Alunos da USP protestam formatura de aluno acusado de estupro
Estudante de medicina, Daniel Tarciso da Silva Cardoso, responde a processo judicial pelo estupro de uma colega
Agência Brasil
Publicado em 9 de novembro de 2016 às 15h22.
Estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e de outros cursos fizeram hoje (9) protesto no prédio da faculdade em repúdio à possível formatura e colação de grau do aluno Daniel Tarciso da Silva Cardoso, que responde a processo judicial pelo estupro de uma estudante de medicina, que também o acusa de tê-la dopado com bebida adulterada, durante uma festa, em 2012. A denúncia foi feita em 2015.
Depois de uma sindicância, a USP puniu o aluno com uma suspensão de um ano e meio. Depois disso, Daniel que é ex-policial militar e tem 35 anos, fez as provas e completou todos os créditos necessários para a conclusão do curso.
"Ele concluiu a graduação, mas não colou grau. O que nos é dito é que a punição dele já foi cumprida, mas nós esperamos bloquear a colação até terminar o processo na Justiça. Ele foi punido pela faculdade apenas pelo que admitiu ter feito, que foi ter tirado foto de uma menina nua em uma ambulância e ter dado bebidas que ele sabia terem sido adulteradas. Para a universidade, ele não admitiu nenhum crime sexual", disse a estudante de Medicina e integrante do coletivo Geni, Luíza Ribeiro, 30 anos, que participou do ato.
Seis denúncias
A doutoranda em direito da USP, Marina Ganzarolli, explicou que, no total, seis denúncias foram feitas e quatro não levaram o caso para a Polícia Civil. A conclusão do curso pelo acusado foi informada às alunas por professoras.
"Se nós não conseguirmos punir administrativamente esse aluno, que faz parte de um caso emblemático, com mais robustez de provas e mais número de vítimas, que mensagem a Faculdade de Medicina está passando para a sociedade e a comunidade acadêmica?".
As alunas começaram a concentração por volta de 10h em frente à faculdade e depois entraram no prédio onde continuaram o protesto.
A Faculdade de Medicina da USP informou - por meio de nota - que "o caso está em análise jurídica pela Universidade de São Paulo para verificar se existe a obrigatoriedade de conceder a colação de grau ao aluno, após ele ter cumprido integralmente a suspensão que lhe foi imposta. Vale ressaltar, ainda, que o caso segue na Justiça".
O Ministério Público disse que não pode se pronunciar porque o caso está em andamento.