4 evidências de que Dilma mudou, seja para melhor ou pior
Dilma chegou ao poder há mais de dois anos tachada de poste e sem apego às negociações políticas. Mas a cada dia em que a eleição de 2014 fica mais próxima, vê-se que isso mudou
Da Redação
Publicado em 8 de março de 2013 às 14h20.
São Paulo – A presidente Dilma Rousseff tem dado sinais nos últimos meses que já não é a mesma mulher que assumiu o comando do país, há mais de dois anos, entre elogios pelo estilo duro - que se contrapunha ao antecessor, Lula - e críticas de aliados por falta de traquejo político.
A dureza na hora de negociar com funcionários públicos grevistas, a demissão de inúmeros ministros acusados de corrupção e um voto desfavorável ao Irã na ONU fizeram Dilma ganhar elogios na imprensa, até mesmo da oposição.
Os enaltecimentos miravam as diferenças entre Lula e Dilma. Enquanto o ex-metalúrgico era visto como essencialmente político, a nova presidente aparecia como alguém que adorava gerenciar e tinha pouco apreço à politicagem.
Mas as evidências agora são de que a mulher que ocupa hoje o Planalto é, ao menos em parte, mais atenta às concessões para manter poder.
“É parte de um processo de amadurecimento politico”, afirma o cientista político do Insper, Humberto Dantas. “Esse processo, porém, não deixa de contemplar a eleição”, completa o professor.
No Dia Internacional da Mulher, confira quatro sinais de que a Dilma de hoje é diferente da Dilma de ontem.
1) Combate aberto com FHC
Foi uma surpresa quando, na festa de homenagem dos 80 anos de Fernando Henrique Cardoso , Dilma lhe enviou um bilhete que pode ser considerado afetuoso, chamando o ex-mandatário de o “presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica”, ressaltando que havia muito nele a “homenagear”.
A atitude de Dilma foi considerada republicana, com visão menos curta que as impostas pelas disputas partidárias. FHC se disse muito feliz e falou em “conciliação”.
Tal cenário, no entanto, parece ter se desfeito. Na última declaração sobre o governo tucano, ao lado de Lula para comemorar os 10 anos do PT no poder, na semana passada, o teor era outro.
"Nós não herdamos nada. Nós construímos”, disse a presidente. FHC rebateu e a chamou de “ingrata”
É um sinal de que 2014, com PT X PSDB, já está aí.
2) Aproximação com as centrais sindicais
O canal de interlocução direto entre Planalto e centrais sindicais, realidade no governo Lula, foi desfeito nos dois primeiros anos da presidente Dilma. Ela preferia delegar estes encontros à Gilberto Carvalho, Secretário-Geral da Presidência.
Mas as evidências mostram que isso mudou, por esforço atribuído a Lula, em parte.
O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, até então crítico à Dilma, se disse “encantado” ao sair de um encontro na semana passada. Recentemente, ela teve também reunião com Vagner Freitas, da Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Por último, na quarta-feira, Dilma teve uma audiência com dirigentes destas e de outras centrais, como CGTB e Força Sindical, depois de uma grande marcha realizada em Brasília .
“Essa antecipação da campanha acaba levando a presidente a tomar essas posturas de aproximação com setores a que era mais refratária, mas que o PT e outros grupos têm ligação histórica”, afirma Maria do Socorro Braga, cientista política da Universidade Federal de São Carlos.
3) Mais receptiva aos aliados
Já faz algum tempo, a “nova” Dilma tem apresentado maior desenvoltura nas reuniões e almoços com políticos aliados. Ou melhor, sabe da necessidade de manter diálogo com estes grupos.
O aprendizado veio logo em 2011, quando houve desgaste com partidos ao demitir parte dos ministros sem muitas negociações. Foi neste ano também que ela sofreu algumas derrotas no Congresso , dentre as quais o Código Florestal.
“Ela recebeu o PR recentemente, e disse que vai colocar o partido em uma possível reforma ministerial. Ela também se mostra disposta a conversar com o PDT, que não entende Brizola Neto (ministro do Trabalho) como representante real do partido”, atesta Humberto Dantas, do Insper.
O fato é que as críticas nos corredores do Congresso parecem ter minguado em relação ao início da gestão Dilma.
4) Está pronta para falar
Dilma está mais disposta a falar das conquistas do seu governo. Segundo O Estado de S. Paulo, a fórmula será copiar o modelo definido por Lula de manter contato direto com veículos de mídias regionais.
Em visita à Paraíba , ela rompeu com um jejum de quase um ano sem entrevistas a rádios e conversou com emissoras que são retransmitidas para boa parte do estado. Isso deve continuar.
São Paulo – A presidente Dilma Rousseff tem dado sinais nos últimos meses que já não é a mesma mulher que assumiu o comando do país, há mais de dois anos, entre elogios pelo estilo duro - que se contrapunha ao antecessor, Lula - e críticas de aliados por falta de traquejo político.
A dureza na hora de negociar com funcionários públicos grevistas, a demissão de inúmeros ministros acusados de corrupção e um voto desfavorável ao Irã na ONU fizeram Dilma ganhar elogios na imprensa, até mesmo da oposição.
Os enaltecimentos miravam as diferenças entre Lula e Dilma. Enquanto o ex-metalúrgico era visto como essencialmente político, a nova presidente aparecia como alguém que adorava gerenciar e tinha pouco apreço à politicagem.
Mas as evidências agora são de que a mulher que ocupa hoje o Planalto é, ao menos em parte, mais atenta às concessões para manter poder.
“É parte de um processo de amadurecimento politico”, afirma o cientista político do Insper, Humberto Dantas. “Esse processo, porém, não deixa de contemplar a eleição”, completa o professor.
No Dia Internacional da Mulher, confira quatro sinais de que a Dilma de hoje é diferente da Dilma de ontem.
1) Combate aberto com FHC
Foi uma surpresa quando, na festa de homenagem dos 80 anos de Fernando Henrique Cardoso , Dilma lhe enviou um bilhete que pode ser considerado afetuoso, chamando o ex-mandatário de o “presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica”, ressaltando que havia muito nele a “homenagear”.
A atitude de Dilma foi considerada republicana, com visão menos curta que as impostas pelas disputas partidárias. FHC se disse muito feliz e falou em “conciliação”.
Tal cenário, no entanto, parece ter se desfeito. Na última declaração sobre o governo tucano, ao lado de Lula para comemorar os 10 anos do PT no poder, na semana passada, o teor era outro.
"Nós não herdamos nada. Nós construímos”, disse a presidente. FHC rebateu e a chamou de “ingrata”
É um sinal de que 2014, com PT X PSDB, já está aí.
2) Aproximação com as centrais sindicais
O canal de interlocução direto entre Planalto e centrais sindicais, realidade no governo Lula, foi desfeito nos dois primeiros anos da presidente Dilma. Ela preferia delegar estes encontros à Gilberto Carvalho, Secretário-Geral da Presidência.
Mas as evidências mostram que isso mudou, por esforço atribuído a Lula, em parte.
O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, até então crítico à Dilma, se disse “encantado” ao sair de um encontro na semana passada. Recentemente, ela teve também reunião com Vagner Freitas, da Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Por último, na quarta-feira, Dilma teve uma audiência com dirigentes destas e de outras centrais, como CGTB e Força Sindical, depois de uma grande marcha realizada em Brasília .
“Essa antecipação da campanha acaba levando a presidente a tomar essas posturas de aproximação com setores a que era mais refratária, mas que o PT e outros grupos têm ligação histórica”, afirma Maria do Socorro Braga, cientista política da Universidade Federal de São Carlos.
3) Mais receptiva aos aliados
Já faz algum tempo, a “nova” Dilma tem apresentado maior desenvoltura nas reuniões e almoços com políticos aliados. Ou melhor, sabe da necessidade de manter diálogo com estes grupos.
O aprendizado veio logo em 2011, quando houve desgaste com partidos ao demitir parte dos ministros sem muitas negociações. Foi neste ano também que ela sofreu algumas derrotas no Congresso , dentre as quais o Código Florestal.
“Ela recebeu o PR recentemente, e disse que vai colocar o partido em uma possível reforma ministerial. Ela também se mostra disposta a conversar com o PDT, que não entende Brizola Neto (ministro do Trabalho) como representante real do partido”, atesta Humberto Dantas, do Insper.
O fato é que as críticas nos corredores do Congresso parecem ter minguado em relação ao início da gestão Dilma.
4) Está pronta para falar
Dilma está mais disposta a falar das conquistas do seu governo. Segundo O Estado de S. Paulo, a fórmula será copiar o modelo definido por Lula de manter contato direto com veículos de mídias regionais.
Em visita à Paraíba , ela rompeu com um jejum de quase um ano sem entrevistas a rádios e conversou com emissoras que são retransmitidas para boa parte do estado. Isso deve continuar.