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Empresas e os objetivos do desenvolvimento sustentável: avanços e desafios

As empresas desempenham papel fundamental na consecução da Agenda 2030 e dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) lançados pela ONU

Metas visam acabar com a pobreza, proteger o planeta e garantir prosperidade para todos (Foto/Thinkstock)
Metas visam acabar com a pobreza, proteger o planeta e garantir prosperidade para todos (Foto/Thinkstock)
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Impacto Social

Publicado em 14 de julho de 2020 às, 10h00.

Última atualização em 30 de setembro de 2022 às, 18h24.

Por Priscila Borin Claro

As empresas desempenham papel fundamental na consecução da Agenda 2030 e dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) lançados pela ONU em 2015. Os 17 ODS são desdobrados em 169 metas quantificáveis que visam acabar com a pobreza, proteger o planeta e garantir prosperidade para todos.

Com o objetivo de identificar os avanços e oportunidades em relação ao engajamento das organizações com os ODSs, realizamos uma pesquisa com representantes de 142 organizações brasileiras em parceria com Pacto Global Brasil. Os resultados mostram que 51,2% das organizações tinham comprometimento público com os ODSs e 26,9% afirmaram estar em fase de planejamento. Dois fatores determinantes para consideração dos ODSs nas estratégias se referiam ao “Código de Ética da Empresa” (69%) e à “Manutenção e Desenvolvimento de Reputação e Imagem” atreladas à sustentabilidade (66%). Este resultado sugere que os motivadores estão mais relacionados a compliance e riscos reputacionais e menos ligados a oportunidades, tais como “Acesso a Capital” (28%) e “Atração e Retenção de Talentos” (30%). Em relação ao método de priorização, ao contrário do que se esperava, somente 23% das empresas priorizaram os ODSs em função dos “Impactos Negativos Gerados” em toda cadeia de valor. Os ODSs de maior representatividade nas estratégias foram “Saúde e Bem Estar” (62%) e “Trabalho Decente e Crescimento Econômico” (58%); e o de menor representatividade foi “Vida na Água” (17%).

Outros resultados interessantes são:

- Somente 12,50% das empresas possuíam orçamento específico para estratégias e projetos relacionados aos ODSs.

- A grande maioria (79%) das empresas estudadas não adotava critérios de desempenho atrelados aos ODSs.

Em suma, concluímos que a formalização da intenção das empresas brasileiras com os ODSs é positiva e na direção certa. No entanto, percebemos um longo caminho a ser percorrido pelas empresas no que tange à implementação, ao controle e à comunicação das estratégias e resultados. Caminho que passa por reconhecer seus impactos negativos a fim de reduzi-los ou eliminá-los. Reconhecer que investidores e talentos buscam cada vez mais as empresas com propósito. Reconhecer que alguns problemas do Brasil, como “Vida na Água” têm origem sistêmica e são de responsabilidade de todos. Reconhecer que nesta empreitada não existem competidores, mas sim, potenciais parceiros setoriais. Reconhecer a responsabilidade pela educação do consumidor.

Reconhecer que os colaboradores e fornecedores precisam ser capacitados nas questões relacionadas aos ODSs para que a mudança de comportamento e a inovação de valor ocorram na prática. Reconhecer e mudar a estrutura organizacional, bem como o sistema de avaliação de desempenho e incentivos. Enquanto os ODSs não forem transformados em metas de desempenho com prazos e valores a serem atingidos, poucos resultados efetivos serão alcançados. E finalmente, além de reconhecer, é preciso agir, afinal 2030 está logo aí.