Crítico de ladrão deve entrar na política, diz Lula
Proibido pela Justiça de receber o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Lula participou de atos públicos na cidade
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de agosto de 2017 às 09h57.
Cruz das Almas - Condenado a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Lava Jato no caso do triplex do Guarujá, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira, 18, no segundo dia da caravana ao Nordeste, que, se o cidadão não quiser ser governado por "ladrão", deve ele mesmo entrar na política.
"Quando você disser que o Lula é ladrão, que o deputado tal é ladrão, que o prefeito tal é ladrão, quando todo mundo for ladrão e ninguém prestar, ainda assim você vai ter que tomar uma decisão que é a de entrar na política. Porque o político honesto que vocês querem está dentro de vocês", disse o ex-presidente em palestra com ares de comício na 4.ª Jornada da Juventude em Cruz das Almas.
Proibido pela Justiça de receber o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Lula participou de dois atos públicos na cidade. O primeiro, na entrada da universidade, foi organizado às pressas para preencher o buraco na agenda da caravana. Antes, visitou a universidade fundada em 2006, no final de seu primeiro governo, e foi recebido pela direção, professores e funcionários que lhe presentearam com a escultura de uma machadinha de Xangô, o orixá guerreiro do candomblé.
O segundo foi a palestra na Jornada da Juventude. Para evitar problemas com a Justiça Eleitoral, o prefeito de Cruz das Almas, Orlandinho (PT), tratou de dizer que aquilo não se tratava de campanha antecipada nem uso eleitoral da máquina municipal. "Não usamos nem a luz, só usamos o som, e se reclamarem fazemos uma vaquinha e pagamos o som", disse o prefeito.
Lula tentou se ater ao tema da palestra que era "juventude e política". "Às vezes você xinga um político de ladrão e nem lembra que votou nele", disse.
O ex-presidente voltou a fazer referências a Tiradentes e se disse injustiçado por causa da condenação. "Por que me perseguem tanto? Acho que é por termos conseguido fazer com que o povo brasileiro possa ter o sonho de uma vida melhor", afirmou.
Plano B
Em entrevista a uma rádio em Salvador, Lula afirmou que o ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT) e o atual, Rui Costa (PT), são potenciais candidatos à Presidência em 2018, caso ele não possa concorrer. Não é a primeira vez que Lula cita possíveis nomes do PT se seu registro de candidatura for cassado.
"A gente tem Wagner, que tem um pedigree político como ninguém tem nesse País. O cara que acabou com o carlismo se elegeu duas vezes. Tem Rui, que está indo maravilhosamente bem. Então, na hora que for necessário, a gente escolhe", disse.
Além dos dois nomes citados, o ex-presidente já apontou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como um possível candidato em 2018. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.