Barroso pede que Polícia Federal investigue tentativas de ataques ao TSE
Ministro suspeita de articulação de grupos extremistas "que se empenham em desacreditar as instituições"
Alessandra Azevedo
Publicado em 16 de novembro de 2020 às 20h00.
Última atualização em 16 de novembro de 2020 às 20h08.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou nesta segunda-feira, 16, que o vazamento de dados de funcionários e ex-ministros da Corte pode ter sido orquestrado por grupos antidemocráticos, com motivação política, para "desacreditar o sistema do TSE e as instituições". Segundo ele, a Polícia Federal investigará o caso e eventual relação com a tentativa de ataques de hackers no sistema no dia das eleições.
Barroso disse ter conversado nesta segunda-feira com odiretor geral da PF, Rolando Alexandre de Souza, para pedir a abertura de uma investigação "séria e ampla" do ocorrido.“Há suspeitas de articulação de grupos extremistas que se empenham em desacreditar as instituições, clamam pela volta da ditadura e muitos deles são investigados no Supremo Tribunal Federal (STF)”, afirmou. A PF deve investigar não apenas as ocorrências de domingo, mas a "existência de uma orquestração para desacreditar o sistema e as instituições", explicou Barroso. "É o pacote", reforçou.
O ministro voltou a dizer que os dados vazados, apesar de divulgados no domingo, 15, datam de 2001 a 2010, o que indica que a invasão não aconteceu nos últimos dias. Segundo ele, há indícios de que a exposição teria sido planejada para prejudicar a imagem do TSE. "A divulgação foi feita no dia das eleições para procurar causar impacto e trazer impressão de fragilidade no sistema", afirmou.Segundo ele, assim que os dados foram vazados, "milícias digitais entraram imediatamente em ação, tentando desacreditar o sistema".
O presidente do TSE não comentou se existe ligação entre o vazamento de dados e as tentativas de invasão de hackers, também no domingo. Os ataques vieram dos Estados Unidos, do Brasil e da Nova Zelândia. Foram 436 mil tentativas de acesso por segundo, para tentar derrubar o sistema, segundo o ministro. "O ataque não conseguiu ultrapassar as barreiras e foi devidamente repelido pelos nosso mecanismos de segurança", garantiu.
"Oque temos de concreto: houve um ataque, houve uma grande articulação em mídias sociais e um site especializado procurou estabelecer uma conexão com milícias digitais. Pedimos à PF que apure e, ao final, pode ser que eu tenha opinião para formar. Neste momento, só tenho esses pedaços de informação. A PF que tem que montar o quebra-cabeças", disse o ministro. " Por enquanto, só há suspeitas e indícios ", completou.