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5 dos 7 governadores do Rio desde 82 estão na mira da Justiça

Os dois que não aparecem na lista estão mortos. Dos cinco, três estão presos

Ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho ao lado de sua mulher,  a também ex-governadora Rosinha Garotinho, no Rio de Janeiro
 (Sergio Moraes/Reuters)

Ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho ao lado de sua mulher, a também ex-governadora Rosinha Garotinho, no Rio de Janeiro (Sergio Moraes/Reuters)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 22 de novembro de 2017 às 13h48.

Última atualização em 24 de novembro de 2017 às 17h31.

São Paulo – Dos sete governadores eleitos no Rio de Janeiro desde 1982, cinco estão atualmente na mira da Justiça. Os únicos dois que não aparecem na lista são Leonel Brizola e Marcello Alencar, que morreram em 2004 e 2014, respectivamente.

Na manhã de hoje, o casal Anthony e Rosinha Garotinho (PR) foi preso sob a suspeita de arrecadação de dinheiro ilícito para o financiamento da campanha dos dois.

Com isso, das cinco pessoas que já comandaram o estado e ainda estão vivos, três estão hoje atrás das grades – Sergio Cabral (PMDB), que governou o Rio entre 2007 e 2014, foi preso em novembro passado.

Os únicos que sobraram, o hoje ministro da Secretaria-Geral da Presidência Moreira Franco (governador entre 1987 e 1991) e o atual governador do estado, Luiz Fernando Pezão, também acumulam pendências na Justiça, em especial no âmbito da Lava Jato.

O primeiro foi denunciado por organização criminosa e obstrução da Justiça por formar o chamado “quadrilhão do PMDB”, mas graças a uma decisão da Câmara dos Deputados, as acusações só poderão ser avaliadas pela Justiça quando ele perder o foro privilegiado.

Pezão, por sua vez, é alvo de um inquérito pela suspeita de ter recebido doações irregulares da construtora Odebrecht na eleição de 2014. De acordo com um executivo da empreiteira, ele teria recebido mais de 20 milhões de reais em caixa 2.

Veja a lista de governadores eleitos desde a década de 1980 até hoje (não foram listados os vice-governadores que assumiram posteriormente o governo):

GovernadorInício do governoFim do Governo SiglaFalecimentoEstá na mira da Justiça?
Leonel Brizola15 de março de 198315 de março de 1987PDT21 de junho de 2004Não
Moreira Franco15 de março de 198715 de março de 1991PMDBSim
Leonel Brizola15 de março de 19912 de abril de 1994PDTNão
Marcello Alencar1 de janeiro de 19951 de janeiro de 1999PSDB10 de junho de 2014
Anthony Garotinho1 de janeiro de 19996 de abril de 2002PDT*Sim
Rosinha Garotinho1 de janeiro de 20031 de janeiro de 2007PSB*Sim
Sérgio Cabral Filho1 de janeiro de 20071 de janeiro de 2011PMDBSim
Sérgio Cabral Filho1 de janeiro de 20113 de abril de 2014PMDBSim
Luiz Fernando Pezão1 de janeiro de 2015Em exercícioPMDBSim

*Ambos, hoje, são filiados ao PR

Juntos outra vez

A operação desta quarta-feira volta a unir os destinos de Cabral e Garotinho, que já foram aliados políticos em ao menos três eleições, mas se tornaram rivais a partir de 2007.

Naquele ano, o peemedebista assumiu o Palácio do Guanabara tecendo críticas à gestão anterior ao mesmo tempo que extinguia programas que marcaram o governo dos Garotinho, como o Cheque Cidadão.

(Em tempo: segundo as suspeitas da Operação Chequinho, que originou a prisão de Garotinho no ano passado, o ex-governador teria usado um programa semelhante para compra de votos nas eleições de Campos).

Anos depois, em 2012, foi a vez de Garotinho dar o troco. Em seu blog, ele divulgou as (hoje emblemáticas) fotos de um episódio que ficou conhecido como “farra dos guardanapos”, em que Cabral e alguns secretários estaduais aparecem com o dono da construtora Delta, Fernando Cavendish, em um restaurante luxuoso em Paris. O Ministério Público suspeita que a festa pode ter sido uma comemoração antecipada da escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.

Após sua prisão, Garotinho usou o episódio para afirmar que é vítima de  uma perseguição por ter denunciado Cabral.

O fato é que, apesar das desavenças, os dois parecem seguir para a mesma sina.

Há um ano na detenção, Cabral já acumula 72 anos de prisão em três sentenças e a possibilidade de, no mínimo, condenações a três séculos de cadeia em 13 denúncias já ajuizadas. Enquanto Garotinho e sua esposa foram presos hoje investigados pelos crimes de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação de contas eleitorais.

Vale lembrar que, ontem, o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado Jorge Picciani também voltou para a cadeia. Em mais uma prova de que o grupo que coordenou o poder no Rio por 2 décadas pode  estar perto de seu fim.

 

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