Exame Logo

Distância do Congresso e da base pode atrapalhar Dilma

O abismo que a presidente cavou entre o governo e a base aliada é uma dificuldade para recuperar sua popularidade, que chegou ao menor nível desde 2011

A presidente Dilma Rousseff: desde a eleição, a desaprovação da presidente disparou (Joedson Alves/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2015 às 20h59.

Brasília - O abismo que a presidente Dilma Rousseff cavou entre seu governo e a base aliada é uma dificuldade adicional para recuperar sua popularidade, que chegou ao menor nível desde que assumiu em 2011, avaliaram fontes do governo ouvidas pela Reuters.

Pesquisa Datafolha divulgada no sábado mostrou que desde a eleição, a desaprovação da presidente disparou, com 44 por cento dos entrevistados apontando seu governo como ruim ou péssimo. Esse índice era de 24 por cento em dezembro. Apenas 23 por cento avaliam sua gestão como ótima ou boa. Antes, eram 42 por cento.

No Palácio do Planalto, já se estimava um abalo na popularidade da presidente após as eleições do ano passado, mas o que o núcleo mais próximo a Dilma não esperava era uma queda tão brusca como a apontada pela pesquisa.

"O governo ficou parado por causa da eleição das Mesas do Congresso. Agora, temos que começar a governar", disse uma fonte do governo à Reuters sob condição de anonimato.

Uma fonte do Palácio do Planalto, também sob condição de anonimato, concordou que o governo gastou energia demais com a sucessão no Congresso e isso só contribuiu para piorar as relações com os aliados. Além disso, a disputa fragmentou a bancada do PT na Câmara.

O governo se empenhou para tentar derrotar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), considerado um desafeto político, e com movimentos explícitos a favor do candidato derrotado do PT, Arlindo Chinaglia (PT-SP), colheu uma derrota retumbante, que fragilizou ainda mais a relação entre o Palácio do Planalto e a base aliada.

Pauta problemática e isolamento

E isso num contexto em que precisará de todo o apoio para passar medidas prioritárias no Congresso.

O governo tem pela frente o desafio de aprovar, num Legislativo pulverizado, com uma base estremecida e uma oposição mais forte, duas medidas provisórias (MPs) contendo os ajustes nas regras para acesso a pensões por morte e a seguro-desemprego e abono salarial, além de medida que eleva as alíquotas de PIS/Pasep e Cofins sobre a importação de mercadorias, propostas tidas como impopulares.

A pauta problemática inclui ainda o Orçamento para este ano, proposta para o reajuste do salário mínimo, a prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU) – mecanismo que permite ao governo remanejar livremente 20 por cento do que arrecada e tem seu prazo encerrado em dezembro de 2015 --, e a reforma política, bandeira do momento martelada por políticos dos mais variados espectros ideológicos.

O governo corre ainda o risco de ver, em sessão do Congresso Nacional prevista para a primeira terça-feira após o Carnaval, a derrubada do veto presidencial a projeto que previa um reajuste de 6,5 por cento na tabela do Imposto de Renda para pessoas físicas, caso não envie proposta com correção de 4,4 por cento.

Na avaliação da fonte do Planalto, o discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta-feira, em Belo Horizonte, durante as comemorações de 35 anos de fundação do PT, deve servir como linha guia para o governo nesse momento de baixa popularidade. Lula pediu que os petistas deixassem as diferenças de lado e se unissem para defender o governo.

Um peemedebista afirmou, porém, que o problema não está restrito ao PT. Na avaliação dele, a presidente está se isolando politicamente, tanto do PT como dos aliados.

"Há uma desconexão da presidente com seu suporte político. E há equívocos na condução política. Ela está se isolando", criticou.

Esse aliado lembrou que quando Lula enfrentou seu pior momento político, durante a eclosão do escândalo do mensalão, em 2005, recorreu aos aliados e costurou acordos políticos que lhe garantiram a reeleição.

"Quem tem que dar esse comando é a presidente. O PMDB está disposto a ajudar, mas não pode fazer nada sem a presidente dar esse start", analisou o peemedebista.

Distância do Congresso e da base pode atrapalhar Dilma a recuperar popularidade no momento em que mais precisa de apoio e união.

São Paulo – A derrota da presidente reeleita Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados na semana passada pode ser uma amostra do que ela terá que encarar nos próximos anos. Se depender dos números das urnas, o Brasil terá um legislativo mais fragmentado a partir de 2015. Hoje, 22 partidos têm uma cadeira na Câmara dos Deputados. Em janeiro, 28 legendas estarão presentes na Casa. Tendo em vista a coligação do PT na campanha presidencial, Dilma manterá a maioria no Câmara. Mas a tendência é que, com tantos partidos, a presidente tenha mais dificuldade para aprovar projetos na Casa – a exemplo do que aconteceu na semana passada. Veja outros números que mostram o perfil dos novos deputados federais.
  • 2 /11(EXAME.com)

  • Veja também

  • 3 /11(Juliana Pimenta/EXAME.com)

  • 4 /11(Exame.com/Montagem)

  • 5 /11(EXAME.com)

    null
  • 6 /11(EXAME.com)

  • 7 /11(Juliana Pimenta/EXAME.com)

  • 8 /11(EXAME.com)

  • 9 /11(Exame.com/Montagem)

  • 10 /11(EXAME.com)

  • 11 /11(EXAME.com)

  • Acompanhe tudo sobre:CongressoDilma RousseffGovernoGoverno DilmaPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

    Mais lidas

    exame no whatsapp

    Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

    Inscreva-se

    Mais de Brasil

    Mais na Exame