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Cunha pede cautela na citação de políticos na Lava Jato

Deputado Eduardo Cunha disse que os nomes de partidos e políticos mencionados em depoimentos da operação devem ser vistos com cautela

Eduardo Cunha (PMDB-SP): "[Os nomes] estão citados sem contexto. Tem que se mostrar em que contexto estão" (Gustavo Lima/Câmara dos Deputados)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de dezembro de 2014 às 16h19.

Rio de Janeiro -Candidato à presidência da Câmara dos Deputados , o vice-líder do PMDB na Casa, deputado Eduardo Cunha (RJ), disse hoje (19) que devem ser vistos com cautela os nomes de partidos e de políticos mencionados em depoimentos da Operação Lava Jato .

" [Os nomes] estão citados sem contexto. Tem que se mostrar em que contexto estão sendo citados, qual o tipo de citação, se é acusação, até para dar, a quem for citado ou acusado, o direito à defesa", disse, durante lançamento da candidatura no Rio de Janeiro. "Nâo me cabe fazer qualquer tipo de comentário nem julgamento prévio", ressaltou, cauteloso.

De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa listou, em delação premiada, oito nomes do PMDB, envolvidos no esquema de fraudes na Petrobras, como o dos presidentes da Câmara e do Senado, Henrique Eduardo Alves (RN) e Renan Calheiros (AL), respectivamente. Paulo Roberto citou, ao todo, dez nomes do PP, oito do PT, um do PSB e um do PSDB, sendo sete senadores e 11 deputados federais.

Perguntado se defenderia a cassação do mandato dos políticos com participação comprovada no esquema, Cunha esclareceu que o presidente da Câmara não tem esse papel. "Para cassar alguém, há um rito regimental", declarou, lembrando que o processo passa pelo Conselho de Ética e por votação no plenário.

"Não tem questão de pessoalmente [opinião pessoal]. Eu tenho que me expressar como candidato à presidência da Câmara, não posso aqui confundir o papel que vou exercer com minha posição de deputado", acrescentou.

A lista do ex-diretor da Petrobras inclui também ex-governadores como Sérgio Cabral (PMDB-RJ), sucedido por Luiz Eduardo Pezão (PMDB), que foi vice-governador nas duas gestões de Cabral e eleito, em outubro, para chefiar o Executivo fluminense, de 2015 a 2018.

Presente à cerimônia, Pezão também disse que é preciso "ter tranquilidade" com a divulgação dos nomes. "As pessoas citam os nomes das outras (...) Procurei ler a matéria e ela não fala em valores, quantias. Então, temos que tomar cuidado e dar o direito de as pessoas se defenderem", avaliou.

"Estive sete ano e quatro meses ao lado do Sérgio [Cabral], e em nenhum momento vi pedido de indicação para a diretoria da Petrobras ou de presidência. Então, tem que ter tranquilidade", completou.

O jornal O Estado de S.Paulo, que obteve os nomes da delação premiada com exclusividade, também menciona, entre os envolvidos, o governador reeleito do Acre, Tião Viana (PT), a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), e o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), já falecido.

Na delação, Paulo Roberto Costa diz que pessoas recebiam repasses de cerca de R$ 1 milhão, com frequência, e que o dinheiro foi usado nas campanhas.

Além de políticos do PMDB fluminense, também participaram do lançamento da campanha de Eduardo Cunha à presidência da Câmara dos Deputados a líder do PTB, Cristiane Brasil, o ex-candidato à Presidência da República pelo PSC, Pastor Everaldo, e o senador Francisco Dornelles (PP), em fim da mandato.

São Paulo – Aos 42 anos, o juiz federal Sérgio Fernando Moro é o principal nome por trás dos feitos históricos e, por vezes, polêmicos do processo envolvendo a Operação Lava Jato – que investiga suposto esquema de corrupção na Petrobras . Deflagrada em março de 2014, a operação mirava, em um primeiro momento, desmantelar uma teia de lavagem de dinheiro estimada em 10 bilhões de reais. As investigações apontaram o envolvimento de executivos da Petrobras no esquema. Veja 6 respostas sobre a Operação Lava Jato.  No mesmo mês, o doleiro Alberto Yousseff e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foram presos. Um dos principais especialistas em lavagem de dinheiro do país, Moro já havia julgado Yousseff no passado durante o processo do caso Banestado. Na época, o juiz condenou 97 pessoas envolvidas no desvio de 28 bilhões de reais para o exterior. O doleiro da Lava Jato estava entre eles. Durante os últimos 16 meses de investigações, Moro colecionou práticas consideradas necessárias para uns ou questionáveis para outros (principalmente, para os defensores dos acusados), como o uso da delação premiada e a divulgação de alguns depoimentos. Em um seminário no Rio de Janeiro na útlima quinta-feira, ele negou ser herói nacional. Discreto, tende a não revelar muitos detalhes da sua vida pessoal. A esposa dele seria assessora jurídica de Flávio José Arns (PSDB), vice-governador do estado do Paraná, de acordo com informações do blog Conversa Afiada.  Moro é um dos três indicados pela Associação dos Juízes Federais do Brasil para ocupar o lugar de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal. Em 2012, durante o julgamento do mensalão, foi juiz instrutor do Supremo Tribunal Federal como auxiliar da ministra Rosa Weber. Professor de Direito Processual Penal Universidade Federal do Paraná, Moro concluiu o Program of Instruction for Lawyers da Universidade de Harvard e é doutor em Direito pela UFPR.
Veja nas imagens algumas frases que revelam o pensamento do juiz.
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