Brasília - A presidente Dilma Rousseff iniciará uma contraofensiva para recuperar sua popularidade num mês carregado de adversidades. Até o fim de agosto, o Congresso volta a trabalhar com uma pauta recheada de projetos que impactam as finanças federais, o Tribunal de Contas da União (TCU) analisa as "pedaladas fiscais" e uma série de manifestações pelo impeachment estão programadas para tomar as ruas do País. O Planalto traçou para Dilma um roteiro de viagens e cerimônias para relembrar à população os programas bem-sucedidos de seu primeiro mandato, a exemplo do Minha Casa, Minha Vida e do Mais Médicos , além de usar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro como uma das vitrines de sua segunda gestão.
Nos próximos dias, Dilma faz um evento no Palácio do Planalto para comemorar os dois anos do Mais Médicos. Apesar de toda a polêmica envolvendo a vinda dos médicos cubanos para preencher vagas não requisitadas por brasileiros, o programa agradou à população, especialmente em locais em que o atendimento médico não chegava. Na quarta-feira, 5, viaja ao Rio de Janeiro para um novo evento alusivo às Olimpíadas, marcando a contagem regressiva de um ano para a realização do evento.
Dilma deve começar também nos próximos dias um tour pelo Nordeste, tendo como ponto de partida uma visita ao Maranhão, governado por Flávio Dino (PC do B), um dos principais governadores na linha de defesa do mandato da presidente. Em seguida será a vez de Bahia e Ceará. Região em que a presidente obteve a maior parte de seus votos na reeleição, o Nordeste não resistiu à crise econômica e a consequente queda de popularidade da presidente. Hoje, a reprovação de Dilma na região ultrapassa os 70%.
Apesar disso, a avaliação dos assessores mais próximos de Dilma é que ali será mais fácil para a presidente criar uma agenda positiva. Estão no Nordeste as obras com maior impacto social e que podem lembrar à população as boas coisas do governo. Dilma pediu aos ministros um mapeamento completo das obras que devem ser entregues nas próximas semanas para que possa participar, sempre que possível, das inaugurações.
A intenção do Planalto é que a presidente amplie consideravelmente as viagens pelo Brasil. Ao jornal O Estado de S.Paulo, um auxiliar dela disse que Dilma "precisa" viajar mais, "olhar no olho do povo", "repactuar a relação de amor com a população".
Além das viagens, Dilma deve intensificar a presença nas redes sociais com a publicação de vídeos ao longo das próximas semanas. No primeiro, já divulgado, a presidente cumprimentou os atletas do Pan-Americano pelas medalhas conquistadas. Outros incluem uma fala sobre o programa de proteção do emprego e um terceiro, uma mensagem de otimismo com os rumos da economia. A ideia é que seja postado, em média, um vídeo por semana, para evitar a saturação da imagem da presidente.
Churrasco
Nesta segunda-feira, 3, Dilma receberá líderes e presidentes da base aliada no Congresso, para um churrasco. A intenção é marcar uma reaproximação, ainda que complicada, com os parlamentares, em uma tentativa de evitar a ampliação das pautas-bomba e minimizar poder de persuasão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. A primeira estratégia, obter apoio dos Estados, teve sucesso. Na quinta-feira, 30, depois de uma reunião de quase quatro horas, a única promessa dos governadores foi a de acionar suas bancadas para desarmar as bombas fiscais.
Na manhã desta segunda-feira, 3, durante a reunião de coordenação política, a presidente vai cobrar de seus auxiliares atenção redobrada com a tramitação de matérias que tenham impacto nas contas públicas.
Com o fim do recesso parlamentar, o governo prepara suas armas para tentar barrar os avanços de temas que podem aumentar os gastos públicos, como o reajuste do Ministério Público, a criação de um piso nacional para policiais e bombeiros e a mudança no índice de atualização do FGTS. Segundo um auxiliar palaciano, a eventual aprovação dessas matérias representaria uma perda ainda maior de prestígio da presidente, que já se viu obrigada a vetar o reajuste do judiciário. Para pacificar a base aliada e evitar novas traições, o governo decidiu acelerar a liberação de emendas e a composição do segundo e terceiro escalões, que deve ser concluída em meados de agosto.
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1/19 (Ueslei Marcelino/Reuters)
São Paulo - Os brasileiros confiam mais nos
bombeiros, nos
sindicatos e nos
bancos do que nos políticos que comandam sua cidade ou país. A constatação faz parte de uma pesquisa realizada anualmente e divulgada hoje pelo Ibope Inteligência. Do ano passado para cá, o prestígio de todas as instituições ligadas ao universo político caiu. De longe, é a imagem da presidente
Dilma Rousseff que mais sofreu. Numa escala em que 0 é desconfiança total e 100 é confiança plena, a presidência da República passou de 44 pontos em 2014 para 22 neste ano. Se em 2009, o comando do Executivo aparecia na 5° colocação de instituições com maior credibilidade, hoje está no 17° lugar - a antepenúltima posição. O Congresso Nacional aparece empatado com a presidente, com os mesmos 22 pontos. Esta é, no entanto, a primeira vez, em sete anos, que um presidente não é visto pela população como mais confiável do que o Congresso.
Os mais confiáveis No topo da lista dos mais confiáveis está o Corpo de Bombeiros, que ocupa essa posição há, pelo menos, sete anos. Em segundo lugar, aparecem as igrejas, seguidas pelas Forças Armadas e pelos meios de comunicação. Navegue pelas fotos e veja em que os brasileiros mais confiam e a nota dada para cada instituição. É possível ver como esse número varia dependendo da idade, da classe social, da região ou da religião. Os dados são da pesquisa Índice de Confiança Social de 2015, realizada de 16 a 22 de julho de com 2002 pessoas em 142 municípios brasileiros.
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2. 1° Corpo de Bombeiros - 81 pontos
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2/19 (REUTERS/Ueslei Marcelino)
O Corpo de Bombeiros foi apontado pelos entrevistados como a instituição com maior credibilidade. O nível de confiança varia, sendo mais alto nas classes A e B.
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3. 2° Igrejas - 71 pontos
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3/19 (Thinkstock)
O nível de confiança do brasileiro nas igrejas é maior entre os evangélicos e entre a população das classes D e E.
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4. 3° Forças Armadas - 63 pontos
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4/19 (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Homens confiam mais nas Forças Armadas do que as mulheres. O índice de confiança também é maior para a população de 16 a 24 anos.
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5. 4° Meios de comunicação - 59 pontos
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5/19 (Thinkstock)
Os habitantes das regiões Norte e Centro-Oeste são os que mais confiam nos meios de comunicação, assim como a população que faz parte das classes D e E.
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6. 5° Escolas públicas - 57 pontos
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6/19 (Thinkstock)
O maior índice de confiança nas escolas públicas vem dos habitantes da região Sul. A nota também é maior entre a população mais jovem.
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7. 6° Empresas - 53 pontos
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7/19 (Julia Carvalho/EXAME.com)
A confiança nas empresas varia pouco, mas é maior entre os jovens e os habitantes do Sul.
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8. 7° Organizações da sociedade civil, como ONGS e movimentos sociais - 53 pontos
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8/19 (©AFP/Arquivo / Sergio Almeida)
Organizações da sociedade civil são vistas como mais confiáveis pelos jovens. O Nordeste é a região que dá o menor índice para as instituições: 50 pontos.
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9. 8° Polícia - 50 pontos
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9/19 (Wikimedia Commons)
A confiança na polícia é menor entre a população de 30 a 39 anos e na região Sul.
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10. 9° Bancos - 49 pontos
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10/19 (.)
O índice de confiança dos bancos é maior entre as pessoas de até 24 anos e entre a população das classes D e E.
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11. 10° Poder Judiciário - 46 pontos
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11/19 (Nelson Jr./SCO/STF)
A confiança no Poder Judiciário é maior nas classes D e E e nos habitantes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
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12. 11° Sindicatos - 41 pontos
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12/19 (Divulgação/ CUT Osasco)
Sindicatos são vistos como mais confiáveis por homens, jovens de 25 a 29 anos e pelas classes D e E.
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13. 12° Sistema público de saúde - 34 pontos
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13/19 (Agência Brasil)
No Norte e no Centro-Oeste, o sistema público de saúde recebe os menores índices de confiança.
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14. 13° Governo da cidade onde mora - 33 pontos
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14/19 (Wikimedia Commons)
Os governos municipais são vistos como mais confiáveis pelas classes D e E e pela população mais velha.
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15. 14° Sistema eleitoral - 33 pontos
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15/19 (José Cruz/Agência Brasil)
O sistema eleitoral é apontado como mais confiável nas classes D e E e na região Nordeste.
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16. 15° Governo Federal - 30 pontos
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16/19 (Roberto Stuckert Filho/PR)
O índice de confiança no Governo Federal é menor entre a classe A e entre a população do Sul.
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17. 16° Presidente da República - 22 pontos
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17/19 (AFP)
No caso da imagem do Presidente da República, o índice de confiança é maior entre a população maior de 50 anos e nas classes D e E.
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18. 17° Congresso Nacional - 22 pontos
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18/19 (Ueslei Marcelino/Reuters)
O Congresso Nacional tem o maior índice de confiabilidade na região Nordeste - onde é, inclusive, visto como mais confiável da que o Presidente - e nas classes D e E.
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19. 18° Partidos políticos - 17 pontos
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19/19 (Sergio Moraes/Reuters)
Os partidos políticos são as instituições com menor prestígio no país. A situação é pior na região Sul e para a população de 25 a 29 anos e de 40 a 49 anos.
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