‘Individualizar' o tratamento do rebanho é estratégia da MSD Saúde Animal para pecuária brasileira
Assim como no mercado pet, farmacêutica quer ampliar prevenção de doenças contando com a ajuda de dados e IA
Repórter de Agro
Publicado em 31 de agosto de 2023 às 06h17.
Em uma rápida passagem pelo Brasil, Rick DeLuca, CEO global da MSD Saúde Animal, recebe a EXAME para uma conversa exclusiva no escritório da farmacêutica na região da Vila Olímpia, em São Paulo, entre visitas a clientes e convenções com os funcionários. Temos uma hora para traçar um paralelo que explique a relação direta com a ciência norte-americana e a pecuária brasileira. Para isso, ao lado de DeLuca, o presidente da companhia para o Brasil, Delair Bolis.
As vendas totais de Saúde Animal somaram 1,5 bilhão de dólares no primeiro trimestre de 2023, um aumento de 1% em comparação com o primeiro trimestre de 2022. De acordo com o CEO global, excluindo o impacto do câmbio, as vendas da divisão da organização aumentaram 5%. O crescimento nos produtos pecuários se deve principalmente ao portfólio para ruminantes e aves, cujos mercados brasileiros estão entre os maiores clientes.
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“A MSD é uma empresa americana de quase seis bilhões de dólares por ano. Investimos entre 7% ou 8% da nossa receita em pesquisa e desenvolvimento, é uma parcela significativa”, afirma DeLuca.
Por trás dos números, o desafio é mudar o conceito de sanidade para os rebanhos e tratar cada animal individualmente, como acontece com os pets. Para isso, a empresa quer deixar de ser vendedora de produtos para ser uma referência em tecnologia de prevenção.
Democratização da tecnologia
“Com os dados e toda a tecnologia por trás disso, vamos ajudar os pequenos médios e grandes produtores para que eles tratem os animais individualmente. Conseguiremos reunir todos os dados para construir um ambiente melhor do ponto de vista do bem-estar”, diz DeLuca.
No caso do Brasil, Bolis exemplifica que o boi para matadouro tem um custo para o pecuarista de sete a oito mil reais, enquanto uma vaca produzindo leite chega a demandar cerca de 30 mil reais.
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“É muito dinheiro para arriscar uma doença e perder o investimento. Se é possível evitar que um animal fique doente, isso reflete na renda das famílias”, afirma o executivo do Brasil.
Coleiras de monitoramento para vacas leiteiras ou injeções sem agulha para porcos estão entre produtos já disponíveis no mercado. Com o rápido avanço da inteligência artificial, isso só tende a ser aprimorado até se tornar mais acessível.
Um dispositivo que só monitorava a ruminação ou o calor em um animal agora tem um algoritmo que pode detectar como cada vaca está e enviar esta informação para o produtor remotamente. Para a cadeia do leite, com margens apertadas, a tecnologia chama a atenção do mercado de laticínios.
Em algumas regiões brasileiras, entre Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo, por exemplo, a produtividade é similar à da Nova Zelândia – atualmente com 21 bilhões de litros produzidos por ano, o que corresponde a 3% da produção mundial.
Da Amazônia aos Estados Unidos
Rick DeLuca, CEO global da MSD, menciona que o Brasil exporta mais proteína do que qualquer outro país no mundo, mas os consumidores não querem comer proteína proveniente de desmatamento na Amazônia.
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Dos Estados Unidos, a farmacêutica trabalha em um projeto com um dos maiores frigoríficos brasileiros para provar aos consumidores que a proteína não contribui para a emissão de gases de efeito estufa.
“Temos que começar pelo pequeno. Apenas ajudando-os com dados sobre como produzir mais, como ser mais eficiente, como reduzir seus custos de insumos, podemos ajudá-los a ganhar mais dinheiro para começar a rastreabilidade”, afirma DeLuca.
Mercados internacionais
Ao olhar para as oportunidades de mercado pelo mundo, o executivo menciona países asiáticos, como a Índia, e o México.
“O México quer comer mais ovos do que qualquer um. As pessoas na Ásia querem frango. Portanto, é nosso dever ajudá-los a obter proteína a um preço acessível. Certificando-se de que é um produto de qualidade e, em seguida, que é feito de forma sustentável”, ele diz.
Neste contexto, também está uma lacuna entre a demanda e a produção de alimentos pelo mundo. Segundo ele, enquanto o consumo vai crescer 1,5% ao ano, a produção deve ser incrementada em 1,3%.
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“A tecnologia vai ser o divisor de águas, e como vamos conseguir democratizar isso do maior para o médio até o agricultor menor. E é aí que a MSD está entrando. Para corresponder à demanda lá fora, podemos produzir em escala, seja medicina científica, sejam dados ou tecnologia”, afirma Rick DeLuca.