"Bolsonaro é mistura de Hugo Chávez com Pinochet", diz consultor
"O Bolsonaro morre pelas próprias palavras. Quando a sociedade ouvir a ideia dele sobre ordem social, vai fugir", diz Ricardo Sennes, da Prospectiva
João Pedro Caleiro
Publicado em 4 de setembro de 2017 às 12h10.
Última atualização em 4 de setembro de 2017 às 19h41.
São Paulo - " Jair Bolsonaro é uma mistura de Hugo Chávez com Pinochet", disse Ricardo Sennes, sócio da consultoria Prospectiva, na manhã desta segunda-feira (04) .
A definição do atual deputado federal pelo Rio de Janeiro e provável candidato à presidência em 2018 foi feita no EXAME Fórum em São Paulo.
Augusto Pinochet foi o comandante militar do Chile entre 1973 e 1990 e Hugo Chávez foi o presidente da Venezuela entre 1999 e 2013. Os dois nomes são associados com autoritarismo, mas de lados opostos do espectro político.
"Confundir o Bolsonaro com um cara de direita liberal é um erro", diz Sennes, notando que propostas como de colocar um militar no ministério da Educação não tem eco e que é raro o brasileiro, na média, escolher lideranças tão radicalizadas.
"O Bolsonaro morre pelas próprias palavras. Quando a sociedade começar a ouvir a ideia dele sobre ordem social, vai fugir", diz Sennes.
Outro obstáculo para ele é que o Brasil tem hoje uma classe média que já evoluiu socialmente e por isso tem mais medo de arriscar, e ainda mais depois de experiências como Fernando Collor e Dilma Rousseff e com um cenário de consolidação da recuperação econômica.
Bolivar Lamounier, sociólogo e sócio da consultoria Augurium, diz que pode ser diferente: "Nós temos hoje um Brasil enraivecido em grau nunca visto em nossa história".
Ele prevê que o número de votos nulos e abstenções pode chegar a 50% em 2018, ainda que seja esperada uma amenização da tensão na sociedade até a eleição.
"A credibilidade do discurso law and order [lei e ordem] não é tao óbvia quanto parece. A sociedade precisa acreditar que aquele problema tem solução no médio prazo e que aquela pessoa consegue resolver", diz Bolivar.
André Lahoz Mendonça de Barros, diretor de redação de EXAME, destacou também que Bolsonaro pode falar o que quiser durante a campanha mas terá que "fugir de tudo que já disse e está documentado”, o que limita sua capacidade de caminhar para o centro.