65% dos brasileiros querem governo no controle de grandes empresas
Estudo da Ernst & Young mostra que para a maioria dos entrevistados brasileiros, governo deve administrar companhias em setores estratégicos como infraestrutura
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2010 às 17h13.
São Paulo - Um estudo elaborado pela consultoria multinacional Ernst & Young mostra que 65% dos entrevistados brasileiros querem que o governo tenha o controle de grandes companhias. A consultoria, que ouviu 500 pessoas no país, ainda não divulgou o perfil dos participantes.
A pesquisa, que também foi realizada em outros 23 países, revela que as economias em desenvolvimento são as que apresentam maior parcela da população defendendo o controle estatal de empresas estratégicas. Os percentuais de Rússia (93%), Índia (68%) e China (72%) mostram um pouco do modo como pensam os cidadãos do Bric.
Fato curioso é que este mesmo grupo de brasileiros reconhece, em sua maioria (91%), que as grandes empresas estatais são administradas com forte viés político. Para 60% do grupo, as empresas privadas são mais eficientes que as estatais. Nas entrevistas, a Ernst & Young não levou em conta casos específicos, como os recentes escândalos no governo envolvendo a Casa Civil e empresas e cargos públicos.
"Esta é uma questão cultural. Os cidadãos querem que o governo esteja presente na prestação de serviços estratégicos, como defesa, infraestrutura de transportes, geração e distribuição de energia", diz Liliana Junqueira, sócia líder da área de governo e setor público da Ernst & Young Terco em Brasília.
Crise
A percepção dos entrevistados sobre o assunto também parece ter sido impactada pelos efeitos da crise mundial. Eles responderam que preferem uma menor presença do Estado justamente em setores que precisaram ser socorridos durante o pior da recessão nas economias desenvolvidas, como o de seguros e o automobilístico.
Para os participantes do estudo, o envolvimento do poder público nestas áreas não deve ser "mais do que temporário". Por outro lado, eles disseram que a presença permanente do governo no setor financeiro é uma necessidade.