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Dilma entra na reta final do impeachment com pouco fôlego

Não houve surpresa no resultado final da penúltima fase do processo de impeachment, mas saldo de votos mostra que tendência é desfavorável a Dilma


	Dilma Rousseff: votação no Senado coloca seu mandato por um fio
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Dilma Rousseff: votação no Senado coloca seu mandato por um fio (Ueslei Marcelino/Reuters)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 10 de agosto de 2016 às 06h00.

São Paulo – Não houve surpresa no resultado final da penúltima fase do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff (PT). A decisão do Senado de transformá-la em ré e garantir o julgamento final da ação já era dada como certa há algum tempo.

O que não estava definido, até as vésperas da votação, era qual seria a magnitude da derrota da petista. Mas o saldo da maratona de votações desta madrugada traz um recado claro: a tendência é, realmente, desfavorável para a presidente afastada Dilma. 

Bastava a maioria simples dos votos do plenário para garantir a continuidade do processo. Mas o governo interino conseguiu mais do que isso.

Por volta da 1h desta quarta-feira, com 59 votos a favor e 21 contra, o plenário da Casa aprovou o parecer do senador Antonio Anastasia (PSDB) e transformou a presidente afastada em ré. 

Em outros termos, se nenhum senador mudar seu voto no julgamento final, a Casa já teria mais do que o necessário para impedir o mandato da presidente afastada. Vale lembrar: para que o processo seja levado a cabo, é necessário que 2/3 (54 votos) dos senadores o aprovem.

Para analistas ouvidos por EXAME.com, o resultado de hoje sinaliza que as chances da petista reverter o impeachment são, de fato, remotas.

A expectativa é de que a petista apresente hoje uma carta à nação em que propõe a convocação de novas eleições presidenciais. Apesar do elevado apoio popular à ideia, o anúncio do compromisso, contudo, chega tarde.

“Ela perdeu o timing, inclusive porque tem essa questão das Olimpíadas. Se tivesse divulgado antes, poderia ter tido outra repercussão”, afirma Marcelo Issa, da Pulso Público.

Passados oito meses desde o acolhimento do pedido de impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados, a impressão que se tem é de que as forças da defesa da presidente afastada estão chegando ao seu limite — se é que já não se esgotaram. 

Tanto que o cenário nas vésperas da sessão que decidiu o julgamento de petista era bem diferente do que o observado nos dias que antecederam à votação na Câmara, em março, quando aliados de Dilma e oposição disputavam voto a voto o apoio dos parlamentares.

Para EXAME.com, o senador Humberto Costa (PT-PE) foi categórico ao afirmar que o PT “não jogou a toalha”. Segundo ele, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve chegar à Brasília (DF) nesta quarta-feira para se reunir com deputados e senadores com o intuito de reverter a previsão negativa.  

No entanto, na visão de Thiago Vidal, da Prospectiva, o esforço pode ser nulo uma vez que “o processo em si já está consolidado”, diz.

Nesse contexto, a única tábua de salvação para o mandato de Dilma Rousseff seria algum escândalo que desestabilizasse o governo interino de Michel Temer pelos próximos 15 dias — como a divulgação do conteúdo da delação de Marcelo Odebrecht que, segundo relatos, traz referências ao peemedebista.

Segundo os analistas, essa hipótese dependeria ainda de uma mobilização popular forte o suficiente para alterar os rumos das decisões no Congresso — cenário que, de acordo com eles, também é remoto. 

Veja também: Dilma será julgada. O que acontece agora? 

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