Crédito ao consumidor ficará mais caro, diz economista-chefe da Febraban
Após elevação do compulsório, Rubens Sardenberg cobra um ajuste fiscal do governo para conter aquecimento econômico
Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2010 às 13h07.
São Paulo - A elevação do depósito compulsório e outros medidas relacionadas ao crédito anunciadas pelo Banco Central vão aumentar os custos dos empréstimos para os consumidores e diminuir os prazos das operações.
A análise é do economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Rubens Sardenberg, que participou nesta sexta-feira (3) do programa “Momento da Economia”, na Rádio EXAME.
“O lado negativo dessas medidas é que elas geram menos transparência em termos de custos e causam uma ineficiência maior. O spread bruto vai subir, as condições de crédito para o consumidor vão ficar piores, mais caras, mas isso não necessariamente significa que você vai ter uma rentabilidade maior dos bancos nessas operações.”
Sardenberg avalia que o aquecimento da economia justificava um aperto monetário. “Há um consenso de que o ritmo de crescimento era muito forte, com impacto na inflação. É de se esperar que venha um complemento na área fiscal para que a economia cresça menos e, portanto, signifique menos pressão sobre os preços.”
O economista acredita que as medidas tiram a pressão por alta dos juros no início de 2011. “Eu acho que, pelo menos no curto prazo, o mais razoável gora é que se espere para ver o impacto dessas medidas, que restringem a liquidez e aumentam o custo do crédito. O efeito disso é semelhante ao de uma alta dos juros.”
Nesse contexto, explica o economista, a elevação do compulsório tem um impacto mais imediato na economia do que uma alta da Selic. “As instituições (bancos) também serão um pouco mais cautelosas daqui para frente na expansão do crédito.”
Na entrevista (para ouvir, clique na imagem ao lado), o economista-chefe da Febraban avalia o cenário de crédito no Brasil, o risco de alta da inadimplência e eventuais impactos no câmbio.
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