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7 em cada 10 homicídios no Brasil foram com armas de fogo em 2015

Segundo estudo do Ipea e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 71,9% dos homicídios registrados no país naquele ano foram cometidos com armas

Armas de fogo: as armas foram usadas em 41.817 casos de homicídio no país em 2015 (Getty Images/Reprodução)
AB

Agência Brasil

Publicado em 5 de junho de 2017 às 16h00.

As armas de fogo são "um personagem central" nos números sobre homicídios no Brasil, avaliou hoje (5) o pesquisador Daniel Cerqueira, durante o lançamento do Atlas da Violência 2017.

No estudo, o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública analisam dados de 2015 e informam que 71,9% dos 59 mil homicídios registrados no país naquele ano foram cometidos com armas de fogo.

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"O personagem central desse enredo é a arma de fogo", disse Daniel Cerqueira, acrescentando que elas estão relacionadas a acidentes domésticos, suicídios e crimes decorrentes de conflitos interpessoais.

"Existe uma ideia de que o cidadão angustiado com a violência vai se armar e ficar mais seguro, mas é ledo engano. A arma de fogo dentro de casa contribui para aumentar as probabilidades de alguém sofrer homicídio dentro daquela residência."

O pesquisador afirma que a difusão do porte legal de armas também contribui para que mais armas cheguem ao mercado ilegal, seja via roubos ou vendas ilegais.

Com o aumento dessa oferta no mercado ilegal, o preço dessas armas cai e mais "criminosos desorganizados", como assaltantes, têm acesso a elas.

"Cerca de 40% das armas apreendidas em crimes são de procedência nacional e foram registradas", diz ele.

Se nacionalmente 71,9% dos homicídios se dão com armas de fogo, os estados em que a violência mais têm crescido nos últimos dez anos têm taxas bem maiores.

Em Alagoas, 84,4% dos homicídios foram feitos com armas de fogo; no Ceará, foram 81,5%; na Paraíba, 83,1%; e em Sergipe, 85,1%.

Em números absolutos, as armas de fogo foram usadas em 41.817 casos de homicídio no país em 2015. O número de casos é 25,1% maior que em 2005.

Diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, comparou o número de mortes no Brasil em 2015 com outras tragédias.

Segundo ela, houve mais de 1 milhão de assassinatos no país entre 1995 e 2015, intervalo de tempo equivalente ao que a Guerra do Vietnã deixou 1,1 milhão de civis mortos.

"É como se um Boing 737 caísse com 161 passageiros todo dia. Agora imagine que nesse Boing a maior parte dos passageiros seja de adolescentes e jovens de até 29 anos", destacou ela.

"Isso tem um custo econômico para o Estado. As perdas anuais em decorrência da mortalidade desse jovem representam 1,5% do Produto Interno Bruto. E isso é o que a gente gasta com politicas públicas de segurança."

De cada 100 mortos, 71 são negros

Os pesquisadores apontam ainda que a população negra é a principal vítima dos homicídios.

A cada 100 assassinatos no país em 2015, 71 tiveram negros como vítimas.

Tanto homens quanto mulheres negras sofrem mais com a incidência da violência letal e, segundo a pesquisa, um negro tem 23,5% mais chances de morrer que um branco que vive no mesmo bairro, com a mesma escolaridade e o mesmo estado civil.

"A violência tem cor também. Os negros são a população que está mais vulnerável à violência letal", lamentou Samira Bueno.

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