Desembargador sugere que crime organizado financia a mídia
O desembargador que absolveu os PMs no massacre do Carandiru insinuou que a imprensa é financiada pelo crime organizado
Da Redação
Publicado em 5 de outubro de 2016 às 13h25.
São Paulo - Uma semana após votar pela absolvição dos 74 PMs acusados pelo massacre de 111 presos no Carandiru, em 1992, o desembargador Ivan Sartori, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), criticou a cobertura dos jornais sobre o caso em seu perfil no Facebook e insinuou que parte da imprensa e das organizações de direitos humanos é financiada pelo crime organizado.
O julgamento que condenou os policiais foi anulado pelo TJ-SP no dia 27 de setembro.
"Diante da cobertura tendenciosa da imprensa sobre o caso Carandirú [sic], fico me perguntando se não há dinheiro do crime organizado financiando parte dela, assim como boa parte das autodenominadas organizações de direitos humanos. Note-se que o voto (decisão) foi mandado para os órgãos de imprensa e ninguém se dignou a comentá-lo em sua inteireza. Estão lá todas as explicações da anulação e tese da absolvição", afirma Sartori.
O post foi publicado pelo desembargador na tarde desta terça-feira, 4, com o título "Quando a Imprensa é Suspeita". No texto, Sartori defende sua decisão e critica também o trabalho de acusação do Ministério Público.
"A Justiça não pode fazer milagre quando lhe é apresentado um trabalho acusatório absolutamente falho. Que pode algum assassino ter agido ali no meio dos policiais, não se nega. Eu sempre ressalvei isso. Mas, qual é ou são eles? Esse o problema. O Ministério Público não individualizou. Preferiu denunciar de 'baciada', como disse um dos julgadores", escreve o desembargador.
Em post anterior, publicado no domingo, 2, o desembargador dirige suas críticas diretamente ao jornal O Estado de S. Paulo, que publicou reportagem no dia 29 de setembro mostrando que ele decidiu mandar para a cadeia um réu que havia furtado cinco salames. O homem alegava estar com fome, mas o magistrado rechaçou o argumento e afirmou que deixar o acusado solto era um risco para a sociedade.
"Vejam até que ponto chega a irresponsabilidade desse jornal. Uma manchete tendenciosa, em matéria totalmente irrelevante. Mas, lá no meio de toda barafunda, acaba-se vislumbrando a razão da condenação. Absolutamente correta. Finalidade da reportagem: tentar destruir a biografia deste desembargador. Esse periódico é especialista nisso, por sinal. Não é sério. Pena que não há o que breque essa senda criminosa. A Justiça tem tolerado isso. Eu mesmo já perdi uma ação contra esse jornal", escreve Sartori.
Discussão
Na semana passada, o desembargador já havia discutido com usuários do Facebook que criticaram sua decisão. O magistrado votou pela absolvição dos policiais, no dia 27, mas seus colegas optaram por anular os cinco júris que condenaram os Pms.
A decisão foi duramente criticada por organizações nacionais e internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo a entidade, a anulação "manda uma mensagem preocupante de impunidade".
São Paulo - Uma semana após votar pela absolvição dos 74 PMs acusados pelo massacre de 111 presos no Carandiru, em 1992, o desembargador Ivan Sartori, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), criticou a cobertura dos jornais sobre o caso em seu perfil no Facebook e insinuou que parte da imprensa e das organizações de direitos humanos é financiada pelo crime organizado.
O julgamento que condenou os policiais foi anulado pelo TJ-SP no dia 27 de setembro.
"Diante da cobertura tendenciosa da imprensa sobre o caso Carandirú [sic], fico me perguntando se não há dinheiro do crime organizado financiando parte dela, assim como boa parte das autodenominadas organizações de direitos humanos. Note-se que o voto (decisão) foi mandado para os órgãos de imprensa e ninguém se dignou a comentá-lo em sua inteireza. Estão lá todas as explicações da anulação e tese da absolvição", afirma Sartori.
O post foi publicado pelo desembargador na tarde desta terça-feira, 4, com o título "Quando a Imprensa é Suspeita". No texto, Sartori defende sua decisão e critica também o trabalho de acusação do Ministério Público.
"A Justiça não pode fazer milagre quando lhe é apresentado um trabalho acusatório absolutamente falho. Que pode algum assassino ter agido ali no meio dos policiais, não se nega. Eu sempre ressalvei isso. Mas, qual é ou são eles? Esse o problema. O Ministério Público não individualizou. Preferiu denunciar de 'baciada', como disse um dos julgadores", escreve o desembargador.
Em post anterior, publicado no domingo, 2, o desembargador dirige suas críticas diretamente ao jornal O Estado de S. Paulo, que publicou reportagem no dia 29 de setembro mostrando que ele decidiu mandar para a cadeia um réu que havia furtado cinco salames. O homem alegava estar com fome, mas o magistrado rechaçou o argumento e afirmou que deixar o acusado solto era um risco para a sociedade.
"Vejam até que ponto chega a irresponsabilidade desse jornal. Uma manchete tendenciosa, em matéria totalmente irrelevante. Mas, lá no meio de toda barafunda, acaba-se vislumbrando a razão da condenação. Absolutamente correta. Finalidade da reportagem: tentar destruir a biografia deste desembargador. Esse periódico é especialista nisso, por sinal. Não é sério. Pena que não há o que breque essa senda criminosa. A Justiça tem tolerado isso. Eu mesmo já perdi uma ação contra esse jornal", escreve Sartori.
Discussão
Na semana passada, o desembargador já havia discutido com usuários do Facebook que criticaram sua decisão. O magistrado votou pela absolvição dos policiais, no dia 27, mas seus colegas optaram por anular os cinco júris que condenaram os Pms.
A decisão foi duramente criticada por organizações nacionais e internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo a entidade, a anulação "manda uma mensagem preocupante de impunidade".