Alunos comandam reconstrução da escola Tasso da Silveira
Alunos, que aos poucos voltam à escola municipal, só podem transitar no pátio
Da Redação
Publicado em 23 de abril de 2011 às 12h00.
Rio de Janeiro - Na escada que dá acesso ao segundo andar, duas cadeiras impedem a passagem. Formam uma barreira quase simbólica. Nem precisava. São poucos os que sentem vontade de galgar os dois lances de escada até o local onde, há duas semanas, o assassino Wellington Menezes de Oliveira abriu fogo contra os estudantes. Os alunos que aos poucos voltam à escola municipal Tasso da Silveira só podem transitar no pátio, mas todos têm feito o máximo até onde é possível ir, depois da perda de 12 de seus colegas.
São eles, os alunos, os heróis do processo de reconstrução pelo qual passa a escola. Apesar de todas as iniciativas da prefeitura, dos professores e dos psicólogos que dão apoio às famílias, os adolescentes e crianças da Tasso da Silveira ‘assumiram o comando’ do processo na terça-feira, quando ocorreu, de fato, a reabertura dos portões para as atividades artísticas e o reencontro entre mestres e estudantes. Na segunda-feira, só os matriculados no nono ano foram à escola, numa espécie de ‘experiência’ cujo resultado ninguém sabia ao certo.
A tragédia talvez nunca se apague. Mas seus efeitos vão aos poucos sendo apagados. Ou, como acontece com as paredes da escola, recobertos por sentimentos mais alegres. Quem assistia de longe às atividades no pátio da escola, na terça-feira, poderia pensar que uma turma de calouros recebia uma espécie de trote. Na verdade, o que os alunos faziam ali era ‘lavar’, com tinta, tudo de ruim que o massacre deixou. Entre declarações de amor à escola, desenhos com símbolos de paz e muitas cores, os estudantes acabaram, eles próprios, cobertos de tinta.
Uma estudante, que preferiu não se identificar, cedeu ao site de VEJA algumas das imagens da tarde de atividades na escola.
O muro que separa o pátio da rua, antes esverdeado, agora tem retângulos brancos e colunas pintadas de azul. Os estudantes acharam que era pouco, e carimbaram a parede com as mãos, criando uma espécie de ‘assinatura’ da nova decoração daquele espaço.
Os mais habilidosos arriscam desenhar figuras humanas, um jogador de futebol em um gol de bicicleta, ou o Cristo Redentor. Mas há também o jardim, os prédios, o contorno do Rio e nomes, numa homenagem a eles próprios. Uma bandeira do Brasil, feita com peças de um mosaico, lembra que a dor, ali, é a de um país.
As aulas, por enquanto, não têm data para começar. A previsão da Secretaria Municipal de Educação é de que, na próxima semana, as atividades artísticas sejam mantidas, até que haja segurança para que o semestre recomece sem danos ou traumas para os estudantes.
Rio de Janeiro - Na escada que dá acesso ao segundo andar, duas cadeiras impedem a passagem. Formam uma barreira quase simbólica. Nem precisava. São poucos os que sentem vontade de galgar os dois lances de escada até o local onde, há duas semanas, o assassino Wellington Menezes de Oliveira abriu fogo contra os estudantes. Os alunos que aos poucos voltam à escola municipal Tasso da Silveira só podem transitar no pátio, mas todos têm feito o máximo até onde é possível ir, depois da perda de 12 de seus colegas.
São eles, os alunos, os heróis do processo de reconstrução pelo qual passa a escola. Apesar de todas as iniciativas da prefeitura, dos professores e dos psicólogos que dão apoio às famílias, os adolescentes e crianças da Tasso da Silveira ‘assumiram o comando’ do processo na terça-feira, quando ocorreu, de fato, a reabertura dos portões para as atividades artísticas e o reencontro entre mestres e estudantes. Na segunda-feira, só os matriculados no nono ano foram à escola, numa espécie de ‘experiência’ cujo resultado ninguém sabia ao certo.
A tragédia talvez nunca se apague. Mas seus efeitos vão aos poucos sendo apagados. Ou, como acontece com as paredes da escola, recobertos por sentimentos mais alegres. Quem assistia de longe às atividades no pátio da escola, na terça-feira, poderia pensar que uma turma de calouros recebia uma espécie de trote. Na verdade, o que os alunos faziam ali era ‘lavar’, com tinta, tudo de ruim que o massacre deixou. Entre declarações de amor à escola, desenhos com símbolos de paz e muitas cores, os estudantes acabaram, eles próprios, cobertos de tinta.
Uma estudante, que preferiu não se identificar, cedeu ao site de VEJA algumas das imagens da tarde de atividades na escola.
O muro que separa o pátio da rua, antes esverdeado, agora tem retângulos brancos e colunas pintadas de azul. Os estudantes acharam que era pouco, e carimbaram a parede com as mãos, criando uma espécie de ‘assinatura’ da nova decoração daquele espaço.
Os mais habilidosos arriscam desenhar figuras humanas, um jogador de futebol em um gol de bicicleta, ou o Cristo Redentor. Mas há também o jardim, os prédios, o contorno do Rio e nomes, numa homenagem a eles próprios. Uma bandeira do Brasil, feita com peças de um mosaico, lembra que a dor, ali, é a de um país.
As aulas, por enquanto, não têm data para começar. A previsão da Secretaria Municipal de Educação é de que, na próxima semana, as atividades artísticas sejam mantidas, até que haja segurança para que o semestre recomece sem danos ou traumas para os estudantes.