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Eleições 2016: quando o Brasil escolheu não votar

O Rio de Janeiro é o maior exemplo de que o brasileiro, descrente, optou por não votar em nenhum candidato

Eleitor vai às urnas em Belém (PA) (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Eleitor vai às urnas em Belém (PA) (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 31 de outubro de 2016 às 06h00.

Última atualização em 31 de outubro de 2016 às 06h00.

São Paulo – Em 2016, muitos brasileiros escolheram não votar. O número de abstenções, votos brancos e nulos foi elevado no segundo turno. O estado do Rio de Janeiro é um dos principais exemplos dessa postura dos eleitores. Por lá, três cidades  que tiveram segundo turno entraram para o ranking das seis nas quais mais eleitores abriram mão de escolher seus futuros prefeitos para os próximos quatro anos. No total, 7,1 milhões se abstiveram, o que representa 21,6% entre os 32,9 milhões de eleitores aptos a votar no segundo turno em 57 municípios brasileiros.

Na capital fluminense, o total de abstenções, votos brancos e nulos é superior aos votos obtidos individualmente pelos dois candidatos que disputaram o segundo turno no último domingo. Foram 2.034.352 contra os 1.700.030 do prefeito eleito Marcelo Crivella (PRB) e os 1.163.662 de Marcelo Freixo (PSOL).

"A abstenção no país como um todo foi um pouco maior do que o normal. O que surpreendeu mesmo foram as ausências registradas nos grandes centros, principalmente no Rio de Janeiro", afirma Murilo Aragão, cientista político da Arko Advice, em entrevista a EXAME.com.

"No Rio, a abstenção [1.314.950] ficou à frente do Freixo [1.163.662], só perdeu para o Crivella [1.700.030]. Isso é assustador e bastante simbólico. Indica que o eleitorado do Rio queria uma opção que não fosse tão da extrema esquerda, nem tão da extrema esquerda. Queriam alguém mais centralizado. Não tiveram e, por isso, se abstiveram", analisa Aragão.

Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a cidade com o maior índice de abstenções foi Ribeirão Preto (interior de SP), com 27,62%. O município registrou ainda 3,43% de votos brancos e 14,25% de nulos. Somando os números, o percentual de pessoas que não escolheram um candidato é de 45,3% -- o que coloca o município em segundo lugar no ranking de locais em que as pessoas escolheram não votar.

Por lá, o prefeito eleito Duarte Nogueira (PSDB) poderia até mesmo ter ficado em segundo lugar caso os eleitores que votaram branco, nulo ou não compareceram ao pleito tivessem escolhido votar no candidato derrotado Ricardo Silva (PDT).

Fora Rio e Ribeirão Preto, as cidades que registraram maior taxa de pessoas que se isentaram da escolha de seus futuros prefeitos foram Porto Alegre (RS), Petrópolis (RJ), Santo André (SP) e Belford Roxo (RJ).

Confira a seguir o ranking das cidades que obtiveram os maiores índices de pessoas que escolheram não votar em nenhum candidato no segundo turno das eleições municipais de 2016.

 

CidadeBrancosNulosAbstençõesTotal
Rio de Janeiro149.866 (4,18%)569.536 (15,9%)1.314.950 (26,85%)2.034.352 (46,93%)
Ribeirão Preto10.810 (3,43%)44.912 (14,25%)120.257 (27,62%)175.979 (45,3%)
Porto Alegre46.537 (5,67%)109.693 (13,36%)277.521 (25,26%)433.751 (44,63%)
Petrópolis6.356 (3,56%)21.401 (12%)66.275 (27,09%)94.032 (42,65%)
Santo André16.564 (3,9%)54.980 (12,93%)144.474 (25,36%)216.018 (42,19%)
Belford Roxo9.865 (4,02%)29.557 (12,05%)83.437 (25,38%)122.859 (41,45%)

Primeiro Turno

No mês passado, quando aconteceu o primeiro turno, muitas cidades apresentaram também um elevado índice de brasileiros que escolheram não votar.

São Paulo, por exemplo, 1.940.454 abstenções (21,84%), 788.379 de votos nulos (11,35%) e 367.471 de votos brancos (5,29%) — somados, esses números superam o número de votos conferidos a João Doria (PSDB), o prefeito eleito no primeiro turno. Na cidade, o aumento de pessoas que compareceram aos colégios eleitorais e decidiram não optar por um candidato foi 30% superior a 2012.

João Pessoa também teve uma alta taxa de pessoas que não votaram em nenhum dos candidatos a prefeito. Lá, as abstenções totalizaram 55.579 (11,37%), os votos nulos somaram 43.609 (10,06%) e os brancos foram 16.661 (3,84%).

A cidade de Salvador é mais um exemplo de que os brasileiros não se mostraram dispostos a votar em seus prefeitos. O número de abstenções foi de 413.960 (21,25%), os nulos foram 158.807 (10,3%), enquanto os brancos foram 48,615 (3,17%).

 

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