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Delta, Bain e FT retiram patrocínio de evento de homenagem a Bolsonaro

Premiação da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos da "personalidade do ano" já teve que mudar de local após cancelamento do Museu de História Natural

Jair-Bolsonaro---EUA (Erin Scott/Reuters)

Jair-Bolsonaro---EUA (Erin Scott/Reuters)

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Clara Cerioni

Publicado em 2 de maio de 2019 às 16h33.

Última atualização em 3 de maio de 2019 às 11h37.

São Paulo — A companhia aérea Delta Airlines, a consultoria Bain & Company e o jornal Financial Times cancelaram o patrocínio do evento da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos que homenageará o presidente Jair Bolsonaro como a "personalidade do ano".

A cerimônia, marcada para acontecer em 14 de maio no Hotel Marriott Marquis, em Nova York, tem sido alvo de protestos por ativistas de direitos humanos.

Eles questionam as declarações homofóbicas de Bolsonaro ao longo de sua carreira, assim como suas posições em relação às comunidades indígena e negra e as medidas na área do meio ambiente propostas por seu governo.

Além de Bolsonaro, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, também receberá a honraria. Desde 1969, a Câmara de Comércio premia uma personalidade brasileira e outra americana em seu jantar para mais de mil convidados, com entradas ao preço individual de 30.000 dólares, que estão esgotadas.

A Delta não quis comentar os motivos da sua decisão. Já a Bain & Company disse que não toma posições políticas e que a decisão não foi desta natureza, mas destacou seu compromisso com a diversidade e com a comunidade LGBT.

Dentre as empresas que patrocinam ao evento estão os bancos Itaú BBA, Bradesco, HSBC, Citigroup, JP Morgan, UBS, BNP Paribas, Santander e Bank of New York Mellon, assim como a Forbes Brasil, segundo listagem feita pela GLAAD, uma das principais organizações LGBT americanas, com base em um link oficial do evento que depois foi retirado do ar.

EXAME entrou em contato com as principais empresas mencionadas. O JP Morgan e o BNP Paribas confirmam que mantém seus patrocínios, assim como a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). 

A assessoria do Santander entrou em contato com a reportagem para afirmar que o banco nunca fez parte dos patrocinadores, apesar de estar citado nas listas.

O Bradesco afirma, por meio de sua assessoria, que "desde os anos 1980, participa do evento da Câmara de Comércio EUA-Brasil, em NY, com a compra de uma mesa."

O UBS afirma, por meio de sua assessoria, que participa do jantar há 12 anos com o objetivo de promover o comércio entre os dois países e que nunca teve qualquer envolvimento com a seleção dos homenageados.

O BNY Mellon diz, por meio de assessoria, que o Brasil é um mercado importante para seus negócios e que está comprometido a servir seus clientes "incluindo através da sua relação de longa data com a Câmara de Comércio", destacando também que está comprometida com a diversidade, com os direitos humanos e com o avanço dos direitos LGBT no Brasil e em todos os lugares do mundo.

A matéria será atualizada assim que novos posicionamentos forem recebidos.

Na tarde desta terça-feira, a hashtag #CancelBolsonaro ficou em primeiro lugar nos Trending Topics do Twitter, onde são destacados os temas com maior repercussão.

O senador democrata Brad Hoylan, que é homossexual, pediu ontem que o Marriott também cancele o evento:

Polêmicas

Anunciada em 8 de abril deste ano, a premiação já se envolveu em alguns reveses. A princípio, o evento aconteceria no Museu de História Natural de Nova York, mas a administração do espaço cancelou a cerimônia após a repercussão negativa.

No cancelamento, o museu afirmou que gostaria de “deixar claro que não convidou o presidente Bolsonaro; ele foi convidado como parte de um evento externo”.

A instituição também agradeceu “às pessoas que expressaram sua opinião sobre o evento” e disse estar “profundamente” preocupado “com os objetivos declarados da atual administração brasileira”.

Na ocasião, o espaço foi pressionado por representantes indígenas para não sediar a celebração. Eles denunciaram, em publicação no jornal Le Monde, que a política ambiental de Bolsonaro os deixa às portas de “um apocalipse”.

Logo depois, o Cipriani Hall, em Wall Street, também se recusou a sediar o evento. Por trás das decisões esteve a forte pressão do prefeito democrata da cidade, Bill de Blasio. Ele descreveu Bolsonaro como "um homem perigoso" e agradeceu o museu.

“Jair Bolsonaro é um homem perigoso. Seu racismo evidente, sua homofobia e decisões destrutivas terão um impacto devastador no futuro do nosso planeta. Em nome de nossa cidade, obrigado Museu de Nova York por cancelar este evento”, escreveu.

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