Datafolha: 88% dos moradores de São Paulo são favoráveis ao uso de câmeras corporais pela polícia
Para a maioria dos entrevistados, a principal contribuição da medida seria a redução da violência
Agência de notícias
Publicado em 18 de março de 2024 às 14h59.
Pesquisa Datafolha divulgada neste domingo, 17, mostrou que 88% dos moradores da cidade de São Paulo são favoráveis a policiais usarem câmeras em seus uniformes. Para a maioria dos entrevistados, a principal contribuição seria na redução da violência, e oito em cada 10 responderam que os equipamentos devem ser usados por todos os agentes, sem exceções.
A pesquisa entrevistou 1.090 pessoas entre os dias 7 e 8 de março deste ano. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O instituto usou, nas entrevistas, a pergunta: "Você é a favor ou contra o uso de câmeras nos uniformes de policiais para que todas as suas ações durante o horário de trabalho sejam filmadas?"
O resultado foi apoio o de 88% dos entrevistados, enquanto apenas 8% foram contrários às câmeras, e 3% responderam que são indiferentes em relação ao tema. O uso de câmeras corporais pela polícia de São Paulo começou em 2020, através do programa " Olho Vivo ".
Além da pergunta principal, o Datafolha também questionou outros pontos sobre o tema, para medir a percepção dos principais impactos com o uso das câmeras.
Principais respostas da pesquisa
Impedir a ação violenta de maus policiais:
Contribuiria muito: 82%
Contribuiria um pouco: 11%
Não contribuiria em nada: 5%
Não sabe: 1%
Diminuir a violência de forma geral:
Contribuiria muito: 71%
Contribuiria um pouco: 17%
Não contribuiria em nada: 11%
Diminuir a morte de policiais:
Contribuiria muito: 69%
Contribuiria um pouco: 16%
Não contribuiria em nada: 13%
Não sabe: 1%
Impedir a ação violenta de criminosos:
Contribuiria muito: 65%
Contribuiria um pouco: 20%
Não contribuiria em nada: 15%
Diminuir a morte de criminosos:
Contribuiria muito: 62%
Contribuiria um pouco: 20%
Não contribuiria em nada: 15%
Não sabe: 3%
Câmeras na Polícia
Nos últimos meses, o número de mortes em operações policiais vem crescendo em São Paulo. Por isso, o tema das câmeras corporais acirra o debate no estado, colocando em lados opostos especialistas em segurança pública que defendem a medida e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que reclamam da obrigatoriedade.
Durante a campanha eleitoral, em 2022, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), chegou a se dizer contra o uso das câmeras. Ao assumir o governo, ele ajustou o discurso e disse que estudava a ampliação da medida, mas cortes orçamentários tornaram o governo alvo de críticas de especialistas em segurança pública. Até o ano passado, havia 10.125 câmeras disponíveis, e em outubro foram cortados R$15 milhões da verba para o programa, 10% do total previsto.
A justiça chegou a determinar que policiais em atuação na Operação Escudo, na Baixada Santista, usassem câmeras corporais, mas a liminar foi suspensa. Deflagrada no ano passado após a morte de um policial, a Operação Escudo deixou mais de 30 mortes. O caso chegou ao STF, e o ministro Luís Roberto Barroso deu prazo para que o estado se manifestasse sobre o tema.