Além de Demóstenes, quem mais deixou - ou quase - o Senado
Demóstenes é agora o segundo senador da história a ter o mandato cassado pelos pares. Confira quem o acompanha e os caminhos para um político envolvido em denúncias
Da Redação
Publicado em 11 de julho de 2012 às 13h37.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h21.
São Paulo - O pesadelo de qualquer político – ter o mandato cassado – tornou-se realidade hoje para Demóstenes Torres, em um placar com larga vantagem pela condenação do agora ex-parlamentar. Com isso, o ex- senador goiano entra na equipe dos cassados pelos próprios pares. O grupo, no entanto, nem chega a formar um time de futebol : além de Demóstenes, somente Luiz Estevão, do Distrito Federal, passou pela mesma situação, há 12 anos. No âmbito do Congresso, ser cassado é apenas um dos possíveis destinos dos que se veem vítimas de denúncias de corrupção. Existem 4 maneiras de os fatos se desenrolarem para um senador: A) Ele pode convencer/provar aos colegas de que a acusação não tem fundamento e fazer o processo morrer no Conselho de Ética ou nem chegar a tanto
B) Ele pode renunciar para não correr o risco de perder os direitos políticos (opção que perdeu atratividade depois da Ficha limpa, veja a seguir)
C) Ele pode enfrentar o plenário e ser absolvido
D) Ele pode enfrentar o plenário e ser cassado Demóstenes, que não conseguiu ficar no time “A” ou "C", acabou hoje integrando o “D”, sem dúvida o mais desagradável para alguém cuja profissão é a política. Clique nas imagens a seguir para relembrar casos de senadores que se adequam a A, B, C ou D.
B) Ele pode renunciar para não correr o risco de perder os direitos políticos (opção que perdeu atratividade depois da Ficha limpa, veja a seguir)
C) Ele pode enfrentar o plenário e ser absolvido
D) Ele pode enfrentar o plenário e ser cassado Demóstenes, que não conseguiu ficar no time “A” ou "C", acabou hoje integrando o “D”, sem dúvida o mais desagradável para alguém cuja profissão é a política. Clique nas imagens a seguir para relembrar casos de senadores que se adequam a A, B, C ou D.
Esse time é o que possui maior número de integrantes e seria necessário um minucioso levantamento para dar conta de todas as denúncias cujas acusações nem foram apreciadas pelo Conselho de Ética ou por lá ficaram. Entre as razões alegadas, estão de que algumas suspeitas se referem a períodos anteriores ao mandato ou carecem de provas. “Mas o maior responsável pelo arquivamento é o corporativismo”, opina o Juiz Marlon Reis, membro do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), organização que coletou as assinaturas da Lei da Ficha Limpa. Exemplo de caso do "time A" foi o de José Sarney (PMDB-AP), em 2009, quando o presidente do Senado foi alvo de de 11 acusações no Conselho de Ética. Todas foram arquivadas pelos membros do Conselho, sem nenhuma apuração. Entre as suspeitas na época dos chamados “atos secretos”, estavam que Sarney teria nomeado o namorado da neta em ato não tornado público, favorecido a empresa de um neto em operações de empréstimo a funcionários da casa, omitido casa de R$ 4 milhões da Justiça, entre várias outras.
Esta é a redenção para qualquer parlamentar. Desde a redemocratização, somente Renan Calheiros conseguiu o feito almejado hoje por Demóstenes, que na época foi bem crítico à absolvição. E conseguiu duas vezes. O considerado culpado em 2007 foi o voto secreto. O fim deste tipo de votação para casos de quebra de decoro foi aprovado pelo Senado Federal recentemente e deverá agora ser analisado pela Câmara. Renan Calheiros (PMDB-AL), em 2007 Renan, então presidente do Senado, não conseguiu impedir que várias denúncias passassem pelo Conselho de Ética e chegassem ao plenário. Mas reverteu a situação desfavorável. Em setembro, venceu a primeira acusação sobre o pagamento da pensão da filha com a jornalista Mônica Veloso com recursos do lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Junior. A maioria dos senadores havia declarado que votaria pela cassação, mas não foi o que aconteceu. Dois meses depois, com um placar mais folgado, os senadores livraram Renan também da acusação de que teria usado laranjas para comprar um grupo de comunicação em Alagoas.
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