Moeda comum e financiamento de exportações à Argentina: o que Lula e Fernández discutiram em reunião
Presidente brasileiro afirma que eles adotaram quase 100 ações para “dar concretude” ao projeto conjunto de desenvolvimento dos dois países
Redação Exame
Publicado em 26 de junho de 2023 às 16h51.
Última atualização em 26 de junho de 2023 às 17h16.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta segunda-feira (26), que Brasil e a Argentina adotaram quase 100 ações para “dar concretude” ao projeto conjunto de desenvolvimento dos dois países. Segundo Lula, o governo brasileiro também está trabalhando na criação de uma “linha de financiamento abrangente” das exportações brasileiras para a Argentina.
"Estamos trabalhando na criação de uma linha de financiamento abrangente das exportações brasileiras para a Argentina . Não faz sentido que o Brasil perca espaço no mercado argentino para outros países porque esses oferecem crédito e nós não.Todo mundo tem a ganhar: as empresas e os trabalhadores brasileiros e os consumidores argentinos", disse Lula, em discurso durante a visita de Estado do presidente da Argentina, Alberto Fernández , ao Brasil.
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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é quem deverá ser a instituição responsável pelo crédito às exportações.
O presidente do banco, Aloizio Mercadante, acompanhava o discurso de Lula da plateia. "Fico muito satisfeito com as perspectivas positivas de financiamento do BNDES à exportação de produtos para a construção do Gasoduto Presidente Néstor Kirchner", acrescentou o presidente do Brasil.
A visita de Estado do argentino ocorre a convite de Lula no contexto de celebração dos 200 anos das relações diplomáticas entre os dois países. A Argentina foi o primeiro país a reconhecer a independência e estabelecer relações com o Brasil, em 25 de junho de 1823.
Moeda comum e união
No discurso, Lula voltou a defender a adoção de uma moeda comum para transações comerciais com a Argentina. "Precisamos avançar com novas e soluções com mais integração financeira. Entre as opções, está a adoção de moeda de referência específica para comércio regional, que não eliminará respectivas moedas nacionais", declarou.
“Reafirmamos hoje que a integração é uma política de Estado e que nossa parceria deve ser cultivada no mais alto nível. Nossa integração econômica significa interdependência”, disse Lula.
“Construímos uma relação baseada na troca de bens de alto valor agregado e na integração produtiva de nossas economias. Nossos investimentos recíprocos são responsáveis por quase cem mil empregos”, destacou o presidente.
A Argentina é o terceiro principal parceiro comercial do Brasil. Em 2022, as exportações brasileiras para a Argentina alcançaram US$ 15,3 bilhões. As importações de produtos argentinos, por sua vez, chegaram a US$ 13 bilhões.
O que disse Fernández?
Em uma rápida declaração à imprensa ao deixar o Itamaraty, Fernández afirmou que ele e Lula falaram dos temas que preocupam as duas partes.
"Vou embora com a felicidade de ver meu amigo de sempre", disse o argentino, que veio ao Brasil reforçar seu pedido de socorro para vencer uma crise econômica. Lula não fez declarações após o almoço.
Agora, Fernández segue para reuniões com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber.
Contexto
Maior parceiro comercial do Brasil na América do Sul, a Argentina enfrenta uma grave crise econômica, com desvalorização da moeda local, perda do poder de compra e altos índices inflacionários.
Uma seca histórica também afeta as safras de grãos da Argentina, aprofundando a crise e colocando em risco as metas acordadas pelo país com o Fundo Monetário Internacional (FMI) no pagamento de dívidas.
Lula tem articulado iniciativas de ajuda ao país vizinho, principalmente para evitar queda nas exportações brasileiras. No mês passado, no Japão, o brasileiro conversou com a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, sobre a situação econômica da Argentina, além de buscar apoio junto ao Brics, bloco econômico integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
(Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)