O rio Guandu, que dá nome à estação de tratamento de água, é a principal fonte de abastecimento da estação (Guilherme B Alves/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 7 de fevereiro de 2015 às 11h09.
Rio de Janeiro - Apesar dos problemas enfrentados pelo estado vizinho de São Paulo, o Rio de Janeiro, por enquanto, não tem motivos para se preocupar com o fornecimento de água para os moradores da segunda maior cidade do país, segundo informou nesta sexta-feira a Cedae, a companhia de águas do estado, que não mudou a rotina daquela que é considerada pelo livro dos recordes como a maior estação de tratamento de água do planeta, a de Guandu.
A estação, localizada ao oeste da cidade, no município vizinho de Nova Iguaçu, na baixada fluminense, tem capacidade de produzir até 45 m3/segundo, volume considerado suficiente para abastecer os 9 milhões de habitantes que vivem na porção oeste do conjunto de municípios que fazem parte da região metropolitana do Rio.
O presidente da companhia, Jorge Briard, explicou durante entrevista coletiva nesta sexta-feira que o sistema de abastecimento de água do Rio de Janeiro é "completamente diferente" do de São Paulo, o mais afetado pela crise hídrica na região Sudeste do país.
"São Paulo pega (água) de reservatórios, o Rio de Janeiro pega dentro de um corpo hídrico que é um rio, diretamente", acrescentou Briard.
O executivo lembrou que a região Sudeste do Brasil sofre "uma crise hídrica como nunca foi vista". "É evidente, está nos jornais", comentou Briard.
"Basta abrir o site do Operador Nacional do Sistema (elétrico), o ONS, que vai se ver os níveis de reservatório e se acompanhando as curvas de 20 anos para cá, 30 anos. Vocês vão ver que foi uma curva "descendente" de 2014 e 2015 até agora", afirmou o presidente de Cedae.
Diante de uma situação delicada que ainda não exige medidas extremas no Rio de Janeiro, Briard comentou que a companhia de águas vai iniciar uma campanha mais enfática sobre o problema hídrico para "conscientizar as pessoas sobre o uso de forma correta".
"Não há necessidade de um plano de contingência hoje", garantiu o presidente da empresa, mas destacou que "se acontecer de a vazão (do rio Guandu) cair", será lançado "um plano de contingência" e a campanha de conscientização que hoje pode ser vista na televisão, por exemplo, "terá uma mudança de tom".
O rio Guandu, que dá nome à estação de tratamento de água, é a principal fonte de abastecimento da estação e, como consequência, de 9 milhões de pessoas atendidas por esse sistema.
Hoje, segundo os dados oferecidos pela Cedae, o rio tem um fluxo que ultrapassa os 92 m3/segundo. Desse total, 45 m3/segundo são captados pela estação. O restante segue para o mar.
"Pelas curvas de tendência e forma de administração do fluxo, é prematuro falar em turnos (fornecimento de água)", garantiu Briard.
Está justo na captação de água de um rio a principal diferença entre os sistemas paulista e fluminense. Enquanto São Paulo depende de reservatórios para equilibrar seus níveis de abastecimento, o Rio de Janeiro atua com a transposição de água de um rio para outro.
"O Paraíba do Sul transpõe água para o rio Guandu para poder suprir as necessidades da região metropolitana, seja em abastecimento público, seja nas várias faces do desenvolvimento econômico desta região", explicou Briard.
Assim, se aproveita parte da água do rio Paraíba do Sul para a geração de eletricidade e o aumento de fluxo resultante da água que é transposta para o rio Guandu oferece condições de uso do recurso para consumo humano.
A água captada é direcionada para a estação onde, segundo o diretor de produção e grande operação da Cedae, Edes Fernandes de Oliveira, é submetida a um processo de tratamento em seis períodos que incluem desde a aplicação de produtos químicos até a correção do pH.
Construída em 1955, e ampliada diversas vezes desde sua inauguração, a estação de Guandu responde por 70% de toda a água tratada pela Cedae no estado do Rio de Janeiro e, desde 2007, está credenciada pelo "Guinness Book", o livro dos recordes, como a maior do mundo para o tratamento de água para consumo humano em produção contínua.