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Denúncia a Glenn Greenwald “gera fragilidade na democracia”, diz Maia

Presidente da Câmara discorda da decisão do Ministério Público que denunciou o jornalista por envolvimento na invasão de celulares de membros da Lava-Jato

Rodrigo Maia: a decisão “não parece estar no caminho certo” (Ueslei Marcelino/Reuters)
Rodrigo Maia: a decisão “não parece estar no caminho certo” (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Primeiro Lugar

Publicado em 21 de janeiro de 2020 às, 17h37.

São Paulo - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, acredita que a denúncia ao jornalista Glenn Greenwald é uma sinalização ruim. “De alguma forma, gera uma fragilidade em nossa democracia”, disse ele em entrevista a EXAME em sua residência oficial.

Nesta terça-feira (21), o Ministério Público Federal em Brasília apresentou à Justiça uma denúncia criminal contra o jornalista e outras seis pessoas por envolvimento no cometimento de crimes relacionados à invasão de celulares de autoridades brasileiras, informou o órgão em comunicado e na íntegra da acusação.

Segundo o comunicado, o MPF disse que ficou comprovado que Greenwald, embora não fosse alvo das investigações, “auxiliou, incentivou e orientou o grupo durante o período das invasões”.

O MP acusou os denunciados e pede a condenação por interceptações telefônicas e de outros aparelhos obtidos de forma ilegal. O conteúdo das mensagens foi objeto de uma série de reportagens desde junho do ano passado pelo site editado por Greenwald em colaboração com outros veículos e levantou a suspeita de que procuradores da República e o atual ministro da Justiça, Sergio Moro, quando atuava como juiz da operação Lava Jato, teriam atuado de forma irregular. Eles negam.

Para Maia, a denúncia, que ocorreu sem o jornalista ter sido sequer investigado, mostra que a decisão “não parece estar no caminho certo”.

Para embasar sua opinião, Maia cita o livro da ex-secretária de Estado dos Estados Unidos Madeleine Albright. Na obra “Fascismo: um alerta”, a autora diz que o presidente americano Donald Trump, quando persegue jornalistas, dá exemplo para outros países (especialmente com democracias menos consolidadas) de que a prática é comum.

“Quando o Estado vai para cima de um jornalista, responsável por dar luz a coisas que se especulavam, estamos sinalizando que países que perseguem jornalistas estão no caminho certo. Isso, de alguma forma, gera instabilidade em nossa democracia”, diz Maia.