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Bolsonaro cancelou entrevista coletiva para descansar, diz Heleno

O ministro do GSI afirmou aos jornalistas que a recomendação médica é para que o presidente tenha tempo de descanso

Bolsonaro: o general Heleno comentou também sobre a repercussão do discurso do presidente (Arnd Wiegmann/Reuters)

Bolsonaro: o general Heleno comentou também sobre a repercussão do discurso do presidente (Arnd Wiegmann/Reuters)

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Clara Cerioni

Publicado em 23 de janeiro de 2019 às 14h42.

Última atualização em 23 de janeiro de 2019 às 15h06.

Davos, Suíça — O presidente Jair Bolsonaro cancelou de última hora a entrevista coletiva que concederia nesta quarta-feira (23) no Fórum Econômico Mundial para descansar, segundo informou Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo.

Ao responder alguns questionamentos de jornalistas na porta do hotel em que o presidente está hospedado, em Davos, na Suíça, Heleno disse que foi uma recomendação médica.

"Ele está com uma bolsa de colostomia, próximo de realizar uma operação. O médico que está junto dele aconselhou que ele descansasse", afirmou.

A entrevista estava marcada para acontecer nesta tarde, mas foi cancelada cerca de 30 minutos antes do início. A equipe do Fórum já havia montado a plenária e foi pega de surpresa com a desistência.

Paulo Guedes, Sérgio Moro e Ernesto Araújo, que participariam da coletiva, também não foram. Não houve explicação oficial sobre o motivo do cancelamento pelos ministros.

Segundo Heleno, Bolsonaro está cansado e a diferença de fuso horário acaba influenciando. "Ele já não dorme muito bem, de muito tempo, não é de hoje. Então, sempre que ele tiver uma chancezinha, ele descansa".

Questionado pelos repórteres se o presidente sentiu algum mal estar, o ministro negou. "Os encontros têm sido ótimos, o almoço foi muito produtivo. E não tem nada que possa tê-lo levado a sair com pressa. Você viu a velocidade com que ele saiu de lá? Aquela velocidade não é de alguém que está sentindo alguma coisa", respondeu.

Em relação a justificativa de que a coletiva foi cancelada por conta do "comportamento anti-profissional da imprensa", Heleno retrucou dizendo que o comportamento da imprensa "de vez em quando incomoda".

"Vocês não sabem porque o comportamento da imprensa incomoda? Às vezes incomoda porque há determinadas coisas, como por exemplo, do discurso ter sido curto. Tudo bem, vocês já tinham falado, mas de dois em dois minutos vem alguém perguntar".

Discurso curto

Heleno disse ainda que a repercussão do breve discurso do presidente ontem, durante a sessão de abertura de Davos, "já era esperada".

"É sempre assim: se o discurso é longo dizem que se estendeu demais, que tinha gente dormindo na plateia. Se é curto, dizem que deixou de dar detalhes. A ideia não era essa. [...] Teve gente que cobrou detalhes da previdência, mas como você vai apresentar detalhes para um auditório que desconhece o perfil da população brasileira? É jogar ideia fora", disse.

Esquerda bolivariana

Perguntado se a frase do presidente durante a sabatina com o presidente do Fórum, Klaus Schwab, sobre "banir a esquerda bolivariana na América" era democrática, o ministro sustentou que sim.

"A esquerda como oposição é natural, é claro que exista opinião diversa, que exista oposição. O que ele [Bolsonaro] está colocando agora é uma sensação daqueles que passaram alguns anos combatendo o que a esquerda fez na América Latina, que não resolveu nada dos grandes problemas. Agora tem que dar uma chance. O que acontece muitas vezes é que a esquerda não admite alternância de poder", reforçou.

Em relação a como Bolsonaro está recebendo as notícias envolvendo seu primogênito, Flávio Bolsonaro, Heleno não respondeu. "Vejam as manchetes", se limitou a dizer.

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