Apoio dos brasileiros à democracia diminuiu em 2019
Modelo de governo é visto como o melhor por 62% dos entrevistados. Na pesquisa anterior, divulgada durante as eleições, essa porcentagem era 69%
Da Redação
Publicado em 1 de janeiro de 2020 às 12h24.
Última atualização em 2 de janeiro de 2020 às 08h15.
São Paulo — Cresceu o número de pessoas que não consideram a democracia como a melhor forma de governo durante o primeiro ano de gestão do presidente Jair Bolsonaro, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira (01).
O modelo democrático é visto como melhor do que qualquer outro por 62% dos entrevistados no levantamento. Na pesquisa anterior, divulgada na semana do primeiro turno das eleições, em 2018, essa porcentagem era de 69%.
O número de pessoas para quem tanto faz se o modelo de governo é democrático ou ditatorial também cresceu no período, de 13% para 22%.
O levantamento destaca que o apoio à democracia é menor nos grupos que representam menor escolaridade ou renda.
Para 85% dos entrevistados com nível superior de escolaridade, a democracia é a melhor forma de governo. Essa porcentagem é de 81% entre os que têm renda familiar mensal de mais de dez salários mínimos.
Já entre aqueles que têm somente o ensino fundamental e que ganham até dois salários mínimos, esse índice é de 48% e 53%, respectivamente.
O Datafolha revelou ainda que para 49% não há chance de uma nova ditadura no Brasil, acima dos 42% da pesquisa feita durante o primeiro turno das eleições de 2018. Outros 46% disseram que isso poderia acontecer, enquanto 5% não souberam responder.
A pesquisa ouviu 2.948 pessoas nos dias 5 e 6 de dezembro, em 176 municípios de todo o país. Sua margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
O presidente Bolsonaro foi, por diversas vezes, alvo de críticas por enaltecer a ditadura militar no Brasil. Mais recentemente, comentários feitos por seus filhos sobre o tema trouxeram o debate sobre melhor forma de governo à tona.
Em dessas delas, em setembro, o presidente endossou fala de seu filho Carlos, vereador no Rio, dizendo que ele tem razão ao afirmar que “por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos”.
No final de outubro, Eduardo Bolsonaro, sugeriu em entrevista que o governo poderia lançar mão do mais duro instrumento legal de repressão da ditadura militar brasileira, o AI-5, caso a esquerda radicalize em sua atuação no país.
A fala foi amplamente condenada por membros de todo o espectro político e uma representação contra o deputado será aberta hoje no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.