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Após temporal, Nunes culpa Enel por problemas na cidade de São Paulo

Segundo o atual prefeito da cidade, cerca de 960 mil endereços permanecem sem luz, com mais de 160 semáforos inoperantes e 386 árvores caídas, sendo que 60% delas ainda aguardam remoção

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), durante coletiva de imprensa sobre temporal que atingiu a cidade (Reprodução/Instagram)
Juliana Pio

Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais

Publicado em 12 de outubro de 2024 às 14h04.

Última atualização em 12 de outubro de 2024 às 14h14.

Um dia após a forte tempestade que atingiu diversas cidades de São Paulo, o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, afirmou na manhã deste sábado, 12, que a empresa de energia Enel é responsável pelo apagão que deixou mais de 2,1 milhões de pessoas sem luz.

Durante coletiva de imprensa, Nunes afirmou que mais de 900 mil unidades consumidoras estão sem energia na cidade de São Paulo, o que representa 17% de um total de 5.570. "Esses problemas foram causados em 17 estações de alta tensão da Enel, que, inclusive, não ficam na cidade de São Paulo", explicou. Após quase 20 horas desde o ocorrido, cerca de 1,6 milhão de moradores ainda está no escuro.

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Segundo o prefeito, no momento, 168 semáforos estão inoperantes na capital devido à falta de energia. Quanto às árvores, foram registradas 386 ocorrências de queda de árvores e galhos, sendo que 40% já foram resolvidas. "Os 60% restantes, que correspondem a 232 árvores, aguardam a Enel para o desligamento de energia, necessário para que seja feito o corte, remoção ou poda."

Nunes afirmou ainda que o plano de contingência da cidade está em pleno vigor. "São mais de 4 mil homens trabalhando, e todas as ações da prefeitura foram realizadas de forma rápida e objetiva.O que a gente tem hoje de problema na cidade, infelizmente, é por conta da ineficiência da Enel, mais uma vez", destacou ( veja em vídeo abaixo ).

Ele relembrou que já entrou com várias ações judiciais contra a Enel e representou a empresa no Tribunal de Contas da União, pedindo a extinção do contrato. Além disso, o prefeito afirmou ter levado o caso ao Ministério de Minas e Energia, onde apresentou pessoalmente uma minuta de projeto de lei para alterar a legislação federal, a fim de permitir que os municípios possam fiscalizar e multar as concessionárias de energia.

"Hoje, a concessão é federal, e apenas o governo federal, por meio da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), pode fazer a fiscalização, aplicar multas e gerenciar a concessão", explicou.

O prefeito relatou que conversou neste sábado com Sandoval Feitosa, presidente da ANEEL, e expôs todos os problemas enfrentados. Segundo Nunes, Sandoval informou que a ANEEL já aplicou as multas à Enel e está preparando um termo para iniciar um processo de caducidade contra a empresa. O presidente da agência afirmou ao prefeito que, caso seja comprovada a culpa ou inércia da Enel em relação ao apagão que atingiu São Paulo, o processo será levado adiante.

"Hoje a cidade está sem energia, com problemas nos semáforos e na remoção de árvores que ainda não foram retiradas, tudo por conta da Enel. A empresa está agora utilizando helicópteros para sobrevoos e trazendo equipes, como me informou o presidente da Enel Brasil, que está mobilizando equipes do Rio de Janeiro e do Ceará", disse Nunes.

O que diz a Enel

Em coletiva de imprensa na manhã deste sábado, 12, o presidente da Enel São Paulo, Guilherme Lencastre, afirmou que as equipes estão na rua,mas que não tem como definir um prazo para o reestabelecimento total.

“Não tem como dizer essa informação [prazo]. Vai continuar o trabalho incansável para todos os clientes. Tem muitas variáveis e não quero colocar uma justificativa que seja frustrada”, explicou.

Em muitos locais, árvores caíram devido aos ventos fortes, o que contribuiu para o apagão. Em outros, a infraestrutura elétrica foi diretamente impactada pela tempestade.

Em nota, a Enel informou que ao menos 2,1 milhões de clientes tiveram o serviço afetado, sendo que para cerca de 500 mil pessoas a energia já voltou, mas 1,6 milhão ainda seguem sem energia.

Confira os bairros mais afetados, segundo a Enel:

A companhia afirma ainda que a prioridade no atendimento é para hospitais ou pessoas cadastradas que precisam de energia para equipamentos médicos, considerados clientes essenciais.

De acordo com a Defesa Civil do estado, os ventos na zona sul da capital chegaram a 107 km/h, o maior registro na história.

Antes, desde 1995 até agora, a rajada mais forte havia sido registrada no dia 3 de novembro de 2023, quando os ventos chegeram a 103,7 km/h.

Pela manhã, a concessionária informou que acionou um plano de emergência e cerca de 800 equipes (1,6 mil técnicos) estão em campo.

"Ao longo do dia, a empresa mobilizará cerca de 2,5 mil técnicos. Em alguns locais, trechos inteiros da rede foram danificados e será preciso reconstruir quilômetros de rede, trocar postes, transformadores e outros equipamentos. A companhia está disponibilizando cerca de 500 geradores para os casos mais críticos e reforçou os canais de atendimento. Dois helicópteros estão percorrendo as linhas de alta tensão para identificar falhas em locais de difícil acesso."

Mortes pelas chuvas

Além do problema na rede de energia, a queda de árvores e muros também deixou vítimas fatais.

O balanço parcial da Defesa Civil do estado informou que 3 pessoas faleceram em Bauru, cidade localizada no interior, devido a uma queda de muro.

Na capital, 1 pessoa foi morta, no bairro Campo Limpo, zona Sul da cidade, por queda de árvore. Em cotia, 2 pessoas foram socorridas em estado grave devido a uma queda de muro.

Como falar com a Enel?

A Enel São Paulo orienta os clientes que estão sem energia que priorizem os canais digitais para abrirem chamados. São eles:

Em nota, a companhia informou que as regiões Oeste e Sul da capital foram as mais atingidas, além dos municípios Carapicuíba, Taboão da Serra, Cotia, Osasco e Barueri.

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