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Bandeiras da China e de Taiwan retratadas sob a sombra de aviões militares

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Tsai Ing-wen, Taiwan's president, left, shakes hands with US House Speaker Kevin McCarthy, a Republican from California, during an event at the Ronald Reagan Presidential Library in Simi Valley, California, US, on Wednesday, April 5, 2023. Taiwan hailed President Tsai Ing-wen's unprecedented meeting with House Speaker McCarthy on US soil as a "rare opportunity," even as the move risks provoking renewed military tension around the island. Photographer: Eric Thayer/Bloomberg via Getty Images

House Speaker McCarthy Meets With Taiwan President Tsai Ing-wen

Nem Joe Biden queria aquela viagem — ao menos não publicamente.
Era 2 de agosto de 2022 quando a presidente da Câmara dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, começou a cruzar o Estreito de Taiwan em uma aeronave americana e, em movimento não confirmado até o último minuto, terminou de fato desembarcando na ilha.
Foi <a href="https://exame.com/mundo/quem-e-nancy-pelosi-taiwan/">a primeira visita em 25 anos</a> de um político americano desse escalão a Taiwan, território autônomo em relação à China desde 1949, mas que é centro de embates desde então.
O alto escalão do governo Biden havia passado os dias anteriores afirmando que a viagem, se ocorresse, era decisão da própria parlamentar e não uma ordem da Casa Branca (<a href="https://exame.com/mundo/exercito-dos-eua-se-opoe-a-eventual-visita-de-pelosi-a-taiwan-diz-biden/">"O Exército acha que não é uma boa ideia"</a>, chegou a dizer Biden na ocasião).
Na linha tênue entre o que foi dito em público e o que se discutiu nos bastidores, a história mais ou menos se repetiu neste mês de abril, quando a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, foi aos EUA para uma visita ao atual presidente da Câmara, Kevin McCarthy, sucessor de Pelosi e do Partido Republicano.
<blockquote class="twitter-tweet" data-width="500" data-dnt="true">
The friendship between America and the people of Taiwan has never been stronger. It is my honor to welcome President <a href="https://twitter.com/iingwen?ref_src=twsrc%5Etfw">@iingwen</a> to the <a href="https://twitter.com/Reagan_Library?ref_src=twsrc%5Etfw">@Reagan_Library</a>. <a href="https://t.co/2XSIJRv7Vp">pic.twitter.com/2XSIJRv7Vp</a>
&mdash; Kevin McCarthy (@SpeakerMcCarthy) <a href="https://twitter.com/SpeakerMcCarthy/status/1643661729912725507?ref_src=twsrc%5Etfw">April 5, 2023</a></blockquote>
<script async src="https://platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script>
Como havia ocorrido antes, Tsai Ing-wen não se encontrou com Biden e restringiu o contato ao presidente da Câmara.
Ainda assim, o caso desencadeou pesadas críticas chinesas e exercícios militares no estreito que separa o país das ilhas de Taiwan, enquanto jogou lenha na fogueira em uma relação que tem piorado nos últimos anos.
Os EUA, por sua vez, também têm feito exercícios militares na região e ampliado relações com Taiwan.
Analistas <a href="https://exame.com/revista-exame/taiwan-sob-os-holofotes/">ouvidos</a> pela EXAME apontam que os acontecimentos recentes não necessariamente significam uma escalada das tensões no âmbito militar.
A resposta simbólica da China já era esperada e, em alguma medida, foi inclusive menor em escala, duração e intensidade desta vez na comparação com os exercícios feitos após a viagem de Pelosi, avaliou a associada da consultoria de risco Eurasia, Ava Shen.
<blockquote>“A resposta militar chinesa não representa uma escalada – não prenuncia um plano de acelerar uma invasão chinesa a Taiwan, e é muito improvável que desencadeie uma resposta militar de Taiwan ou dos EUA”.</blockquote>
Apesar disso, a soma dos fatores, de fato, “elevou o nível das atividades militares no Estreito de Taiwan”, que tem batido recordes, aponta Shen.

Momentos históricos

Helicóptero militar na ilha chinesa de Pingtan, próxima de Taiwan.

helicoptero-taiwan

Taiwan é uma ilha com cerca de 24 milhões de habitantes, separada pelo mar da China continental em cerca de 200 quilômetros.
A ilha tem na prática um governo autônomo desde 1949, ano em que <a href="https://exame.com/revista-exame/os-comunistas-que-reinventaram-o-capitalismo/">o Partido Comunista Chinês de Mao Tse-Tung venceu uma guerra civil</a> que perdurava desde 1927 e chegou ao poder na China.
O então líder da China derrubado pela revolução, Chiang Kai-Shek, fugiu com aliados políticos para fundar Taiwan, também chamada de "Formosa".
Os opositores do Partido Comunista fundaram em Taiwan um governo paralelo, que chamaram de "República da China" (enquanto a China continental é a "República Popular da China").
Seu status é debatido desde então. Nos fóruns internacionais, os dois governos disputaram por algum tempo para decidir de quem era a herança de legítimo governo chinês. A briga acabou em partes nos anos 1970, com as Nações Unidas (ONU) e outros organismos internacionais passando a reconhecer a China continental com capital em Pequim.
<blockquote>Hoje, a China não considera Taiwan um território independente da porção continental e o status da ilha (que não é um país reconhecido) é controverso.</blockquote>
A maioria dos países na ONU, como o Brasil e mesmo os EUA, também não reconhecem a independência de Taiwan e hoje embasam sua diplomacia no conceito de "China única", reconhecendo a China continental, mas, ao mesmo tempo, tendo Taiwan como um território com governo autônomo.
Apesar disso, a autonomia da ilha segue um dos assuntos prioritários em Washington, o que gera uma linha tênue com Pequim. Os EUA dizem defender o "status quo", isto é, que Taiwan continue com governo autônomo frente à China, mesmo que não como um país.
E assim a situação permanecia, até meados da década passada.

Desde 1949, a "República da China"

Former US President Donald Trump delivers remarks at the Mar-a-Lago Club in Palm Beach, Florida, US, on Tuesday, April 4, 2023. Trump entered a not-guilty plea to 34 counts of falsifying business records in the first degree in a proceeding that took a little less than an hour. Photographer: Eva Marie Uzcategui/Bloomberg via Getty Images

Former US President Donald Trump Delivers Remarks At Mar-a-Lago

Uma série de fatores, combinados, levaram as tensões em Taiwan a atingirem o que talvez sejam seus piores picos desde a Guerra Fria.
Nos EUA, <a href="https://exame.com/mundo/um-discurso-para-a-historia/">o ex-presidente Donald Trump foi eleito em 2016</a> com uma retórica anti-China ampliada em relação aos antecessores. E, ao menos nesse assunto, a posição foi em larga medida <a href="https://exame.com/mundo/o-ocidente-contra-ataca-na-estreia-global-de-biden-a-china-foi-o-alvo/">mantida pelo atual presidente Joe Biden</a> ao suceder Trump em 2021.
Em Taiwan, Tsai Ing-wen foi eleita em 2016 e reeleita para um segundo mandato em 2020. Seu Partido Democrático Progressista (DPP) defende a autonomia de Taiwan separada o máximo possível do continente. Tsai Ing-wen chegou a falar diretamente contra o conceito de “China única” no começo do mandato.
<blockquote>“Pequim historicamente não gosta do DPP e o percebe como um partido 'separatista'”, explica Shen, da Eurasia. </blockquote>
O governo central na China logo começaria a aumentar a pressão militar e diplomática sobre Taiwan – e a pandemia ajudou a distanciar as relações. 
Enquanto isso, na China, o presidente Xi Jinping — que havia chegado ao poder em 2013 — vinha sendo reeleito para um e outro mandato e, com o tempo, intensificou a retórica tanto com relação a Taiwan quanto aos EUA.
Neste ano de 2023, Xi também foi reeleito de forma inédita para um terceiro mandato, o que não costumava acontecer nas últimas décadas dentro da dinâmica do Partido Comunista em Pequim e o consolida como <a href="https://exame.com/revista-exame/os-comunistas-que-reinventaram-o-capitalismo/">um dos líderes mais poderosos do país desde Mao Tse-Tung pós-revolução.</a>
“As relações EUA-China se deterioram desde 2016”, resume Shen.
<blockquote>“A China tem sido perturbada pelo aprofundamento dos laços EUA-Taiwan, e por isso recorre a demonstrações de força para dissuadir (sem sucesso) essa aproximação. Pequim percebe os EUA como trabalhando para realizar a independência de Taiwan, embora o governo dos EUA ainda respeite a política de ‘China Única’”, diz a analista.</blockquote>

De Trump a Xi, como tudo piorou

TOPSHOT - Pro-democracy activists hold up their mobile phone torches as they sing during a rally in the Causeway Bay district of Hong Kong on June 12, 2020. - Thousands of Hong Kongers sang a protest anthem and chanted slogans across the city on June 12 as they marked the one-year anniversary of major clashes between police and pro-democracy demonstrators. (Photo by Anthony WALLACE / AFP) (Photo by ANTHONY WALLACE/AFP via Getty Images)

TOPSHOT-HONG KONG-CHINA-POLITICS-UNREST

Na visão de Alessio Patalano, do Departamento de Estudos da Guerra na King’s College de Londres, na Inglaterra, a <a href="https://exame.com/mundo/quem-e-agnes-chow-a-verdadeira-mulan-que-pode-ser-presa-em-hong-kong/">situação em Hong Kong</a> foi outro dos fatores cruciais no debate recente.
A ilha de Hong Kong, que foi colonizada pelos britânicos e entregue à China em 1997, é hoje também um território autônomo em relação à porção continental do país, tendo um governo local próprio (embora não diretamente eleito como o de Taiwan).
Em 2014, protestos começaram a eclodir em Hong Kong demandando mais autonomia em relação a Pequim. A situação escalou de vez em 2019 e 2020, quando a <a href="https://exame.com/mundo/quem-e-agnes-chow-a-verdadeira-mulan-que-pode-ser-presa-em-hong-kong/">maioria dos das lideranças políticas dos protestos foram presos ou exilados</a> e o controle da China continental sobre a ilha no governo Xi Jinping foi endurecendo.
<blockquote>"Há uma mudança significativa na China em relação à ideia de 'um país, dois sistemas'", diz Patalano. "Em alguma medida, o que houve em Hong Kong mudou as percepções em Taiwan sobre a probabilidade de tal sistema continuar de fato e ser garantido pelas autoridades na China continental", diz.</blockquote>
Assim, longe de um caso isolado, para Patalano, Hong Kong mostra ainda outras duas questões na China que “mudaram as dinâmicas” até o nível de tensão atual: a visão do governo Xi Jinping sobre o conceito prático de China Única, e a ascensão militar dos chineses.
"É algo que mudou enormemente nos últimos anos, essa ideia de que o governo chinês, sob Xi Jinping, tenta transformar a política de 'China única' em um "princípio de China única". São coisas diferentes na discussão prática de como se chegar até lá”, diz o analista.
Sua visão é de que a China "coloca hoje muito mais pressão em Taipei para aceitar os termos de Pequim e conseguir uma reconciliação, ou até uma reunificação".

Um país, dois sistemas?

O presidente chinês, Xi Jinping: líder prometeu construir um sistema de dados de infraestrutura e garantir a segurança de dados nacionais.

ALIBABA-4

O mundo, afinal, não é mais o mesmo de dez anos atrás. Nos últimos anos, <a href="https://exame.com/revista-exame/os-comunistas-que-reinventaram-o-capitalismo/">a China chegou ao posto de segunda maior economia do mundo</a> e caminha para superar os EUA na próxima década. Seu <a href="https://exame.com/mundo/exercito-china-taiwan/">poderio militar</a> e político no mundo caminhou junto às mudanças econômicas.
Atualmente, a China é o segundo país com maiores gastos em Defesa, atrás dos EUA, que tem desde a Segunda Guerra Mundial o exército mais caro do mundo (o maior, em números absolutos, é o chinês, com 1,4 milhão de integrantes só na ativa).
<ul>
<li>VEJA TAMBÉM: <a href="https://exame.com/mundo/exercito-china-taiwan/">Exército da China é dez vezes o de Taiwan; veja os maiores exércitos do mundo</a></li>
</ul>
<blockquote>"A China tem hoje muito mais capacidade militar de impor seus desejos. E, em contrapartida, isso muda as posturas militares em Taiwan e o tipo de apoio que é demandado dos EUA”, diz Patalano.</blockquote>
Nesse novo cenário, pelo lado dos EUA, um exemplo de como a discussão mudou na última década veio da própria visita da presidente de Taiwan ao presidente da Câmara neste mês. Perguntado se a Casa Branca de Biden estava se esquivando de enviar armas e apoio militar a Taiwan, McCarthy, que é opositor do governo, não usou a oportunidade para criticar o presidente e disse que a gestão Biden "vê a importância" do tema.
“Eu não estou sentindo as mesmas diferenças que você pontua na sua pergunta”, respondeu McCarthy a um jornalista.
<blockquote>As elites de republicanos e democratas estão em embate ferrenho nos EUA sobre quase tudo nos últimos anos. Mas, ao que parece, não sobre Taiwan.</blockquote>
“Foi um momento pequeno, mas notável, que pareceu ilustrativo de quão próximas as duas partes se tornaram sobre esse assunto”, <a href="https://www.nbcnews.com/politics/congress/analysis-mccarthy-chance-criticize-biden-china-didnt-take-rcna78491">avaliou</a> na ocasião a comentarista Andrea Mitchell, da rede de TV NBC.

Briga de potências

Taiwanese sailors salute the island's flag on the deck of the Panshih supply ship after taking part in annual drills, at the Tsoying naval base in Kaohsiung on January 31, 2018.
Taiwanese troops staged live-fire exercises the day before on January 30 to simulate fending off an attempted invasion, as the island's main threat China steps up pressure on President Tsai Ing -Wen. / AFP PHOTO / Mandy CHENG        (Photo credit should read MANDY CHENG/AFP via Getty Images)

TAIWAN-CHINA-MILITARY-DRILL-ARMAMENT

Quando <a href="https://exame.com/revista-exame/guerra-da-ucrania-o-primeiro-de-muitos-anos/">o ataque russo à Ucrânia começou</a> oficialmente, em fevereiro de 2022, as atenções logo se voltaram para Taiwan pelos potenciais semelhanças. A guerra na Ucrânia, mais do que o embate entre dois vizinhos, escancarou a disputa de gigantes que se desenha entre Estados Unidos, China e suas respectivas órbitas de influência. Argumentou-se que o conflito seria um "divisor de águas" na política internacional.
Passado <a href="https://exame.com/revista-exame/guerra-da-ucrania-o-primeiro-de-muitos-anos/">mais de um ano</a>, a preocupação entre os potências ocidentais no G7 (grupo de sete das principais economias) de fato aumentou, avalia Shen, da Eurasia. O que não significa, porém, um efeito militar prático.
<blockquote>“Uma invasão chinesa de Taiwan é muito improvável nos próximos anos. A China ainda prefere alcançar a unificação sem recorrer a uma invasão, que cada vez mais parece cara e imprevisível, dada a trajetória da guerra na Ucrânia”, diz Shen.</blockquote>
“Os militares chineses são inexperientes e ainda não têm as capacidades necessárias para executar uma invasão e ocupação de Taiwan. A resposta internacional de sanções contra a Rússia também alertou Pequim sobre os impactos potenciais de uma invasão em sua economia, hoje globalmente conectada”, diz a analista da Eurasia. 
<blockquote>O que os EUA fariam no caso de um hoje improvável ataque direto a Taiwan também é aberto a divagações.</blockquote>
<ul>
<li>No cenário de Guerra Fria, Taiwan havia sido centro da disputa de União Soviética (que apoiava a China continental até 1960) e EUA (que estreitaram laços com Taiwan nos anos 1950).</li>
<li>Taiwan e os EUA, por exemplo, <a href="https://exame.com/mundo/conflito-taiwan-china-biden/">assinaram em 1954 um acordo de defesa mútua</a>.</li>
<li>O acordo seria encerrado em 1979, quando os EUA passaram a reconhecer o governo comunista na China continental.</li>
<li>A partir daí, os americanos oferecem somente apoio técnico a Taiwan, mas não têm compromisso de defesa.</li>
</ul>
Os EUA evitam mencionar atualmente que defenderão Taiwan no caso de um ataque chinês, embora uma gafe do presidente Joe Biden neste ano tenha sido também ilustrativa sobre os debates que rondam os EUA. Em visita ao Japão no ano passado, Biden foi perguntado por jornalistas se, ao contrário do que ocorreu na Ucrânia com a invasão russa, os EUA tomariam alguma ação militar direta caso a China invadisse Taiwan. Biden se embaralhou e respondeu que "talvez".
<blockquote>"Olha, essa é a situação: nós concordamos com a política de China única", disse logo depois, tentando contornar a resposta, mas concluiu novamente afirmando que "a ideia de [Taiwan] poder ser tomada à força - simplesmente tomada à força - não é apropriada", disse o presidente americano em 2022.</blockquote>
Patalano, da King’s College, <a href="https://www.telegraph.co.uk/opinion/2023/04/11/taiwan-needs-more-than-weapons-to-thwart-chinas-ambitions/">acredita</a> que Taiwan é “a Ucrânia ao contrário”: demandaria, pela ótica dos EUA e do Ocidente, não o envio de armas, mas esforços de inteligência que possam impedir quaisquer avanços chineses em primeiro lugar.
Especializado nos estudos de conflitos marítimos no leste asiático, ele argumenta que, ao contrário da Ucrânia, Taiwan exigiria um ataque por mar, o que é mais complexo. Apesar disso, <a href="https://exame.com/mundo/guerra-na-ucrania-acaba-em-2023-tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-o-conflito-ate-agora/">aos moldes do que o presidente russo Vladimir Putin fez anexando a Ucrânia</a>, um primeiro alvo chinês poderiam ser as ilhas de Pratas and Itu Aba, que estão mais distantes da ilha central do arquipélago de Taiwan.
Se esse é ainda um cenário para o futuro, hoje, na visão de Patalano, o que deve acontecer em Taipei é uma tentativa de aumento da pressão e influência diplomática chinesa para que a oposição a Tsai Ing-wen ganhe força. O pesquisador cita a aproximação chinesa com o Kuomintang, partido de oposição ao atual governo do DPP (o líder da oposição viajou a Pequim no mesmo dia em que Tsai Ing-wen foi aos EUA, e disse que a escolha deveria ser "pela paz").

Taiwan é a próxima Ucrânia? 

Em reunião virtual, Biden  e Xi Jinping conversam sobre Taiwan

Embates políticos à parte, o mundo inteiro também estará de olho no que ocorre no Estreito de Taiwan por outro motivo: a importância da ilha para uma economia global que se tornou dependente de microchips.
Nas últimas décadas, a economia de Taiwan se destacou sobretudo pela atuação na fabricação de produtos de alta tecnologia — o país é lar, por exemplo, da Foxconn, que produz os iPhones da Apple. Taiwan tem uma das dez maiores economias da Ásia e está entre as 25 maiores do mundo, sendo considerada uma economia avançada pelo Fundo Monetário Internacional.
“Dado que a probabilidade atual de uma invasão chinesa é baixa, os riscos sobre o Estreito de Taiwan ainda não impuseram interrupções significativas”, afirma Shen, da Eurasia.
<blockquote>“No entanto, se as atividades militares chinesas se intensificarem ainda mais no Estreito de Taiwan, com exercícios maiores e mais frequentes e guarda costeira chinesa realizando inspeções a navio, as empresas provavelmente enfrentariam variados graus de atrasos”, afirma. "Empresas e governos continuarão dedicando recursos para planejar e avaliar o impacto de uma contingência em Taiwan."</blockquote>
O risco global é que, se um movimento militar de larga escala ainda não é provável no curto prazo, ter os embates atenuando também não é. O ano que vem será também crucial: <a href="https://exame.com/mundo/biden-diz-que-planeja-concorrer-as-eleicoes-nos-eua/">2024 terá eleições tanto nos EUA</a> (em que um embate entre Joe Biden e Donald Trump não é descartado) quanto em Taiwan. “Ambas as eleições afetarão a trajetória das relações. Um presidente do DPP em Taiwan e uma administração republicana nos EUA aumentariam ainda mais as tensões em todo o Estreito de Taiwan”, diz Shen.
Da visão em transformação da China de Xi Jinping à mensagem cada vez mais uníssona de republicanos e democratas nos EUA — tudo somado a uma guerra na Ucrânia que envolve as duas potências e não tem previsão de acabar —, a tensão segue alta. Os 200 quilômetros que separam a China continental de Taiwan continuarão no centro dos debates globais nos próximos anos.

A terra dos microchips 

CHASIV YAR, UKRAINE - FEBRUARY 12:  Husband and wife Kolya and Olya, 57, walk through a snowstorm as the sound of artillery booms around them on February 12, 2023 in Chasiv Yar, Ukraine in the eastern Donbas region of the country. Almost a year after Russia's February 24, 2022 invasion of Ukraine, Russian forces have reportedly slowly been gaining ground in a winter offensive, at great cost to both sides. (Photo by John Moore/Getty Images)

Russia Launches New Offensive In Eastern Ukraine As Protracted Conflict Continues

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HOSTOMEL, UKRAINE - APRIL 25: Local resident Oksana surveys the destroyed second floor of her multi-generational home while searching for salvageable items on April 25, 2022 in Hostomel, Ukraine. Located on the former frontline, she said the house was rocketed by Russian troops on March 7 when her mother and grandmother were downstairs. They were evacuated uninjured to Kyiv, before the entire family relocated west to Vinnytsia. As Russia concentrates its attack on the east and south of the country, residents of the Kyiv region are returning to assess the war's toll on their communities. (Photo by John Moore/Getty Images)

Kyiv Suburbs Begin Cleanup, And Commemorate Their Dead, After War Shifts Away From Capital

Era abril de 2022, algumas semanas depois do início oficial da <a href="https://exame.com/mundo/guerra-na-ucrania-acaba-em-2023-tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-o-conflito-ate-agora/">guerra na Ucrânia</a>, quando o fotógrafo americano John Moore, de 56 anos, pisou novamente em solo ucraniano.
Ele já havia estado no país em 2014, quando do início dos conflitos separatistas em Donbas e da anexação da Crimeia — período que muitos apontam <a href="https://exame.com/mundo/guerra-na-ucrania-acaba-em-2023-tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-o-conflito-ate-agora/">ter sido o começo de fato da guerra atual.</a>
Mas tudo estava diferente agora. Se em 2014 a guerra era restrita a alguns territórios, o conflito que escalou em 2022 marcou um ataque direto da Rússia, com bombardeios à capital Kiev e áreas de toda a Ucrânia. O conflito chegou em fevereiro a seu primeiro ano, <a href="https://exame.com/revista-exame/guerra-da-ucrania-o-primeiro-de-muitos-anos/">sem sinal de fim no horizonte.</a>
"A guerra mudou a sociedade de muitas maneiras diferentes. Este era um país funcional, onde as pessoas desfrutavam de suas vidas, suas famílias e viviam em relativa prosperidade. Esse não é o caso agora", diz Moore.
As fotos abaixo foram cedidas por John Moore e Getty Images para este especial. Algumas das imagens podem conter conteúdo violento e sensível.

Uma nova Ucrânia

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MALAYA ROHAN, UKRAINE - MAY 17: (EDITORS NOTE: Image depicts graphic content and death) The body of a Russian soldier lies on the battlefield on May 17, 2022 in Malaya Rohan, Ukraine. For weeks Russia has been withdrawing forces from around Kharkiv, Ukraine’s second-largest city, suggesting it may redirect troops to fighting in other areas of eastern Ukraine. (Photo by John Moore/Getty Images)

Russian Forces Withdraw From Towns Around Kharkiv

Fotógrafo sênior da agência de imagens Getty Images, com passagem por mais de 60 países, Moore falou à EXAME por e-mail em fevereiro, novamente na linha de frente do conflito.
"Superficialmente, muitas áreas dentro do país, longe das linhas de frente, podem parecer relativamente normais", diz ele. Nas lentes de Moore, porém, estão da falta de eletricidade aos estabelecimentos fechados e vítimas por todos os lados — cenas tão ou mais tristes quanto as de um ano atrás, quando a guerra tomou o mundo de surpresa e levou a uma comoção geral.
Vencedor de um Prêmio Pulitzer, entre outros, e conhecido por fotografar nos últimos anos refugiados na fronteira dos EUA, o fotógrafo discorre nesta entrevista sobre sua rotina no front, o dia-dia dos civis que ficaram e o papel do fotojornalismo em retratar o que restou de "normalidade".
A ONU contabiliza mais de 8 mil civis mortos e mais de 13 mil feridos. Do lado de ambos os exércitos, <a href="https://exame.com/mundo/guerra-na-ucrania-acaba-em-2023-tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-o-conflito-ate-agora/">são estimados mais de 20 mil mortos e mais de 100 mil feridos</a>.
<div class="quote">"Mesmo em lugares que parecem normais, as pessoas frequentemente vão a funerais de amigos e entes queridos que morreram muito jovens. Existem 'corações partidos' por toda parte."John Moore</div>

O lamento dos que não foram

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VILKHIVKA, UKRAINE- MAY 18: Olexiy Pshenychnykh, 85, rests in his war-damaged home to the east of Kharkiv on May 18, 2022 in Vilkhivka, Ukraine, which had until recently been occupied by Russian forces. Seniors in the city have been relying on humanitarian aid, as their monthly government pension payments were suspended due to the fighting. In recent weeks Ukrainian forces have advanced towards the Russian border after Russia's offensive on Kharkiv, Ukraine's second largest city stalled. (Photo by John Moore/Getty Images)

A guerra na Ucrânia mudou muito desde que Moore fotografou o conflito pela primeira vez no ano passado.
Naquele começo de 2022, distritos que o fotógrafo visitou nos arredores da capital Kiev, como Bucha e Irvin, eram centros da guerra. O objetivo inicial do presidente russo, Vladimir Putin, era derrubar o governo do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, incluindo com a conquista da capital. Com o tempo, <a href="https://exame.com/mundo/vacroux-de-harvard-falta-de-um-vencedor-prolonga-guerra-na-ucrania/">ficou claro que o cenário não era mais alcançável.</a>
Forças ucranianas conseguiram expulsar os russos do norte do país, manter o governo Zelensky e a capital Kiev. O cenário em outras partes onde Moore esteve em abril e maio passados também mudou: Kherson, ao sul, foi tomada pelos russos, mas recuperada pela Ucrânia no fim do ano; Kharkiv, ao leste e segunda maior cidade do país, conseguiu ser mantida pela Ucrânia. Os embates hoje se concentram sobretudo em partes do sul e no leste, onde Moore voltou para fotografar neste ano.
"Eu sempre tento mostrar como a guerra está afetando a população civil. Dito isso, nas áreas da linha de frente, muitas pessoas já fugiram para partes mais seguras da Ucrânia ou do exterior", conta.

Guerra sem fim

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KHARKIV, UKRAINE - MAY 25: Public transit workers sweep up shrapnel and war debris in a former frontline neighborhood on May 25, 2022 in Kharkiv, Ukraine. The workers have been tasked with alternate duties while city authorities open more metro and trolly routes. Although Russian shelling has largely ceased in the city, the attacks destroyed many houses and large apartment buildings, especially in the northern part of the city, leaving thousands of residents without utilities or homeless. (Photo by John Moore/Getty Images)

No momento desta entrevista, Moore estava em Bakhmut, na região de Donetsk (no Donbas), <a href="https://exame.com/mundo/guerra-russia-ucrania-entenda/">chave para a disputa dos separatistas desde 2014</a> e hoje um dos palcos mais sanguinários do conflito — onde nove em cada dez moradores já fugiram.
Em todo o país, a ONU calcula que mais de 14 milhões de ucranianos tiveram de deixar suas casas. Nem todos foram para o exterior: alguns se deslocaram para áreas ao oeste, como Lviv, perto da Polônia.
"Embora algumas famílias que inicialmente fugiram da Ucrânia para a Europa tenham retornado, a maioria permaneceu no exílio, por causa da incerteza, sem mencionar o perigo, já que os mísseis russos frequentemente atingem alvos civis", diz Moore.
"Além disso, os preços dos alimentos são bastante altos, já que grande parte da agricultura e das instalações de processamento do país foram destruídas. Não é fácil aqui", resume.
<div class="quote">"Os humanos são uma espécie adaptável e as pessoas se ajustam às suas novas realidades, até certo ponto."</div>

Longe do normal

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KYIV, UKRAINE - APRIL 28: Smoke rises after missiles landed at sunset on April 28, 2022 in Kyiv, Ukraine. The mayor of Kyiv, Vitali Klitschko, said on his Telegram account that Russian strikes hit the lower floors of a residential building in the Shevchenkivskyi district. The attack coincides with today's visit to Kyiv by UN Secretary-General Antonio Guterres. (Photo by John Moore/Getty Images)

Missiles Hit Kyiv On Same Day As UN Sec-Gen Visits Capital

John Moore, fotógrafo da Getty Images que cobre a guerra na Ucrânia: "Às vezes, as pessoas podem suspeitar muito do que leem, mas as fotografias são mais difíceis de negar"

John Moore_Getty Images 1

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CHASIV YAR, UKRAINE - FEBRUARY 12:  Husband and wife Kolya and Olya, 57, walk through a snowstorm as the sound of artillery booms around them on February 12, 2023 in Chasiv Yar, Ukraine in the eastern Donbas region of the country. Almost a year after Russia's February 24, 2022 invasion of Ukraine, Russian forces have reportedly slowly been gaining ground in a winter offensive, at great cost to both sides. (Photo by John Moore/Getty Images)

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KHARKIV, UKRAINE - FEBRUARY 11: A raven sits atop a Ukrainian flag in the military section of a cemetery on February 11, 2023 in Kharkiv, Ukraine. Meanwhile Russia has launched a new winter offensive in the Donbas region in eastern Ukraine. (Photo by John Moore/Getty Images)

Family Members Visit Ukrainian Soldiers' Graves In Kharkiv

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MAKARIV, UKRAINE - APRIL 19: (EDITORS NOTE: This photograph was taken using a drone) As seen from the air, the massive Komodor logistics park lies in ruins, after being bombed and burnt during the Russian invasion on April 19, 2022 near Makariv, Ukraine. The attack in early March destroyed some $50 million of medicines and medical raw materials for Ukrainian pharmaceutical company Farmac, according to Forbes. Losses for other tenants of the 400,000 square meter facility are yet unknown. (Photo by John Moore/Getty Images)

Mass Graves And Other Russian Atrocities Unearthed In Towns Near Kyiv

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RUSKA LOZOVA, UKRAINE - MAY 22: Ukrainian Territorial Defense soldiers run while on a position exposed to Russian troops while on patrol near the frontline on May 22, 2022 near Ruska Lozova, Ukraine. Russian forces had occupied Ruska Lozova for two months before being pushed back by Ukrainian troops three weeks ago. Although Russian forces have retreated from many areas around Kharkiv, some units have dug in north of the city and continue to trade shellfire with the Ukrainians. (Photo by John Moore/Getty Images)

Some Russian Forces Dig In Near Kharkiv Despite Broader Retreat From City's Outskirts

"Cada dia tenho uma rotina diferente", explica Moore. "Meu produtor/tradutor aqui, Bogdan, é muito bom. Ele tem fortes contatos militares e me dá acesso a várias partes do conflito."
Durante vários dias antes desta entrevista, Moore esteve nos campos de batalha em Bakhmut. Um dos riscos mais tangíveis que vivenciou ocorreu nas últimas semanas, quando ouviu o "zumbir" de um drone acima de onde estava. O ruído é característico para quem está habituada às zonas de guerra.
"Corri de volta para meu carro e meu produtor e saí rapidamente", lembra. "Nesse caso, uma explosão aconteceu atrás de nós depois que saímos em alta velocidade, bem perto de onde eu estava."
Desde a fase recente da guerra a partir de 2022, ao menos dois fotojornalistas perderam a vida cobrindo o conflito, além de outros repórteres e produtores.
Além dos riscos, há os desafios sutis da rotina. Muito do dia de um fotógrafo envolve dirigir longas distâncias até os locais a serem fotografados, e parte da estrutura que existia nessas cidades antes, como restaurantes e outros estabelecimentos comerciais, nem sempre estão abertos. "Um pouco mais longe das áreas da linha de frente, há boas mercearias, então eu compro e estoco. Os dias são longos e cansativos, mas gratificantes quando as fotos dão certo."

Alerta aos zumbidos

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KHARKIV, UKRAINE - MAY 21:  In an aerial view, uninhabitable apartment buildings stand in a former frontline neighborhood on May 21, 2022 in Kharkiv, Ukraine. Invading Russian forces had targeted residential apartment buildings during their attacks on Kharkiv. In recent days Russian troops have been counterattacking Ukrainian forces in the northern suburbs of Kharkiv, Ukraine's second largest city. (Photo by John Moore/Getty Images) (Photo by John Moore/Getty Images)

Tamanho esforço em busca das fotos que retratem o conflito são importantes para mostrar ao mundo o que acontece, acredita Moore. "O fotojornalismo tem um papel importante para documentar a realidade e apresentá-la de forma justa aos espectadores", diz.
<div class="quote">"Às vezes, as pessoas podem suspeitar muito do que leem, mas as fotografias são mais difíceis de negar."</div>
Moore avalia que a busca pelo equilíbrio também é difícil na guerra, e as fotos não estão ilesas dessa disputa. Há <a href="https://exame.com/mundo/brasil-vota-na-onu-a-favor-de-pedido-de-retirada-russa-da-ucrania/">muito debate em todas as áreas</a> sobre as disputas políticas no entorno da guerra, inclusive no jornalismo — embora, pessoalmente, ele não ache correto dizer que ambos os lados são "igualmente culpados".
"É importante que nossa profissão mantenha os mais altos padrões éticos ao apresentar as notícias de maneira justa. Não vou dizer equilibrado, pois não tem como apresentar essa guerra de forma totalmente equilibrada. Por exemplo, dizer que ambos os lados são igualmente culpados por esta guerra seria injusto."
Há ainda desafios logísticos, como a dificuldade de fotografar os dois lados do front. "Não podemos realmente relatar o lado russo da linha de frente, de qualquer modo. Até mesmo chamar isso de 'guerra' pode levar você à prisão por 15 anos, então o jornalismo independente daquele lado do conflito não é uma opção."

"Fotografias são difíceis de negar"

Ainda nos EUA, onde se formou na Universidade do Texas, em Austin, Moore lançou em 2018 o livro "Indocumentados: Imigração e Militarização da Fronteira Estados Unidos-México" (powerHouse Books, tradução livre). Uma de suas imagens mais marcantes foi de <a href="https://www.worldpressphoto.org/collection/photo-contest/2019/john-moore/1">uma menina chorando aos pés de um adulto</a>, que rendeu debates intensos sobre a política de separação das famílias imigrantes dos EUA e rendeu a Moore o prêmio de "foto do ano" no World Press Photo of the Year de 2019.
Na Ucrânia, Moore não trabalhou especificamente com o registro dos refugiados na fronteira oeste. Mas com quatro em cada dez ucranianos longe de suas casas, as histórias estão por toda parte. Nas fronteiras, a maioria esmagadora são mulheres e crianças, já que <a href="https://exame.com/pop/jogador-brasileiro-do-shakhtar-pode-ser-impedido-de-deixar-a-ucrania/">homens foram proibidos de sair do país</a> por uma lei marcial no início da guerra.
"Uma grande diferença em relação aos refugiados neste conflito é que eles [ucranianos] foram, em geral, bem-vindos a outros países para onde viajaram", diz.
<div class="quote">"Na fronteira dos EUA com o México, muitos migrantes e refugiados foram rejeitados."</div>
Na fronteira com o México, Moore diz que a comunicação nos bastidores é mais fácil, uma vez que ele fala também espanhol. Na Ucrânia, precisa de um tradutor para ucraniano ou russo, mas diz que seu tradutor é "muito bom, então a comunicação funciona". "As pessoas aqui, quando tratadas com respeito, geralmente estão abertas à fotografia. Eles não querem que o mundo esqueça o que está acontecendo aqui. Também não quero que o mundo esqueça."

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