuma. Parece uma boa ideia, vamos estudar. A alíquota única do IR para quem ganha mais é uma boa ideia", afirmou elediz Bolsonaro na entrevista.
Hoje mais cedo, ele havia feito um post no Twitter explicando sua posição: "Votei pela revogação da CPMF na Câmara dos Deputados e nunca cogitei sua volta. Nossa equipe econômica sempre descartou qualquer aumento de impostos. Quem espalha isso é mentiroso e irresponsável. Livre mercado e menos impostos é o meu lema na economia!”.
Para a Folha, Bolsonaro também reclamou dos ataques da campanha do PSDB ("É covardia do Alckmin") e disse que acha que deve ter alta nos próximos dias, mas não deve poder participar de debates e eventos de rua antes do primeiro turno.
Ele não quis comentar a fala do seu vice, general Hamilton Mourão, de que lares pobres "sem pai e avô" seriam "fábricas de desajustados" para o narcotráfico.