Biometano pode abastecer metade da energia para a indústria de SP, diz secretária do Meio Ambiente
Estudo desenvolvido pelo Governo de São Paulo com a Fiesp detectou um grande potencial para a cadeia de biometano como parte da estratégia de descarbonização
Repórter
Publicado em 19 de novembro de 2024 às 18h18.
O estado de São Paulo tem capacidade abastecer 50% da necessidade de gás natural com biometano, de acordo com Natália Resende, secretária do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Governo de São Paulo. O potencial foi identificado em estudo desenvolvido pela gestão estadual em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que traz dados também da usina de biometano em Caieiras, na Região Metropolitana, queprocessa o biogás de um dos aterros sanitários que recebe de 10 a 12 mil toneladas de resíduos, o maior do país.
No início do mês, a secretária inaugurou uma planta no local que fez com que acapacidade de produção instalada passasse de 30 mil para 100 mil metros cúbicos por dia do biocombustível.
"Por esse estudo que a gente fez com a Fiesp, constatamos que temos uma potencialidade de chegar a 6,5 milhões de metros cúbicos por dia [a partir do processamento de resíduos]. A indústria do estado de São Paulo hoje precisa de 15 milhões de metros cúbicos por dia. O que isso quer dizer? Chegando na potencialidade do biometano, eu consigo abastecer quase 50% da necessidade do estado de São Paulo com biometano", afirmou Resende.
Além da produção de energia mais limpa e segura, o setor também pode gerar mais de 20 mil empregos, segundo o estudo.
Estratégia de descarbonização
Os dados do potencial paulista na área foram apresentados no evento Exame Política Industrial, realizado nesta terça-feira, 19, para debater quais são os novos caminhos para nova indústria no Brasil e no mundo. Ainda de acordo com Resende, o investimento em biometano faz parte da estratégia de descarbonização do estado.
O tema pautou o primeiro painel da conferência, dada a necessidade dos países de se descarbonizar até 2050. Nesse cenário, o Brasil desponta como uma potência para as energias verdes. Com o maior PIB e parque industrial, o estado de São Paulo tem um papel de destaque na pauta, principalmente por causa da emissão de gases poluentes no setor de transporte.
"Olhando o Brasil, São Paulo tem umperfil diferente de emissão. As emissões são maiores em transporte do que no agro. E aqui temos uma estratégia climática dividida em adaptação e resiliência e mitigação. A primeira parte está dividida em eixos, segurança alimentar, biodiversidade, segurança hídrica, infraestrutura como segurança e justiça climática de forma transversal. E a mitigação toca em descarbonizar", explicou a secretária.
Durante a fala, Resende destacou ações na matriz logística, com foco nas rodovias, ferrovias e hidrovias, eletrificação de transportes, planos de restauração de unidades de conservação e o Finaclima-SP, mecanismo de captação de recursos privados e financiamento climático.