O ônus da gestão
Em tempos de pandemia, muitos líderes estão tendo que lidar com os desafios da gestão remota, como mostra uma pesquisa da Robert Half
Publicado em 28 de agosto de 2020 às, 09h00.
Lidar com pessoas é uma das missões mais difíceis no dia a dia de um gestor. Costumo dizer que o trabalho se assemelha mais ao de capitão de um time de futebol do que do técnico do grupo. Ele não está ali apenas para mandar de longe. A função exige estar em campo, entender o que acontece no dia a dia, orquestrar as diferenças entre os profissionais, aproveitar os potenciais de cada um da melhor forma e, principalmente, liderar e motivar pelo exemplo. Tudo isso sem perder de vista os objetivos do negócio.
No meu entender, apenas um diploma ou conhecimento técnico não são suficientes para tornar-se um profissional elegível ao cargo de gestor. É claro que a formação acadêmica, os cursos extras e os anos de experiência têm valor, mas não bastam. É fundamental que o profissional saiba se comunicar de maneira clara, objetiva e precisa. Além disso, é importante que ele se conheça, saiba se colocar no lugar do outro e discorde ou faça ajustes de rota ou de comportamentos com diplomacia, ou seja, sem gerar atritos desnecessários.
Com a pandemia, mais um fator foi adicionado à lista de desafios dos líderes: a gestão remota, que, como comentei em outra oportunidade, exige mais empatia e menos clima sufocante. Nesse novo cenário, mais da metade dos gestores entrevistados pela Robert Half (61%) para a produção da 12ª edição do Índice de Confiança Robert Half disseram estar com dificuldade para manter a equipe motivada. Há ainda relatos de desafios relacionados à falta de proximidade física, manutenção da qualidade das entregas, controle da conclusão dos trabalhos e garantia do cumprimento da carga horária.
No meu entender, a motivação é algo que sempre precisa estar no radar do gestor a qualquer tempo e em qualquer cenário. Um excelente primeiro passo para ações mais efetivas nesse sentido é ouvir o time e compreender as necessidades e o perfil de cada um. Esse mapeamento pode ser feito de maneira mais estruturada, via metodologias do RH, ou em bate-papos individuais de feedback entre líder e liderado.
Com relação ao distanciamento físico, o que tenho visto é que os líderes que mais têm sofrido são aqueles adeptos do microgerenciamento ou os que não possuem equipes maduras o suficiente para gerenciar as próprias ações. Mas, considerando que o distanciamento é uma realidade com poucas chances de alteração no momento, sugiro aproveitar a oportunidade para treinar a sua capacidade de delegar ou para ter uma conversa franca com a equipe, explicando o momento e qual postura espera-se daqui para frente. As duas ações são trabalhosas, mas tendem a compensar e gerar bons resultados para todos.
O momento é de amadurecimento para todos. Uma oportunidade de rever processos, estimular a interação online, de preferência com o uso de vídeos, e adotar ferramentas de gestão de tarefas. Assim, ameniza-se tanto a questão do distanciamento físico quanto da qualidade e controle das entregas, além de otimizar o cumprimento da carga horária, sempre com o cuidado de não sufocar o time ou empurrar problemas com a barriga.
É gratificante ser líder. Afinal, em muitos casos, é o reconhecimento por um trabalho bem realizado. Mas lembre-se apenas de que enquanto o líder observa o time, os liderados também estão de olho na sincronia entre os discursos e as atitudes do gestor. Eles querem alguém para se inspirar!
Aqui neste Blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half.
*por Fernando Mantovani, diretor geral da Robert Half