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Em café da manhã com Bolsonaro, PSC cobra cargos por fidelidade ao governo

Nos últimos meses, governo passou a negociar cargos com siglas do chamado Centrão, formado por PP, PL, Republicanos, PTB, DEM, Solidariedade e PSD

Jair Bolsonaro, ministros e deputados: presidente já chamou as práticas do Centrão de "velha política" no passado (Marcos Corrêa/PR/Flickr)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de junho de 2020 às 15h46.

Última atualização em 24 de junho de 2020 às 15h49.

Com nove deputados na Câmara, integrantes da bancada do PSC cobraram nesta quarta-feira, 24, mais espaço no governo em troca do apoio que tem dado em votações - cerca de 90%, segundo as contas dos parlamentares. A reivindicação foi feita por integrantes da legenda em café da manhã com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada.

Após o encontro, o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ) afirmou que o partido quer "tratamento igualitário" do governo em relação aos outros partidos. "Que espaço o PSC tem hoje (no governo)? Queremos apenas tratamento igualitário", disse Otoni ao Estadão/Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. "Foi um encontro de aproximação política, já que o PSC votou quase 90% dos interesses do governo", emendou.

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Na visão do parlamentar, o governo conseguirá montar uma base de sustentação no Congresso, pois "está caminhando para a maturidade" política, "sem negociar seus valores".

Nos últimos meses, Bolsonaro passou a negociar cargos em ministérios e autarquias com siglas do chamado Centrão, formado por PP, PL, Republicanos, PTB, DEM, Solidariedade e PSD. O movimento faz parte de uma tentativa do presidente de fortalecer sua base de apoio no Congresso Nacional e se blindar de um eventual processo de impeachment.

Bolsonaro já chamou as práticas do Centrão de "velha política", mas recorreu ao "toma lá, dá cá" diante da escalada da crise política, acentuada pelas investigações que apuram as denúncias de tentativa de interferência na Polícia Federal feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.

Ainda de acordo com Otoni, o presidente sinalizou, durante a reunião, que está disposto a viabilizar cargos para partidos, mas que não "compactuará com corrupção". Entre os caciques dos partidos que já indicaram nomes ao governo estão alguns políticos investigados na Lava Jato, como o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, o deputado Arthur Lira (AL), líder do partido na Câmara, e Marcos Pereira (SP), presidente do Republicanos.

O deputado Gilberto Nascimento (SP), que também esteve no encontro, avaliou que é "natural" parlamentares que apoiam o governo buscarem espaço através da indicação de cargos nos Estados.

"Esse é um governo que apoiamos desde a primeira hora. Se o governo está aí e se elegeu, é natural que alguns deputados, pensando nas suas regiões, tenham a necessidade de ter algum espaço político no governo", disse Nascimento ao Broadcast Político.

"Alguns deputados colocaram que gostariam de ter na sua região pessoas da área que se envolvem no trabalho e que possam também ter seus nomes avaliados para ocupar alguma posição. A ideia é ter currículos avaliados para áreas técnicas", afirmou o parlamentar. Ele não especificou em quais órgãos os parlamentares da sigla gostariam de indicar nomes.

Além de Bolsonaro, Otoni e Nascimento, estiveram presentes no café da manhã no Alvorada o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, responsável pela articulação política, e os líderes do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), e no Senado, Eduardo Gomes (MDB-TO). Entre os parlamentares, estavam também os deputados André Ferreira (PSC-PE), Glaustin Fokus (PSC-GO), Aluisio Mendes (PSC-MA) e Euclydes Pettersen (PSC-MG).

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