Brasil

Cardozo acusa atual AGU por uso político do órgão

José Eduardo Cardozo está sendo acusado pela atual gestão da AGU de cometer crime de responsabilidade quando comandava o órgão


	José Eduardo Cardozo: para ex-ministro, denúncia contra ele demonstra "uso político" da AGU
 (Evaristo Sá / AFP)

José Eduardo Cardozo: para ex-ministro, denúncia contra ele demonstra "uso político" da AGU (Evaristo Sá / AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2016 às 10h52.

São Paulo - O ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardozo deve denunciar nesta terça-feira, 31, à Comissão de Ética Pública da Presidência da República o seu sucessor na AGU Fábio Medina Osório por descumprimento do Código de Conduta da Alta Administração Federal.

O motivo é a determinação da abertura de uma sindicância contra Cardozo por sua atuação em defesa de Dilma Rousseff no processo de impeachment - na qual Cardoso classifica como "golpe" o processo de afastamento da petista.

Para a defesa de Cardozo, a sindicância e as declarações públicas de Osório, que acusou o petista de cometer crime de responsabilidade ao falar em golpe, "além de se chocarem frontalmente com a lei, demonstram um profundo desapego ético e uma clara tentativa de utilizar um importante órgão de Estado (AGU) com finalidade evidentemente política e imoral", diz a denúncia subscrita pelo advogado Marco Aurélio Carvalho.

A ação no Conselho de Ética, órgão responsável por analisar no âmbito administrativo a conduta dos integrantes do governo, pede que Osório seja condenado à sanção de censura pública, conforme prevê o Código de Conduta da Alta Administração Federal, e que seja encaminhado pelo Conselho uma recomendação de demissão do advogado-geral da União ao presidente em exercício Michel Temer.

Além disso, a denúncia será encaminhada ao próprio Temer, ao Procurador-Geral da República Rodrigo Janot e ao Supremo Tribunal Federal, para que "tomem as providências que julgarem cabíveis".

Na denúncia, a defesa de Cardozo aponta que seus posicionamentos se deram no exercício do cargo de advogado de Dilma no processo de impeachment, e que o petista não pode ser censurado por exercer a advocacia.

"Ninguém - repita-se, absolutamente ninguém - pode desconhecer que um advogado, desde que esteja no exercício regular da advocacia, possui inviolabilidade e imunidade em relação a seus atos e manifestações. Pretender-se puni-lo, por ter defendido esta ou aquela tese, por ter utilizado este ou aquele argumento, será sempre uma ação autoritária, ditatorial, impensável no âmbito de um Estado Democrático de Direito e repudiada pelo nosso direito positivo", segue a denúncia.

Ainda de acordo com a acusação, Osório não se pautou "por mínimos padrões éticos" ao se manifestar sobre o mérito da sindicância contra Cardozo afirmando que o petista teria cometido crime de responsabilidade e ignorado a agenda da AGU para se dedicar somente à defesa de Dilma.

"Afirmou publicamente que 'a defesa de Cardozo foi criminosa', uma vez que seu 'discurso jamais poderia ter sido feito por um advogado da União'. Declarou também que o denunciado 'acabou com a dignidade do órgão e cometeu crime de responsabilidade ao forjar o discurso do golpe'. Com isso veio a opinar publicamente sobre a 'honorabilidade' e o 'desempenho funcional de outra autoridade federal' (o Advogado-Geral da União que o antecedeu), o que lhe era eticamente vedado (art. 12, I).", diz a denúncia.

Acompanhe tudo sobre:ImpeachmentMinistério da Justiça e Segurança Pública

Mais de Brasil

Mais de 600 mil imóveis estão sem luz em SP após chuva intensa

Ao lado de Galípolo, Lula diz que não haverá interferência do governo no Banco Central

Prefeito de BH, Fuad Noman vai para a UTI após apresentar sangramento intestinal secundário

Veja os melhores horários para viajar no Natal em SP, segundo estimativas da Artesp