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Lula diz que 70 mil toneladas de carne ficaram bloqueadas na China por exportação fora de data

Presidente participou da abertura do Bahia Farm Show; BNDES anunciou linha de crédito de R$ 7,6 bilhões para investimentos em sustentabilidade

Carne bloqueada? Veja como está a exportação de carne para a China (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 6 de junho de 2023 às 14h47.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira que 70 mil toneladas de carne foram exportadas para a China fora da data e acabaram ficando bloqueadas em contêineres. Lula afirmou que precisou entrar em contato com o presidente Xi Jinping para liberar os produtos.

"Essa semana mesmo o Fávaro me ligou. 'Nós estamos com 70 mil toneladas de carne parada dentro de contêiner nos portos da China'. Porque foi mandada equivocada. Foi mandada pra lá fora de data. O coitado do Fávaro conversou com o ministro da agricultura da China. Ele falou que não dava para fazer nada porque nós fizemos um acordo e que de tal data para trás não pode mais exportar".

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'Alguém exportou errado'

De acordo com o presidente, as negociações para a liberação do produto envolveram, além da ligação para o presidente chinês, uma conversa entre o ministro Carlos Fávaro com o ministro da agricultura chinês, e entre os dois vice-presidentes, Geraldo Alckmin e Han Zheng.

Lula afirmou que "alguém exportou errado" e que era preciso resolver o problema porque o produtor "tem o direito de ganhar o dinheiro pelo produto que ele produziu".

"Mas alguém exportou. Errado ou não nós temos um oceano cheio de container brasileiro com carne. Eu precisei pegar o telefone, ligar para o presidente Xi Jinping . Eu não quero saber se o cara que tem o container votou no Lula, não votou no Lula ou anulou o voto. Eu quero saber que ele é brasileiro e que ele está exportando um produto brasileiro e que ele tem direito de ganhar o dinheiro pelo produto que ele produziu", comentou o presidente.

Lula deu as declarações durante participação na cerimônia de abertura do Bahia Farm Show, em Eduardo Magalhães (BA). Ele estava acompanhado pela primeira-dama, Janja da Silva, pelo governador do estado, Jerônimo Rodrigues (PT), pela presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, e pelos ministros Rui Costa (Casa Civil), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Carlos Fávaro (Agricultura) e Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Renan Filho (Transportes), e André de Paula (Pesca).

Este foi o primeiro evento do setor agro com a participação de Lula. Na ocasião, o BNDES anunciou uma linha de crédito de R$ 7,6 bilhões para investimentos em sustentabilidade, ampliação da capacidade de armazenagem e segurança alimentar.

Ainda foram anunciados R$ 3,6 bilhões para o Plano Safra (Safrinha) e R$ 4 bilhões em linha de financiamento em dólar para investimentos no Crédito Rural.

A Bahia Farm Show é a maior feira de tecnologia agrícola do Norte e Nordeste do país e a terceira maior do Brasil. O crescimento de 1,9% do PIB no primeiro trimestre, divulgado na semana passada, foi impulsionado pelo avanço do agro, com crescimento de 21,6% nas atividades econômicas do país. O avanço da agropecuária respondeu por cerca de 80% da expansão do PIB.

Lula e o agro

O agronegócio tem travado uma relação sensível com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde o período eleitoral. O governo tem tentado ampliar seu trânsito no agro, que é um dos setores onde o ex-presidente Jair Bolsonaro tem ampla capilaridade.

Durante seu governo, o ex-presidente Jair Bolsonaro participava das maiores feiras do setor, entre elas da Bahia Farm Show e a Agrishow.

Recentemente, o governo entrou em uma saia justa com o setor após o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmar que foi "desconvidado" para a cerimônia de abertura da Agrishow após Bolsonaro ter confirmado presença. O governo chegou a dizer que o Baco do Brasil iria retirar o patrocínio da feia.

Além disso, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) intensificou a ofensiva de ocupações no início do governo Lula. As ações pressionaram o governo, que não quer se indispor com parte de sua base eleitoral e nem desagradar grupos ruralistas. As ocupações resultaram na abertura da CPI no MST no Congresso.

Na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, Fávaro ressaltou ser contra eventuais irregularidades praticadas pelo movimento e argumentou que não haveria sentido "ter invasão de terras" durante o governo Lula.

"Não faz nenhum sentido em um governo, com o presidente Lula ligado aos movimentos sociais, que abre as portas do diálogo para os movimentos sociais, ter invasão de terra, desrespeitar a Lei. Terra invadida não é passivo de reforma agrária. Se quiser reforma agrária, não vai ser com invasão de terra, pelo contrário, isso vai dificultar o processo e colocar gasolina no fogo", disse.

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