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Caminhoneiros convocam greve por WhatsApp para o dia 1º de fevereiro

Presidente de associação que representa a categoria diz que paralisação deverá ser maior do que a de 2018; grupos se organizam pelas redes sociais

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Greve de 2018: caminhoneiros ameaçam parar no dia 1º de fevereiro (Leonardo Benassatto/Reuters)

Greve de 2018: caminhoneiros ameaçam parar no dia 1º de fevereiro (Leonardo Benassatto/Reuters)

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Carla Aranha

Publicado em 14 de janeiro de 2021, 12h13.

Última atualização em 14 de janeiro de 2021, 20h51.

Grupos de caminhoneiros vêm trocando mensagens em grupos de WhatsApp para a convocação de uma greve no dia 1º de fevereiro. Em assembleia realizada na quarta-feira, dia 13, à noite, entidades representativas do setor, como o Conselho Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e a Associação Nacional do Transporte Autônomos do Brasil (ANTB), confirmaram a resolução a respeito da paralisação. "Vamos parar nacionalmente e a paralisação dessa vez vai ser maior do que a de 2018", diz José Roberto Stringasci, presidente da ANTB.

Uma das principais reinvidicações da categoria é o cumprimento do preço mínimo do frete, medida estabelecida entre os caminhoneiros e o governo durante a greve de 2018. Empresas de alguns setores da economia, como o agroegócio, entraram com recurso, mas a ação ainda não foi julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 

Os caminhoneiros também alegam que o aumento do preço do diesel, que passou por 17 altas em 2020, vêm impactando a margem de lucro, e pedem uma revisão da política nacional do preço de combustíveis.

No Brasil, os preços são regidos pelo PPI (Preço e Paridade de Importação), criado em 2016, em uma composição que leva em conta as cotações internacionais do petróleo, em dólar, e os custos dos importadores. As associações dos caminhoneiros pedem uma mudança nessa política, determinada pela Petrobras, para que o diesel fique mais em conta.

Outra reinvidicação diz respeito ao programa BR do Mar, novo marco legal de incentivo à navegação por cabotagem. Segundo o governo, a medida tem por objetivo aumentar a oferta da cabotagem e abrir mais espaço para a concorrência. 

O projeto de lei que institui o marco regulatório foi aprovado em dezembro pela Câmara dos Deputados e aguarda votação no Senado. Os caminhoeiros temem que a nova medida possa reduzir a procura por frete rodoviário. 

A  CNTRC disse que há uma reunião agendada com representantes do Ministério da Infraestrutura no próximo dia 26 para discutir esses e outros pontos. Procurado por EXAME, o ministério afirmou que não há nada marcado e que sequer recebeu um comunicado das associações do setor a respeito da pauta de reinvidicações.

O clima é de descrédito em relação à real possibilidade de uma greve, já que o setor estaria dividido e sem boa capacidade de organização. Em 2019 e no ano passado, a categoria tentou organizar greves nacioniais, sem sucesso.