Tendências no mercado de trabalho: o que esperar de 2022
Saiba quais serão os temas mais discutidos nas organizações nesse ano de reconstrução
Publicado em 14 de outubro de 2021 às, 08h30.
Quem me conhece sabe que sou um tanto avesso à futurologia. Mas sempre estou em busca de dados e fatos que indiquem tendências do mercado de trabalho, principalmente aquelas que têm como base as percepções de empregadores e dos profissionais que estão na ativa ou em busca de recolocação. Sempre encontro, no cruzamento dessas opiniões, boas ideias e pistas sobre como estamos evoluindo ou precisamos evoluir na forma de trabalhar, produzir e colaborar.
Por sorte, atuo em uma organização que, globalmente, valoriza muito dados de pesquisa, como os que estão no recém-lançado Guia Salarial 2022, que anualmente apresenta tendências de cargos e salários de diferentes áreas, além de importantes insights do que se passa na mente dos contratantes e de quem é contratado. E é com base nas informações desse guia que eu gostaria de compartilhar algumas informações sobre o que nos espera no próximo ano:
Um mercado sem fronteiras
Com a quebra de paradigmas relacionados ao trabalho a distância, a guerra por talentos aumentou de maneira bastante considerável. Uma pesquisa da Robert Half corrobora isso: 91% dos entrevistados afirmaram que trabalhariam remotamente em uma empresa de outra cidade, do Brasil ou de outro país, e 64% conhecem alguém que já recebeu essa oferta. Nesse mercado sem fronteiras, os empregadores devem reforçar seus planos de atração e retenção, enquanto os profissionais precisam assumir as rédeas da própria carreira, para se manterem ou se tornarem atrativos ao mercado, sempre com atenção às habilidades técnicas e comportamentais mais exigidas.
Dificuldade para encontrar profissionais qualificados
A dificuldade para encontrar profissionais qualificados é um tema que sempre aparece com destaque em diferentes pesquisas produzidas pela Robert Half. E foi algo que se repetiu no Guia Salarial 2022. Quase 70% dos executivos afirmaram que, no próximo ano, preveem que terão mais dificuldade de encontrar talentos no mercado. Além disso, 49% temem perder seus profissionais de destaque e 48% sentem que o turnover está mais alto, se comparado ao período anterior à pandemia. Entre os principais motivos para a preocupação dos gestores com relação à retenção dos profissionais, estão: a abordagem da concorrência na retomada, o aumento da pressão no trabalho, a insatisfação dos profissionais com os próprios salários e o descontentamento dessas pessoas com a cultura corporativa.
Saúde mental dos colaboradores entre as prioridades da empresa
Recentemente, fizemos um estudo, em parceria com a The School of Life, sobre inteligência emocional e saúde mental no ambiente de trabalho. Nela, constatamos que, neste período de pandemia, mais da metade dos profissionais, entre líderes e liderados, deixou de produzir ou se engajar em algum momento, por se sentirem emocionalmente abalados. O Guia Salarial, por sua vez, observou que 53% dos líderes acreditam que seus colaboradores estão mais suscetíveis a crises de estresse, ansiedade e burnout. Ou seja, considerando que o sucesso do negócio também depende da mente e da inteligência dos profissionais, definitivamente, saúde mental também é um assunto corporativo.
Trabalho remoto deixa de ser um benefício
Muitos profissionais (76%) já veem o trabalho a distância como um modelo de operação, e não mais como um benefício pontual e esporádico. Desses, 38% afirmam estar dispostos a procurar um novo emprego, caso a empresa na qual trabalham não esteja disposta a permitir, ao menos de forma parcial, o trabalho remoto. A mudança na percepção e nas necessidades dos profissionais também fez com que 82% das empresas entrevistadas promovessem algumas mudanças no pacote de benefícios. Entre os benefícios adicionados, estão apoio psicológico 24 horas, horário flexível e subsídios para o home office, para comprar equipamentos ou arcar com despesas de luz, telefone e internet.
Práticas ESG elevadas a um diferencial competitivo
Ao ingressar na era ESG, a empresa tem a oportunidade de melhorar a imagem corporativa e aumentar a confiança do investidor. Mas não é só isso. A boa prática também tem potencial para fortalecer as iniciativas de atração e retenção de talentos. O Guia Salarial mostra que 83% dos profissionais afirmam que, em um processo seletivo, tendem a valorizar mais as organizações que possuem agenda ESG. Metade dos entrevistados disse que não troca de emprego, porque a empresa na qual atua olha para essas iniciativas.
O ano que vem será de retomada e permeado por desafios. Mas, como a pandemia nos tornou especialistas em gerenciar crises, com estratégia, planejamento e equipe certa, temos pela frente meses de oportunidades para nos tornar melhores pessoas e profissionais, auxiliando as organizações na qual atuamos a alcançar ou retomar o posto de destaque que merecem. E nós, claro, iremos junto com elas.
Aqui, neste blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento, no site da Robert Half.
*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar.