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Eleição municipal deve ampliar peso aliado no governo Dilma

O pleito de outubro reflete a tentativa de descolamento de partidos aliados do projeto petista

Dilma Rousseff: presidente irá se manter afastada das campanhas (Roberto Stuckert Filho/PR)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2012 às 22h22.

Brasília - O resultado das eleições municipais de outubro, com suas campanhas começando oficialmente na sexta-feira, deve ampliar o peso de alguns partidos na cena nacional e obrigar a presidente Dilma Rousseff a reorganizar o primeiro escalão de seu governo no final deste ano para acomodar sua base de apoio.

O pleito de outubro reflete a tentativa de descolamento de partidos aliados do projeto petista, avaliam fontes do governo e especialistas ouvidos pela Reuters.

O principal exemplo é o PSB, aliado histórico do PT desde a primeira tentativa de Luiz Inácio Lula da Silva chegar à Presidência, em 1989, e que agora enfrenta os petistas em seis capitais. Mas outros partidos, como o PCdoB, também querem ampliar sua força individual, sem falar no PMDB, o tradicional campeão das eleições municipais.

"O resultado das eleições vai ser um quadro político mais complexo e multipartidário", reconheceu, em conversa com a Reuters, uma fonte do Planalto que acompanha a movimentação aliada.

Apesar de seguir de perto os movimentos dos partidos da base de apoio, o Planalto tenta se distanciar da corrida eleitoral de outubro, de forma a diminuir os danos políticos para a gestão Dilma.


"A orientação da presidenta é muito clara: eleição é um problema dos partidos", afirmou a ministra das Relações Institucionais Ideli Salvatti em encontro com jornalistas nesta semana.

Segundo ela, Dilma irá se manter afastada das campanhas, apesar da expectativa de muitos candidatos de que a presidente grave participações em seus programas de rádio e televisão.

Assessores da presidente reconhecem, entretanto, que ela não vai escapar de participar da corrida em São Paulo, onde o ex-presidente Lula tenta eleger o ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT), ou do Rio, onde já estará na sexta-feira com o prefeito e candidato a reeleição Eduardo Paes (PMDB).

Para minimizar o dano de aparições da presidente em apenas algumas campanhas, o Planalto tenta reforçar a ideia de que a legislação eleitoral apenas permite que ela tenha sua imagem utilizada nas chapas coligadas ao seu partido, o PT.

Outra legenda que deve ter seu espaço no governo avaliado após as eleições é o novato PSD, do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

Apesar de estar aliado na disputa paulistana ao tucano José Serra, figura mais emblemática da oposição ao governo Dilma, o PSD deve ingressar na administração federal por ter uma das maiores bancadas no Congresso e estar coligado a governistas em outros pleitos de outubro.

Descolamento

O principal movimento de descolamento do PT foi o do PSB, presidido pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos. O partido abandonou o PT e tenta eleger prefeitos próprios nas capitais dos dois Estados onde é mais forte: Pernambuco e Ceará.


Em Belo Horizonte, uma das capitais mais importantes do país, PSB e PT romperam a aliança que elegeu o socialista Márcio Lacerda quatro anos atrás com apoio do PSDB. O PSB preferiu continuar aliado aos tucanos.

Enquanto o PT vê a movimentação de Campos como um sinal de que o governador tentará enfrentar o PT nacionalmente já em 2014, outros aliados acham normal que o partido amplie sua independência para ganhar mais poder nas próximas eleições, esteja com o PT ou não.

"Os aliados já perceberam que o PT tem um projeto de hegemonia próprio, em que não haverá espaço protagonista para outro partido", afirmou uma liderança aliada do governo.

A avaliação de outros políticos é que a saída de Lula da Presidência da República obriga Dilma e o PT a dividir mais o poder com uma base que busca preencher espaços regionais.

O rearranjo nos primeiros escalões do governo federal entre o final deste ano e o início de 2013 deverá refletir, segundo um ministro, o maior ou menor sucesso dos aliados em ampliar espaços regionais que serão importantes para manutenção do projeto da coalizão que comanda atualmente o país.

ALIANÇAS REGIONAIS

Em muitas cidades do país as eleições municipais devem contrariar os blocos políticos tradicionais, unindo forças regionais que se enfrentam no plano nacional. É o caso, por exemplo, de João Pessoa, onde o PT quebrou a resolução aprovada pelo congresso nacional do partido, que proibia coligações com o PSDB, PPS e DEM, para fechar uma chapa que terá o PPS de vice.

"Em cidades menores isso é muito mais comum, porque as alianças locais não seguem a lógica nacional", afirmou o professor de Filosofia Política Roberto Romano, da Unicamp.

Outro caso é o de Porto Alegre, onde apesar de o PP ter decidido apoiar formalmente o PDT, a principal expoente do partido no Estado, a senadora Ana Amélia Lemos anunciou que fará campanha para a comunista Manuela D'Ávila.

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Brasília - O resultado das eleições municipais de outubro, com suas campanhas começando oficialmente na sexta-feira, deve ampliar o peso de alguns partidos na cena nacional e obrigar a presidente Dilma Rousseff a reorganizar o primeiro escalão de seu governo no final deste ano para acomodar sua base de apoio.

O pleito de outubro reflete a tentativa de descolamento de partidos aliados do projeto petista, avaliam fontes do governo e especialistas ouvidos pela Reuters.

O principal exemplo é o PSB, aliado histórico do PT desde a primeira tentativa de Luiz Inácio Lula da Silva chegar à Presidência, em 1989, e que agora enfrenta os petistas em seis capitais. Mas outros partidos, como o PCdoB, também querem ampliar sua força individual, sem falar no PMDB, o tradicional campeão das eleições municipais.

"O resultado das eleições vai ser um quadro político mais complexo e multipartidário", reconheceu, em conversa com a Reuters, uma fonte do Planalto que acompanha a movimentação aliada.

Apesar de seguir de perto os movimentos dos partidos da base de apoio, o Planalto tenta se distanciar da corrida eleitoral de outubro, de forma a diminuir os danos políticos para a gestão Dilma.


"A orientação da presidenta é muito clara: eleição é um problema dos partidos", afirmou a ministra das Relações Institucionais Ideli Salvatti em encontro com jornalistas nesta semana.

Segundo ela, Dilma irá se manter afastada das campanhas, apesar da expectativa de muitos candidatos de que a presidente grave participações em seus programas de rádio e televisão.

Assessores da presidente reconhecem, entretanto, que ela não vai escapar de participar da corrida em São Paulo, onde o ex-presidente Lula tenta eleger o ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT), ou do Rio, onde já estará na sexta-feira com o prefeito e candidato a reeleição Eduardo Paes (PMDB).

Para minimizar o dano de aparições da presidente em apenas algumas campanhas, o Planalto tenta reforçar a ideia de que a legislação eleitoral apenas permite que ela tenha sua imagem utilizada nas chapas coligadas ao seu partido, o PT.

Outra legenda que deve ter seu espaço no governo avaliado após as eleições é o novato PSD, do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

Apesar de estar aliado na disputa paulistana ao tucano José Serra, figura mais emblemática da oposição ao governo Dilma, o PSD deve ingressar na administração federal por ter uma das maiores bancadas no Congresso e estar coligado a governistas em outros pleitos de outubro.

Descolamento

O principal movimento de descolamento do PT foi o do PSB, presidido pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos. O partido abandonou o PT e tenta eleger prefeitos próprios nas capitais dos dois Estados onde é mais forte: Pernambuco e Ceará.


Em Belo Horizonte, uma das capitais mais importantes do país, PSB e PT romperam a aliança que elegeu o socialista Márcio Lacerda quatro anos atrás com apoio do PSDB. O PSB preferiu continuar aliado aos tucanos.

Enquanto o PT vê a movimentação de Campos como um sinal de que o governador tentará enfrentar o PT nacionalmente já em 2014, outros aliados acham normal que o partido amplie sua independência para ganhar mais poder nas próximas eleições, esteja com o PT ou não.

"Os aliados já perceberam que o PT tem um projeto de hegemonia próprio, em que não haverá espaço protagonista para outro partido", afirmou uma liderança aliada do governo.

A avaliação de outros políticos é que a saída de Lula da Presidência da República obriga Dilma e o PT a dividir mais o poder com uma base que busca preencher espaços regionais.

O rearranjo nos primeiros escalões do governo federal entre o final deste ano e o início de 2013 deverá refletir, segundo um ministro, o maior ou menor sucesso dos aliados em ampliar espaços regionais que serão importantes para manutenção do projeto da coalizão que comanda atualmente o país.

ALIANÇAS REGIONAIS

Em muitas cidades do país as eleições municipais devem contrariar os blocos políticos tradicionais, unindo forças regionais que se enfrentam no plano nacional. É o caso, por exemplo, de João Pessoa, onde o PT quebrou a resolução aprovada pelo congresso nacional do partido, que proibia coligações com o PSDB, PPS e DEM, para fechar uma chapa que terá o PPS de vice.

"Em cidades menores isso é muito mais comum, porque as alianças locais não seguem a lógica nacional", afirmou o professor de Filosofia Política Roberto Romano, da Unicamp.

Outro caso é o de Porto Alegre, onde apesar de o PP ter decidido apoiar formalmente o PDT, a principal expoente do partido no Estado, a senadora Ana Amélia Lemos anunciou que fará campanha para a comunista Manuela D'Ávila.

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