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Sushi sem arroz? Turismo em alta e clima ruim fazem produto 'sumir' do Japão

O país já impõe uma tarifa de 778% sobre o produto importado para proteger seus produtores

Os preços mais altos do arroz empurraram a inflação do Japão para cima em agosto (Edwin Remsberg/Getty Images)
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 25 de setembro de 2024 às 12h58.

O arroz é um item básico e essencial na culinária japonesa. O problema é que o país está enfrentando seu maior déficit do alimento em décadas. Isso acontece devido a uma mistura de clima ruim e aumento de turistas.

"Ao longo de 2024, o Japão tem lutado contra uma escassez de arroz, resultando em supermercados vazios, pois a demanda ultrapassou a produção nos últimos três anos, fazendo com que os estoques se esgotassem paraseus níveis mais baixos em mais de 20 anos", escreveu o Departamento de Agricultura dos EUA em um relatório publicado na semana passada e divulgado pela CNBC.

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Os consumidores também estocaram mais arroz já se preparando para a temporada de tufões do Japão e um grande alerta de terremoto.

Em agosto, os supermercados supostamente ficavam sem arroz branco e as lojas limitavam as compras a um saco por pessoa. A NHK atribuiu em parte a escassez a um fluxo grande de turistas, aumentando a demanda por sushi e outros pratos à base de arroz. Os preços do arroz atingiram 16.133 ienes (US$ 112,67) por 60 kg em agosto, aumentando 3% em relação ao mês anterior e 5% mais alto desde o início do ano.

Turismo em alta e arroz em baixa

Os estoques privados de arroz do Japão ficaram em 1,56 milhão de toneladas em junho, marcando o menor nível em anos, de acordo com dados do governo. Além da preparação japonesa para potenciais desastres naturais,autoridades federais também atribuíram o aumento na demanda por arroz a um fluxo de turistas que elevou a demanda por serviços de alimentação.

Estima-se que o consumo de arroz por turistas aumentou de 19.000 toneladas entre julho de 2022 e junho de 2023 para 51.000 toneladas de julho de 2023 a junho de 2024, segundo o analista Oscar Tjakra à CNBC.

Embora o consumo turístico tenha mais que dobrado, ainda é relativamente pequeno em comparação ao consumo doméstico anual de arroz do Japão de mais de 7 milhões de toneladas.

O Japão recebeu um recorde de 17,8 milhões de visitantes no primeiro semestre do ano, bem acima dos níveis pré-pandêmicos. Essa tendência continua com 3,3 milhões de turistas em julho, o maior número já registrado de acordo com as estatísticas de turismo do Japão.

A produção de arroz no Japão também vem caindo à medida que os produtores mais velhos se aposentam e menos jovens assumem a profissão. Uma série de ondas de calor e seca no segundo semestre do ano passado também comprometeram as colheitas, segundo Tjakra.

Tarifas

O Japão impõe uma tarifa de 778% sobre o arroz importado para proteger seus produtores locais. Embora o país esteja comprometido a importar um mínimo de cerca de 682.000 toneladas de arroz por ano sob obrigações com a Organização Mundial do Comércio, esse alimento "externo" é amplamente isolado dos consumidores japoneses e usado principalmente para processamento e ração.

As exportações de arroz do Japão também aumentaram seis vezes de 2014 a 2022 para quase 30.000 toneladas.

Os preços mais altos do arroz empurraram a inflação do Japão para cima em agosto, subindo 2,8% ano a ano, devido aos custos mais altos de energia e alimentos. Os preços do arroz e do chocolate estavam entre os maiores vilões na cesta de alimentos.

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