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54 investigados pela Lava Jato acreditam que não serão cassados

Segundo uma pesquisa feita pela Folha de S. Paulo, muitos dos políticos também almejam a reeleição em 2018

Câmara dos Deputados, em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)

Marina Demartini

Publicado em 14 de maio de 2017 às 16h15.

São Paulo – Investigados pela Lava Jato se mostram céticos com a ideia de terem seus mandatos suspensos e, até mesmo, de interromperem suas carreiras políticas, segundo pesquisa realizada pela Folha de S. Paulo. Dos 84 deputados e senadores alvos da operação procurados pelo jornal, 54 disseram não acreditar que serão cassados – o restante preferiu não se manifestar.

“Nem que a vaca tussa, medo nenhum (de processo de cassação). Primeiro, não cometi crime. Segundo, quem não deve não teme. Se o apelido de Lula na Odebrecht era “amigo” e o meu era “inimigo”, isso já é autoexplicativo”, disse Onyx Lorenzoni (DEM-RS) à Folha. Ele é investigado, pois aparece na delação da Odebrecht como destinatário de 175 mil reais de caixa dois em 2006.

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Renan Calheiros (AL) é outro investigado que minimiza as chances de ter seu mandato cassado. “Eu estou sendo investigado pela interpretação, pelo “ouvi dizer”. Há evidente falta de provas”, afirmou o ex-presidente do Senado ao jornal. Calheiros já escapou de processos de cassação na década passada e, atualmente, é alvo de 17 inquéritos na Operação Lava Jato.

Um processo de cassação só pode existir caso tenha representação apresentada por partido ou pela Mesa Diretora. Depois, ele segue para o Conselho de Ética para ser analisado e, posteriormente, para o plenário, que dá o voto final.

Além da cassação, a Folha também perguntou aos deputados e senadores se eles tentariam se reeleger ou angariar outro cargo. De todos, 60 responderam, sendo que 50 afirmaram que irão se candidatar para as eleições de 2018.

“Sou o mais antigo, e não o mais velho, desta casa: 32 anos de mandato”, disse Edison Lobão (PMDB –MA), que tem 80 anos e está em seu quatro mandato. “Não vou tentar a reeleição. É evidente que vou me reeleger”, disse o peemedebista investigado em seis inquéritos da Lava Jato.

Quando os assuntos são excessos ou erros no trabalho da Procuradoria-Geral da República e do juiz Sérgio Moro, uma grande parte dos deputados e senadores fizeram críticas negativas. Dos 84 investigados procurados pela Folha, 24 disseram que há problemas na execução do órgão chefiado por Rodrigo Janot e outros 24 deram uma resposta contrária. Trinta e seis preferiram não comentar.

Com relação a Moro, 21 investigados disseram que há abuso na condução do juiz, sendo que, para 17, o magistrado está agindo de maneira correta. Quarenta e seis dos políticos procurados pelo jornal não manifestaram suas opiniões.

Para o senador Paulo Rocha (PT-PA), Sergio Moro se transformou em uma estrela e tem posição política direcionada. “Começou com o PT, aí não conseguiu frear e agora é com todos os políticos, contra a política e, consequentemente, contra a democracia. Não tem nada a ver com combate a corrupção. Virou instrumento de poder.”

A pesquisa feita pela Folha contou com 84 investigados na operação com base em pedidos feitos por Rodrigo Janot, procurador-geral da República. Foram analisadas as duas listas que ele encaminhou ao Supremo Tribunal Federal em março de 2015 e em março de 2017.

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