Multipotenciais: o futuro está de olho em vocês!
Essa matéria fala sobre o futuro das profissões e a questão dos multipotencias, trazendo cases e pesquisas.
Publicado em 6 de dezembro de 2016 às, 21h19.
Última atualização em 29 de novembro de 2018 às, 20h18.
Marina esses dias me dá seu novo cartão de visitas. Em um dos lados um cartão normal com nome, telefone, email. Do outro, UAU! Foi minha expressão olhando para os 27 atributos que Marina Franco disponibiliza aos seus contratantes em seu cartão. A lista se inicia por nômade e entusiasta da aventura, passando por agente de transformação, estrategista, organizadora de eventos, criadora de experiências, curadora de conteúdo entre outras funções e características super bacanas que descrevem sua multiplicidade.
Bingo! Marina, assim como muita gente que a vida inteira foi pressionada em ter um “Label” (rótulo) ou uma única profissão – mostrando o que elegeu ser para-toda-a-vida-até-que-a-morte-os-separe, quebrou o tabú das décadas passadas e decidiu por sua autenticidade.
Sim, sou uma multipotencial! E foi assim que ela deu mais contornos ao que realmente é. A verdade é que seus potenciais são tantos que uma de suas últimas empreitadas foi coordenar como voluntária toda a produção de um mega evento do TEDxSãoPaulo para 5 mil pessoas no estádio Allianz Parque. A Marina não só conseguiu, como foi sucesso total e acabou produzindo mais duas edições do evento.
Falando em TED, foi justamente um de seus vídeos que me inspirou a escrever essa matéria. Foi super interessante assistir Emilie Wapnick abordar a questão dos multitalentos. Ela nos conta como é viver sendo um ser plural: coach de carreira, roteirista, web designer, compositora musical, escritora, filmmaker, estudante de direito, empreendedora. Assim como Emilie e Marina, vejo um fervilhar de multitalentos despertando no horizonte; muita gente tem assumido seus múltiplos “labels” como uma nova forma de interagir com o mundo e com o trabalho. As gerações anteriores, mais focadas, vão abrindo espaço para uma vibrante geração multipotencial.
Emilie conta como um “multipotentialite” – nome que ela dá aos indivíduos multi, podem somar suas habilidades e interesses gerando novas profissões e negócios inovadores. Como exemplo ela cita a Meshu uma empresa de São Francisco criada por sócios que somaram seus interesses em cartografia, matemática, viagens e design para criar acessórios modernos e personalizados que misturam formas geométricas com localizações do mapa mundi. De tão inovador, é até difícil de explicar, mas entrando no site fica fácil de entender o mix eclético da Meshu.
As combinações de potenciais, experiências e interesses são infinitas gerando muita diversidade. Tem tanta gente se arriscando e inovando em todo o mundo que se as previsões de Thomas Frey, do Instituto DaVinci estiverem certas, 60% das profissões dominantes nos próximos 10 anos ainda não existem e 50% das profissões existentes hoje se tornarão obsoletas até 2025. E os dados não param por aí, John Chambers – ex CEO da Cisco, estimou que 40% das empresas conhecidas por nós, não estarão mais no mercado também em 10 anos. Arrisco afirmar que os multipotenciais terão participação efetiva nessa mudança.
Voltando à Emilie, ela destaca 3 fortalezas de um “multipotentialite”:
1) Síntese de ideias (combinar talentos e criar algo novo a partir daí)
2) Aprendizagem rápida
3) Adaptabilidade
As fortalezas são incontestáveis, mas como todos temos nosso calcanhar de Aquiles, será que a dispersão pode ser um problema para os multipotenciais? Ao fazer tantas coisas, existe um risco da perda de foco e qualidade diante de tantos caminhos e oportunidades?
Não pelo menos no caso de Marina, Emilie, Raphael e Alexandre – esses dois últimos, profissionais multi com os quais trabalhei enquanto escrevia essa matéria.
O Rapha Carraro está terminando a faculdade de arquitetura e fez o seu TCC baseado na revitalização de algumas áreas carentes de Governador Valadares – cidade onde vive. Ao mesmo tempo que é apaixonado por criar novas soluções na área de urbanismo, é um super maquiador. Trabalha com publicidade, fotos, desfiles, etc… Para quem acha que é uma loucura viver duas áreas distintas, o Rapha contrapõe: “Antes era um sacrifício pensar em ter que decidir entre uma área e outra, fiquei muito mais feliz conciliando as duas. Além de arquitetura e maquiagem, acabo fazendo bem mais que isso. Ajudo a produzir eventos, shows, desfiles, ajudo amigos a montar suas casa, escolher materiais… Gosto da pluralidade. O mundo gira muito para gerarmos apenas um produto.”
O Alexandre Muniz também é mineiro mas com um pé nos EUA. Tem uma produtora de vídeo em Minas outra em Boston. Além de cinegrafista, editor, atendimento e criador, também ama esportes radicais. Misturou tudo e trabalha seu multipotencial criando sozinho produtos inéditos para seus clientes. Vira e mexe pode ser visto despencando de algum lugar, voando de outro ou fazendo takes subaquáticos para apresentar produtos inovadores.
Os 4 profissionais, mesmo vivendo um mix de habilidades, estão felizes e sentem-se alinhados com aquilo que vieram para fazer. Para eles não há perda de excelência diante de sua pluralidade, ao contrário, são empreendedores de sua própria multiplicidade.
Como o Raphael mesmo diz: “Quando resolvemos fazer tudo o que a gente gosta a possibilidade de sermos felizes é muito maior.”
Então, se você é daqueles que os pais sempre cobraram que fosse um médico, engenheiro ou advogado, chegou a hora de mostrar que nem todos nasceram para as mesmas caixas e que caixas diversas passam a ser muito cobiçadas. Vale pensar o que você consegue criar à partir de seus potenciais. Talvez vislumbre algo que só você possa fazer, algo que vai somar na porcentagem de novas profissões e negócios para o futuro. Boa sorte!
Por Luah Galvão
Idealizadores do Walk and Talk, Luah Galvão e Danilo España, realizaram 3 projetos. O primeiro foi uma Volta ao Mundo por mais de 2 anos em que visitaram 28 países nos 5 continentes – para entender o que Motiva pessoas das mais variadas raças, credos, culturas e cores. O segundo foi caminhar os 800 km do Caminho de Compostela na Espanha, entrevistando peregrinos sobre o sentido da Superação. E recentemente voltaram da Expedição Perú, onde o sentido da resiliência foi a grande busca do casal. Agora que estão de volta ao Brasil compartilham suas descobertas através de textos e histórias inspiradoras para esse e outros veículos de relevância, assim como em palestras e workshops por todo o Brasil. Descubra mais sobre o projeto: www.walkandtalk.com.br. Conheça também a página no Facebook.