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Remy Sharp
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Em 2023, o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) completa duas décadas de pioneirismo na certificação agrícola no país. Nos últimos 20 anos, a entidade não só trouxe para o Brasil a ideia da certificação, como também ajudou a adaptar e consolidar no país os critérios que se tornariam o padrão para as certificadoras que viriam a atuar no território nacional.

O trabalho do Instituto com a certificação começou com o manejo florestal, em 1995, mas logo a agricultura também se beneficiaria. Para os empreendimentos agrícolas que buscavam o norte da sustentabilidade, o trabalho do Imaflora caiu como uma boa chuva na lavoura. Nascia algo novo, e nós estávamos implantando uma nova mentalidade que viria a guiar futuros negócios agrícolas.

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Mas os méritos que hoje celebramos devem ser repartidos com parceiros visionários que apostaram conosco no caminho da certificação e seguiram a trilha da sustentabilidade. Algumas empresas que já vinham orientadas pela ética ambiental e social para desenvolver os negócios sentiram-se atraídas para o campo da certificação, participando ativamente, fazendo com que o movimento ganhasse a escala e a dimensão que tem hoje.

É o caso da Fazenda Daterra, empresa do grupo DPaschoal, reconhecida pelo mercado internacional como um fornecedor brasileiro capaz de entregar em larga escala – e de modo consistente – a sua produção de cafés especiais. A Daterra também celebra neste ano duas décadas de certificação e de parceria conosco.

Com auditoria do Imaflora, em 2003, a Daterra foi a primeira fazenda brasileira certificada pela Rainforest Alliance (RA) – principal organização internacional com foco na sustentabilidade da produção agrícola e atuação em mais de 70 países.

Embora haja um investimento importante a ser feito para certificar um processo produtivo na produção agrícola, os bons resultados aparecem. E não só em termos financeiros. Localizadas no município de Patrocínio, no Triângulo Mineiro, as fazendas da Daterra produzem cerca de 90 mil sacas de café por ano – sendo aproximadamente 15% para o mercado interno. Emprega 450 funcionários fixos e cerca de 100 temporários.

Menos emissões

Antes da certificação, a produção de café da Daterra emitia 6,8 mil toneladas de dióxido de carbono/ano devido ao uso de fertilizantes, compostagem orgânica, motores a diesel e gastos com energia. O processo de certificação fez a empresa mudar essa rota.

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Primeiro foi preciso quantificar os GEE sequestrados pelas florestas nativas e de reflorestamento e pelos cerca de 15 milhões de pés de café da propriedade. Entraram na conta também emissões referentes ao transporte dos grãos até os armazéns dos compradores. O resultado foi um crédito verde de 7,2 mil toneladas de Co2 equivalente, cerca de 90 quilos de crédito por cada saca de 60 quilos produzida.

Essa experiência de vanguarda entre os cafeicultores nacionais provou que é possível reduzir a emissão de poluentes e compensar a pegada de carbono na produção de cafés, incluindo os elos para além da fazenda.

A certificação inclui ainda o monitoramento do número de árvores plantadas para compensar a emissão de carbono, o uso de fertilizantes orgânicos e a criação de planos de emergência para que os funcionários e suas famílias pudessem estar seguros em casos de eventos climáticos severos, como possíveis secas ou chuvas excessivas.

Diferentes benefícios das certificações

As certificações são mecanismos que comprovadamente trazem benefícios sociais e ambientais e são capazes de gerar um impacto positivo para além do contorno de sua atuação. Porém, eles não devem ser vistos como soluções completas para os complexos desafios socioambientais. A atuação do poder público e outros atores da sociedade é fundamental. Por isso, nós analisamos continuamente a efetividade das certificações que podem ter papéis e resultados diferentes, a depender do cenário local.

Para além da certificação agrícola, o Imaflora já incorporou em seu portfólio novos sistemas, como PEFC, SAI Platform e Café Practices. De modo geral, eles contribuem para igualar as práticas de acordo com padrões internacionais, mas isso pode ter significados variados. Em países com legislação ambiental e trabalhista frágil, um selo pode assumir o papel que o poder público falhou em exercer, e garantir o cumprimento de boas práticas.

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Ao internalizar os critérios da certificação, toda a cultura empresarial evolui, pois cada processo é olhado em profundidade e passa a acontecer de modo orgânico. O meio ambiente é considerado em sua complexidade, e passa a ser um aliado da produção. Os colaboradores sentem-se valorizados. Os produtos, obviamente, refletem esses cuidados. Os clientes ficam satisfeitos. E, no final, todos ganham.

* O artigo teve colaboração de Isabela Becker, diretora de sustentabilidade da Fazenda Daterra, e Luiz Iaquinta, gerente de certificação do Imaflora

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