Com apoio de 11 partidos, Baleia Rossi lança candidatura à presidência da Câmara
Deputado defendeu estender o auxílio emergencial ou aumentar benefícios do Bolsa Família enquanto durar a pandemia de covid-19
Alessandra Azevedo
Publicado em 6 de janeiro de 2021 às 17h31.
Última atualização em 6 de janeiro de 2021 às 18h25.
O deputado Baleia Rossi (MDB-SP) lançou oficialmente a candidatura à presidência da Câmara nesta quarta-feira, 6. Ao lado de líderes de bancadas que o apoiam na disputa, com destaque para o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o emedebista reafirmou o compromisso com uma Câmara independente e defendeu estender o auxílio emergencial ou aumentar benefícios do Bolsa Família enquanto durar a pandemia de covid-19.
No discurso, Baleia defendeu a pluralidade de ideias no bloco e afirmou que o momento é "histórico" por unir tantos partidos.“Somos diferentes, pensamos diferente o papel do Estado, a ação na economia. Em vários pontos, nós divergimos. Mas a beleza da democracia está no respeito e na boa convivência com quem pensa diferente", disse. "O respeito à ciência e a busca da vacina para todos é muito maior do que qualquer diferença", ressaltou.
Baleia também defendeu a vacinação gratuita e universal contra a covid-19."Por sugestão de vários líderes partidários do nosso bloco, conversei com [ Rodrigo ] Maia para que, se necessário for, possamos, de maneira inédita, fazer uma convocação de Câmara e Senado para que, se precisar votar alguma medida urgente ainda em janeiro, nós estejamos a postos. O presidente já deu o OK que está à disposição para essa possível votação", disse.
O emedebista conta com apoio de PT, PSL, MDB, PSDB, DEM, PSB, PDT, PCdoB, Cidadania, PV e Rede. Juntos, os partidos têm 261 deputados nas bancadas. Embora, em tese, o número seja suficiente para garantir os 257 necessários para vencer a eleição, a votação é secreta e conta sempre com dissidentes e traições.
A eleição deve ocorrer em 1º de fevereiro.O principal adversário de Baleia, Arthur Lira (PP-AL), nome apoiado abertamente pelo presidente Jair Bolsonaro, lançou a candidatura em 9 de dezembro. Por enquanto, o bloco de Lira tem nove legendas, com 196 deputados: PL, PP, PSD, Solidariedade, Avante, Pros, Patriota, PSC e Republicanos.
Enquanto Lira é o candidato defendido pelo Planalto, Baleia se propõe a ser um nome independente do governo, que garantirá, se eleito, a autonomia da Câmara. "Temos o dever de fiscalizar, de acompanhar as ações do Executivo. Exatamente por isso, a Câ mara não pode ser submissa. Porque, se for submissa, não fiscaliza, não acompanha, não participa das questões que são importantes para o nosso país", afirmou.
Propostas
Baleia defendeu que a Câmara discuta a prorrogação do auxílio emergencial ou aumento no Bolsa Família: "É importante voltarmos a olhar nossa pauta com responsabilidade fiscal, votando reformas, e também voltar a debater o auxílio emergencial durante a pandemia. Entendo que temos de buscar uma solução. Ou aumentando o Bolsa Família ou buscando novamente um auxílio emergencial aos mais vulneráveis", afirmou.
Baleia lembrou que o auxílio emergencial de 600 reais só foi possível porque a Câmara não se curvou à proposta do governo, de 200 reais. Também apontou a importância da Câmara independente na votação do novo Fundeb. Segundo ele, é preciso olhar para a frente, "para que a economia possa se desenvolver novamente". Os compromissos do bloco incluem geração de emprego e renda, diminuição de desigualdades e redução do índice de desemprego, listou.
O pronunciamento foi feito no Salão Negro da Câmara, em frente a um banner que trazia o slogan da campanha: “Câmara livre e democracia viva”. Líderes de vários partidos estiveram no evento, ao lado de Baleia Rossi, inclusive de legendas de esquerda, como Alessandro Molon (PSB), Perpétua Almeida (PCdoB) e Joenia Wapichana (Rede).
Não participaram, entretanto, representantes do PT e do PDT, embora também façam parte do bloco de 11 partidos que apoiam a candidatura de Baleia. Segundo o coordenador da campanha e novo líder do MDB na Câmara, deputado Isnaldo Bulhões (AL), as lideranças do PT e do PDT não conseguiram chegar a Brasília para o evento, o que não significa que haja problemas no grupo.
A partir de sexta-feira, 8, Baleia passará a viajar pelo país em busca de apoio. Ele irá primeiro ao Piauí, na sexta. Na segunda-feira, a Santa Catarina; na terça-feira, a Goiás e, na quarta-feira, ao Ceará. Além disso, tem se reunido pessoalmente e virtualmente com parlamentares.