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Dólar no 1º tri é o mais barato e o que menos flutua em 12 anos

Estudo da Austin Rating mostra que moeda americana teve, na média, a cotação mais baixa e o menor nível de oscilação desde a implantação do sistema de câmbio flutuante

Brasil recebe enorme fluxo de dólares por causa de juro alto e bom resultado de empresas (Stock.xchng)
DR

Da Redação

Publicado em 31 de março de 2011 às 18h39.

São Paulo* - Um estudo feito pela agência de classificação de risco Austin Rating a pedido de EXAME.com mostra que o dólar PTAX (média diária das operações calculada pelo Banco Central) ficou oscilando dentro de uma banda de apenas 6 centavos entre janeiro e março deste ano. É a menor flutuação da moeda americana desde a implantação do sistema de câmbio flutuante, em 1999 ( ver tabela e gráficos na próxima página ).

A amplitude (nome técnico para a diferença entre a menor cotação e a maior cotação num período) só não foi menor porque o dólar desabou nos dois últimos pregões de março. Se o mês tivesse terminado na terça-feira (29), a oscilação no trimestre teria sido de apenas 4 centavos.

O recorde anterior era de 2007 (sempre comparando o primeiro trimestre de cada ano), quando a banda de flutuação foi de 10 centavos. O cenário mais "estressante" foi em 2003, primeiro ano do governo Lula, quando a amplitude foi de 38 centavos. Isso, é claro, sem contar o ano de 1999, que sofreu a maxidesvalorização no primeiro trimestre, gerando uma amplitude incrível de 95 centavos.

É importante lembrar que amplitude não é sinônimo de volatilidade, mas de alguma forma indica se o período foi calmo ou turbulento em termos econômicos e financeiros. Outro ponto que precisa ser destacado é que muitos investidores veem oportunidades de ganhos quando o mercado cambial vive momentos de fortes altas e baixas. Portanto, afirmar que uma baixa amplitude é algo positivo ou negativo depende do ponto de vista do interessado. Para o setor produtivo, por exemplo, a previsibilidade cambial é fundamental para os negócios.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, diz que a calmaria no primeiro trimestre deste ano é fruto das dúvidas que ainda existem em relação à economia mundial. "Incerteza gera cautela por parte do investidor, reduzindo a volatilidade cambial. Muitos investidores ainda estão se recuperando da crise e preferem colocar o dinheiro em produtos conservadores a entrar em aventuras com derivativos."

Dólar barato

O levantamento da agência de classificação de risco constatou também que o dólar PTAX encerrou o trimestre com a menor cotação média (R$ 1,667) desde a maxidesvalorização cambial. O recorde anterior tinha sido em 2008, quando a moeda americana teve cotação média de R$ 1,738 no período de janeiro a março.

Inicialmente, o ano de 1999 não fazia parte do estudo porque misturou o sistema de câmbio fixo com o de câmbio flutuante, o que poderia gerar distorção nos cálculos. No entanto, a Austin Rating incluiu os dados do primeiro trimestre de 1999 e constatou uma cotação média de R$ 1,772, valor superior ao de 2008 e ao de 2011.


Alex Agostini diz que o balanço final entre cotação baixa e amplitude pequena acaba sendo favorável para os exportadores. "É claro que o dólar barato é ruim para o exportador, mas a previsibilidade (baixa oscilação) permite ao empresário calcular seus ganhos ou perdas diante do atual quadro cambial e tomar decisões. Em 2003, por exemplo, com tantas oscilações, o horizonte de planejamento era muito curto."

Há ainda um outro "consolo" para o setor produtivo. "O câmbio valorizado ajuda a controlar a inflação, o que exije menos elevações de juros pelo Banco Central. Isso, na prática, significa um custo menor de capital de giro. Em resumo, se o exportador perde no câmbio, ganha no financiamento", explica Agostini.

Quanto ao fato de o Brasil continuar atraindo recursos do exterior, o economista diz que isso acontece basicamente por dois motivos. "Os juros pagos pelo Tesouro são altos e os resultados das empresas brasileiras no primeiro trimestre foram positivos."

A cotação média e a amplitude do dólar só não foram menores porque o Banco Central estabeleceu um piso informal de R$ 1,65 (patamar rompido nos últimos pregões). "Se o Banco Central não tivesse feito inúmeras intervenções no câmbio, a taxa estaria abaixo de R$ 1,50 há muito tempo", afirma Alex Agostini.

Fonte: Austin Rating
PTAX (R$/US$) no 1º trimestre de cada anoMédiaMínimoMáximoAmplitude
19991,7721,2082,1650,957
20001,7741,7231,8540,131
20012,0161,9382,1620,223
20022,3802,2932,4690,176
20033,4913,2763,6620,387
20042,8952,8022,9880,186
20052,6692,5622,7620,200
20062,1972,1072,3460,239
20072,1092,0502,1560,105
20081,7381,6701,8300,160
20092,3112,1892,4220,233
20101,8001,7231,8770,155
20111,6671,6291,6910,063

* Tabela, gráficos e texto atualizados após fechamento do mercado

Austin Rating

(Austin Rating)

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São Paulo* - Um estudo feito pela agência de classificação de risco Austin Rating a pedido de EXAME.com mostra que o dólar PTAX (média diária das operações calculada pelo Banco Central) ficou oscilando dentro de uma banda de apenas 6 centavos entre janeiro e março deste ano. É a menor flutuação da moeda americana desde a implantação do sistema de câmbio flutuante, em 1999 ( ver tabela e gráficos na próxima página ).

A amplitude (nome técnico para a diferença entre a menor cotação e a maior cotação num período) só não foi menor porque o dólar desabou nos dois últimos pregões de março. Se o mês tivesse terminado na terça-feira (29), a oscilação no trimestre teria sido de apenas 4 centavos.

O recorde anterior era de 2007 (sempre comparando o primeiro trimestre de cada ano), quando a banda de flutuação foi de 10 centavos. O cenário mais "estressante" foi em 2003, primeiro ano do governo Lula, quando a amplitude foi de 38 centavos. Isso, é claro, sem contar o ano de 1999, que sofreu a maxidesvalorização no primeiro trimestre, gerando uma amplitude incrível de 95 centavos.

É importante lembrar que amplitude não é sinônimo de volatilidade, mas de alguma forma indica se o período foi calmo ou turbulento em termos econômicos e financeiros. Outro ponto que precisa ser destacado é que muitos investidores veem oportunidades de ganhos quando o mercado cambial vive momentos de fortes altas e baixas. Portanto, afirmar que uma baixa amplitude é algo positivo ou negativo depende do ponto de vista do interessado. Para o setor produtivo, por exemplo, a previsibilidade cambial é fundamental para os negócios.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, diz que a calmaria no primeiro trimestre deste ano é fruto das dúvidas que ainda existem em relação à economia mundial. "Incerteza gera cautela por parte do investidor, reduzindo a volatilidade cambial. Muitos investidores ainda estão se recuperando da crise e preferem colocar o dinheiro em produtos conservadores a entrar em aventuras com derivativos."

Dólar barato

O levantamento da agência de classificação de risco constatou também que o dólar PTAX encerrou o trimestre com a menor cotação média (R$ 1,667) desde a maxidesvalorização cambial. O recorde anterior tinha sido em 2008, quando a moeda americana teve cotação média de R$ 1,738 no período de janeiro a março.

Inicialmente, o ano de 1999 não fazia parte do estudo porque misturou o sistema de câmbio fixo com o de câmbio flutuante, o que poderia gerar distorção nos cálculos. No entanto, a Austin Rating incluiu os dados do primeiro trimestre de 1999 e constatou uma cotação média de R$ 1,772, valor superior ao de 2008 e ao de 2011.


Alex Agostini diz que o balanço final entre cotação baixa e amplitude pequena acaba sendo favorável para os exportadores. "É claro que o dólar barato é ruim para o exportador, mas a previsibilidade (baixa oscilação) permite ao empresário calcular seus ganhos ou perdas diante do atual quadro cambial e tomar decisões. Em 2003, por exemplo, com tantas oscilações, o horizonte de planejamento era muito curto."

Há ainda um outro "consolo" para o setor produtivo. "O câmbio valorizado ajuda a controlar a inflação, o que exije menos elevações de juros pelo Banco Central. Isso, na prática, significa um custo menor de capital de giro. Em resumo, se o exportador perde no câmbio, ganha no financiamento", explica Agostini.

Quanto ao fato de o Brasil continuar atraindo recursos do exterior, o economista diz que isso acontece basicamente por dois motivos. "Os juros pagos pelo Tesouro são altos e os resultados das empresas brasileiras no primeiro trimestre foram positivos."

A cotação média e a amplitude do dólar só não foram menores porque o Banco Central estabeleceu um piso informal de R$ 1,65 (patamar rompido nos últimos pregões). "Se o Banco Central não tivesse feito inúmeras intervenções no câmbio, a taxa estaria abaixo de R$ 1,50 há muito tempo", afirma Alex Agostini.

Fonte: Austin Rating
PTAX (R$/US$) no 1º trimestre de cada anoMédiaMínimoMáximoAmplitude
19991,7721,2082,1650,957
20001,7741,7231,8540,131
20012,0161,9382,1620,223
20022,3802,2932,4690,176
20033,4913,2763,6620,387
20042,8952,8022,9880,186
20052,6692,5622,7620,200
20062,1972,1072,3460,239
20072,1092,0502,1560,105
20081,7381,6701,8300,160
20092,3112,1892,4220,233
20101,8001,7231,8770,155
20111,6671,6291,6910,063

* Tabela, gráficos e texto atualizados após fechamento do mercado

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