Exame Logo

Assessores de deputados fazem plantão para impedir CPI contra Dersa

Apenas 5 CPIs podem ocorrer simultaneamente e servidores da Alesp se revezaram durante o fim de semana para protocolar diversos pedidos de comissões

Alesp: Servidores protocolaram diversos pedidos de comissões durante o fim de semana (Marco Antonio Cardelino/Alesp/Reprodução)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de março de 2019 às 20h46.

Assessores de parlamentares aliados ao governador João Doria (PSDB) fizeram fila na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) desde a sexta-feira, 15, dia da posse dos deputados, até a manhã desta segunda, 18, para protocolar pedidos de abertura de CPIs. O gesto foi visto na Assembleia como uma tentativa de evitar o protocolo de uma CPI para investigar irregularidades na Dersa e de seu ex-diretor Paulo Vieira de Souza , apontado como o operador do PSDB e da Odebrecht.

Apenas cinco CPIs podem funcionar simultaneamente na Alesp e a estratégia dos assessores ao se revezar durante o fim de semana foi a de não permitir o protocolo daquela que investigaria Paulo Vieira de Souza e a Dersa. Na Alesp, as CPIs funcionam de acordo com a ordem em que foram protocoladas. As CPIs têm duração de 120 dias e podem ser prorrogadas por outros 60 dias.

Veja também

A primeira CPI protocolada neste segunda foi do deputado Roberto Morais (PPS) e trata da barragem de Salto Grande, em Americana. A segunda, do proponente Bruno Ganem (Pode), trata da venda de animais por canis e pet shops.

Em terceiro na lista, a CPI para investigar irregularidades na Fundação para o Remédio Popular (Furp), protocolada pelo deputado Edmir Chedid (DEM). A quarta CPI, protocolada por Wellington Moura (PRB), trata da apuração sobre repasses de verbas para universidades públicas. Por fim, a CPI protocolada em quinto lugar apura irregularidades em serviços de prestação de táxi, proposta por Rogério Nogueira (DEM).

Elas precisam ser publicadas no Diário Oficial para que passem a funcionar, o que deve ocorrer na terça-feira, 19.

Na sexta, quando tomaram posse, os deputados elegeram Cauê Macris (PSDB) para presidir a Casa pelos próximos dois anos. Ele teve apoio de 21 partidos, incluindo PT e PSB, e somou 70 votos de 94 possíveis. A eleição de Cauê mantém uma hegemonia de praticamente 24 anos do PSDB na Assembleia - a exceção foi a vitória do atual vice-governador Rodrigo Garcia (DEM) em 2005.

Entenda

A CPI da Dersa, se concretizada, será a primeira derrota para o Palácio dos Bandeirantes. Paulo Vieira, preso desde fevereiro, é ex-operador do PSDB e ex-diretor da estatal condenado a 145 anos de prisão pela Operação Lava Jato em São Paulo. Nesta quinta-feira, 14, ele foi indiciado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Vieira é acusado de peculato, inserção de dados falsos e associação criminosa em ação de supostos desvios de R$ 7,7 mi nas obras do Rodoanel. O tucano Aloysio Nunes, nomeado por Doria para assumir a Investe SP, pediu demissão após buscas em seus imóveis, referente a cartão de crédito que Paulo Vieira havia emitido em seu nome em 2008.

Doria já encaminhou um projeto de lei para a Assembleia que prevê a extinção ou fusão de estatais, entre elas a Dersa, por causa dos sucessivos casos de corrupção, envolvendo, principalmente, a construção dos trechos Sul e Norte do Rodoanel.

Acompanhe tudo sobre:Assembleias legislativasDersaPaulo Vieira de Souza

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame