Fila para recebimento do Bolsa Família: governo brasileiro gasta mais de China e Índia em programas de combate à pobreza (Anderson Schneider/Veja)
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2014 às 07h52.
São Paulo – Relatório apresentado nesta segunda-feira na Assembleia Geral das Nações Unidas mostra que o Brasil gasta quase US$ 4 mil por pessoa, por ano, em programas assistenciais do governo para o combate à pobreza. O valor coloca o país na 13ª colocação entre 126 países em desenvolvimento.
Os dados fazem parte do estudo “Investimentos para acabar com a pobreza”, da organização independente Development Initiatives, que mapeia de onde vem e como são gastos os recursos para a redução da pobreza ao redor do mundo.
O relatório destaca o salto nos investimento do governo brasileiro com esse tipo de programa, que passaram de US$ 2.730 por pessoa, por ano, em 2000, para US$ 3.977 em 2011. Para a organização, o gasto por pessoa é “um dos indicadores mais relevantes da capacidade potencial de um governo para servir os seus cidadãos”.
Apesar de estar bem à frente dos BRICs China (US$ 1.762) e Índia (US$ 864), o Brasil ainda está atrás de Argentina (US$ 5.268) e Venezuela (US$ 4.255) na América do Sul.
O levantamento mostra que a média gasta por 148 países em desenvolvimento é de US$ 1.360 na mesma base de comparação, enquanto nos países que compõe o Comitê de Ajuda ao Desenvolvimento (CAD) da OCDE o valor é de US$ 15 mil.
Diminuição da pobreza
O estudo destaca o Brasil e a China como dois países que tiveram “grande progresso” para a redução da extrema pobreza, que é definida para pessoas que vivem com menos de US$ 1,25 por dia. “Durante períodos de crescimento econômico rápido e sustentado, ambos reduziram drasticamente o número de pessoas em extrema pobreza”, diz o texto.
Segundo o relatório, as projeções para que os dois países acabarem de vez com a pobreza são boas, embora eles ainda não tenham alcançado o objetivo mesmo com recursos “relativamente abundantes”.
No caso do Brasil, os programas assistenciais como Bolsa Família, Brasil Sem Miséria e Brasil Carinhoso são citados como responsáveis por ajudar a reduzir a desigualdade de renda no país.
O relatório cita dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que apontam que, sem os programas, a economia brasileira precisaria crescer 4 pontos percentuais a mais por ano para alcançar o mesmo nível de redução de pobreza registrado entre 2002 e 2011.
Embora destaque a importância dos programas, o relatório ressalva que o fator que mais contribuiu para a redução da pobreza no país foi a geração de empregos formais possibilitados pelo crescimento econômico, juntamente com o fortalecimento das políticas de salário mínimo.