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Analistas temem por aumento na tensão entre Brasil e Bolívia

A rejeição a conceder permissão a senador opositor e as críticas feitas ao embaixador brasileiro, Marcel Biato, provocam um ''foco de tensão que cresce excessivamente''

Morales: Distanciamento que se vive agora contrasta com a relação próxima que Morales tinha com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Jorge Bernal/AFP)
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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2012 às 19h37.

La Paz - O governo do presidente Evo Morales se indispôs com o Brasil ao não outorgar um salvo-conduto para o senador opositor Roger Pinto, refugiado na embaixada brasileira há dois meses, e põe em risco a relação bilateral, segundo disseram nesta quarta-feira analistas bolivianos.

A rejeição a conceder essa permissão e as críticas feitas ao embaixador brasileiro, Marcel Biato, provocam um ''foco de tensão que cresce excessivamente'', disse à Agência Efe o ex-chanceler boliviano Armando Loaiza.

Morales devia tomar apenas uma decisão administrativa e outorgar o salvo-conduto em reconhecimento à tradição sobre asilo político na Bolívia e na América Latina e, sobretudo, aceitar que o Brasil ''decidiu soberanamente'' concedê-lo a Pinto, argumentou Loaiza.

''Por um assunto que podia ser facilmente resolvido, a relação está sendo posta em perigo e em uma situação de crise'', opinou.

O senador chegou à embaixada brasileira no último dia 28 de maio alegando que era alvo de uma perseguição política e de juízes e promotores manipulados pelo governo que mantêm mais de 20 processos contra ele por suposta corrupção.

Nesta semana, Pinto acusou Morales de ''abuso de poder'' e ratificou que é perseguido por denunciar supostos casos de corrupção e vínculos de funcionários com o narcotráfico.

Desde o princípio, o governo reagiu com críticas à decisão do Brasil, tachando-a de ''equivocada'' e ''desatinada'', e inclusive o deputado governista Roberto Rojas chegou a chamar a embaixada brasileira de ''cela de delinquentes''.


A ministra da Comunicação da Bolívia, Amanda Dávila, acusou Biato de pressionar e provocar uma ''gritaria política'' e não diplomática no caso, depois que o embaixador declarou que espera que ''possam enterrar'' o tema do salvo-conduto e evitar que ''se encontrem problemas'' que se podem ''se tornar delicados''.

O advogado Fernando Salazar comentou hoje em sua coluna no jornal ''Pagina Siete'' que ''um assunto menor'' para as relações bilaterais ''está escalando ao ponto de se transformar em um fato gerador de desnecessária tensão entre os dois países''.

Para o jurista, a administração de Morales ''reagiu desmesuradamente'' à decisão do Brasil e chegou ''ao extremo'' de transformar o assunto do asilo em uma questão de Estado, ''que a cada dia parece mais difícil de ser superada''.

Salazar também vê o risco de que o Brasil condicione a Bolívia a pôr uma solução ao conflito em troca de reconhecer o novo embaixador Jerjes Justiniano, designado por Morales há duas semanas com a incumbência justamente de melhorar as relações.

Os analistas destacam a importância para a Bolívia de sua relação com o Brasil, com quem compartilha uma fronteira de 3,4 mil quilômetros e onde vivem quase um milhão de bolivianos, principalmente porque é o principal cliente de sua produção de gás natural.

Dávila acredita que o caso Pinto é um ''assunto isolado'' que não prejudicará as relações e disse que Morales e a presidente Dilma Roussef devem reunir-se ainda este ano na Bolívia, contrariando versões da imprensa que dão conta que essa visita foi cancelada.

Os analistas sustentam que o distanciamento que se vive agora contrasta com a relação próxima que Morales tinha com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Além disso, o fato de a Bolívia ser o principal fornecedor de cocaína no mercado do Brasil também começou a aparecer na agenda bilateral, segundo o analista internacional Gustavo Aliaga.

O colunista da revista ''Oxígenio'' lembrou que mais de 67% da cocaína processada na Bolívia termina no Brasil e que um milhão de brasileiros está viciado à droga boliviana.

''O olhar complacente e até mesmo afetuoso desapareceu e agora Dilma Rouseff é simplesmente uma mãe que já não pode esconder seu desapontamento'', acrescentou Aliaga em alusão ao fato de Morales enxergar a presidente brasileira como uma figura materna.

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A rejeição a conceder essa permissão e as críticas feitas ao embaixador brasileiro, Marcel Biato, provocam um ''foco de tensão que cresce excessivamente'', disse à Agência Efe o ex-chanceler boliviano Armando Loaiza.

Morales devia tomar apenas uma decisão administrativa e outorgar o salvo-conduto em reconhecimento à tradição sobre asilo político na Bolívia e na América Latina e, sobretudo, aceitar que o Brasil ''decidiu soberanamente'' concedê-lo a Pinto, argumentou Loaiza.

''Por um assunto que podia ser facilmente resolvido, a relação está sendo posta em perigo e em uma situação de crise'', opinou.

O senador chegou à embaixada brasileira no último dia 28 de maio alegando que era alvo de uma perseguição política e de juízes e promotores manipulados pelo governo que mantêm mais de 20 processos contra ele por suposta corrupção.

Nesta semana, Pinto acusou Morales de ''abuso de poder'' e ratificou que é perseguido por denunciar supostos casos de corrupção e vínculos de funcionários com o narcotráfico.

Desde o princípio, o governo reagiu com críticas à decisão do Brasil, tachando-a de ''equivocada'' e ''desatinada'', e inclusive o deputado governista Roberto Rojas chegou a chamar a embaixada brasileira de ''cela de delinquentes''.


A ministra da Comunicação da Bolívia, Amanda Dávila, acusou Biato de pressionar e provocar uma ''gritaria política'' e não diplomática no caso, depois que o embaixador declarou que espera que ''possam enterrar'' o tema do salvo-conduto e evitar que ''se encontrem problemas'' que se podem ''se tornar delicados''.

O advogado Fernando Salazar comentou hoje em sua coluna no jornal ''Pagina Siete'' que ''um assunto menor'' para as relações bilaterais ''está escalando ao ponto de se transformar em um fato gerador de desnecessária tensão entre os dois países''.

Para o jurista, a administração de Morales ''reagiu desmesuradamente'' à decisão do Brasil e chegou ''ao extremo'' de transformar o assunto do asilo em uma questão de Estado, ''que a cada dia parece mais difícil de ser superada''.

Salazar também vê o risco de que o Brasil condicione a Bolívia a pôr uma solução ao conflito em troca de reconhecer o novo embaixador Jerjes Justiniano, designado por Morales há duas semanas com a incumbência justamente de melhorar as relações.

Os analistas destacam a importância para a Bolívia de sua relação com o Brasil, com quem compartilha uma fronteira de 3,4 mil quilômetros e onde vivem quase um milhão de bolivianos, principalmente porque é o principal cliente de sua produção de gás natural.

Dávila acredita que o caso Pinto é um ''assunto isolado'' que não prejudicará as relações e disse que Morales e a presidente Dilma Roussef devem reunir-se ainda este ano na Bolívia, contrariando versões da imprensa que dão conta que essa visita foi cancelada.

Os analistas sustentam que o distanciamento que se vive agora contrasta com a relação próxima que Morales tinha com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Além disso, o fato de a Bolívia ser o principal fornecedor de cocaína no mercado do Brasil também começou a aparecer na agenda bilateral, segundo o analista internacional Gustavo Aliaga.

O colunista da revista ''Oxígenio'' lembrou que mais de 67% da cocaína processada na Bolívia termina no Brasil e que um milhão de brasileiros está viciado à droga boliviana.

''O olhar complacente e até mesmo afetuoso desapareceu e agora Dilma Rouseff é simplesmente uma mãe que já não pode esconder seu desapontamento'', acrescentou Aliaga em alusão ao fato de Morales enxergar a presidente brasileira como uma figura materna.

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