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Alta do IOF perde para corte de juro no embate real x lira turca

Turquia cortou sua taxa em janeiro para 6,25 por cento para enfraquecer sua moeda; já o Brasil subiu a Selic em 50 pontos-base

O ministro da Fazenda, Guido Mantega: Brasil não consegue desvalorizar o real (Renato Araújo/AGÊNCIA BRASIL)
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Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2011 às 06h25.

Nova York - Em 2006, Brasil e Turquia tinham as maiores taxas básicas de juros entre todas as economias acompanhadas pela Bloomberg. Hoje, a dupla se separou. Enquanto a Turquia reduziu seu juro básico a um nível inferior a 15 outros países, a taxa Selic ainda é a quarta maior do mundo.

A diferença entre o juro dos dois países aumentou para 500 pontos-base, a maior desde 2005, após a Turquia ter cortado sua taxa em janeiro para 6,25 por cento para enfraquecer a lira e o Brasil ter subido a Selic em 50 pontos-base.

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O aumento da diferença deu impulso à valorização de 15,1 por cento do real nos últimos três meses para o maior patamar até hoje em relação à lira. Isso indica que os esforços do governo brasileiro para enfraquecer o real por meio do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras não foram páreo para reduções de juros a fim de diminuir a atratividade dos ativos domésticos de renda fixa, disse Edwin Gutierrez, da Aberdeen Asset Management Plc.

“Se o objetivo era enfraquecer a moeda, apenas um país teve sucesso”, disse Gutierrez, que ajuda a administrar cerca de US$ 6 bilhões em dívidas de mercados emergentes, numa entrevista por telefone de Londres. “O Brasil tem sido um fracasso retumbante.”

O real se valorizou 1,9 por cento na comparação com o dólar desde o fim de outubro, quando o ministro da Fazenda, Guido Mantega, triplicou a alíquota do IOF para conter a entrada de recursos que levou a uma disparada de 38 por cento do real sobre a moeda americana num período de dois anos e elevou o déficit anual em transações correntes para US$ 48 bilhões. A lira caiu 10,1 por cento em relação ao dólar no mesmo período.

Otimismo com o real

Mantega disse o País não pode permitir que o déficit em transações correntes cresça ainda mais, de acordo com a transcrição de uma apresentação a empresários em 2 de fevereiro e divulgada no website do Ministério da Fazenda. Ele disse em 27 de setembro que o Brasil é vítima de uma “guerra cambial”, na qual os países estão tentando desvalorizar suas moedas e estimular o crescimento das exportações.

O Ministério da Fazenda não respondeu aos pedidos de comentários feitos por e-mail e telefone.

Com a alta de juros pelo Banco Central para conter a maior inflação em 25 meses, o grau de otimismo dos investidores internacionais em relação ao real é o mais elevado desde dezembro, segundo dados da BM&FBovespa SA em São Paulo. Após subir a Selic no mês passado para 11,25 por cento, o presidente do BC, Alexandre Tombini, deve aumentar o juro básico em mais 175 pontos-base, ou 1,75 ponto percentual, para 13 por cento até o fim do ano, de acordo com os negócios com contratos de Depósito Interfinanceiro.

Na Turquia, o presidente do BC, Durmus Yilmaz, inesperadamente reduziu a taxa básica em 75 pontos-base nos últimos dois meses. Depois da decisão de 20 de janeiro, a autoridade monetária disse que estava tentando limitar o fluxo de capital, enfraquecer a lira e conter o recorde no déficit em transações correntes.

“A Turquia por enquanto está sozinha nessa experiência, mas certamente muita gente de outros países como o Brasil está olhando com muito interesse”, disse Nick Chamie, que comanda a área de mercados emergentes do RBC Capital Markets em Toronto, numa entrevista por telefone. “Diversos países estão observando a movimentação da Turquia para ver se o objetivo vai ser atingido.”

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