Depois de duas quebras de safra, Argentina projeta recorde de soja em 2024/25
Bolsa de Cereais de Buenos Aires estima queda nos custos de fertilizantes e herbicidas na atual temporada
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 25 de setembro de 2024 às 15h52.
A produção de soja da Argentina deve atingir 52 milhões de toneladas na safra 2024/25, de acordo com as primeiras estimativas divulgadas nesta quarta-feira, 25, pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA). Se confirmado, o volume será o maior registrado no país desde a safra 2021/22.
A BCBA projeta uma redução nos custos com herbicidas e fertilizantes em comparação ao ano anterior, embora ainda permaneçam em níveis elevados. Por outro lado, os custos com combustíveis devem registrar uma alta de 20% em relação ao ciclo anterior.
A área plantada de soja na Argentina para a temporada 2024/25 foi estimada em 19 milhões de hectares, o que representa um aumento de 9,8% em comparação com a safra 2023/24.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) também divulgou suas projeções, prevendo uma produção de 51 milhões de toneladas de soja para a Argentina na safra 2024/25.
Na temporada 2023/24, a Argentina colheu 48,1 milhões de toneladas, abaixo das estimativas iniciais, que superavam os 50 milhões de toneladas. A queda foi atribuída a chuvas irregulares que prejudicaram a produção.
Em 2022/23, também por causa de problemas climáticos, o país sofreu uma quebra de safra, resultando em apenas 25 milhões de toneladas de soja, o menor volume dos últimos cinco anos.
O Argentina é o terceiro maior produtor mundial de soja, acompanhado de Estados Unidos e Brasil. Juntos, esses países devem somar 340,7 milhões de toneladas de soja em 2024/25 — os EUA e o Brasil devem produzir 120,7 e 169 milhões de toneladas, respectivamente, segundo o USDA. O Brasil é o principal exportador mundial do grão.
Para o milho e o trigo, a BCBA projeta em 47 milhões de toneladas e 18,6 milhões de toneladas, respectivamente, a safra 2024/25. No caso do milho, a produção foi atingida pela praga da cigarrinha, que se espalhou nas lavouras do país por causa das ondas de calor.
La Niña chega em outubro
O fenômeno climático La Niña deve chegar em outubro, de acordo com a nova atualização do Centro de Previsão Climática dos Estados Unidos (CPC/NCEP).
Durante um evento de La Niña, a temperatura do Oceano Pacífico na região tropical fica abaixo da média, e esse resfriamento provoca uma série de efeitos climáticos, que incluem chuvas mais intensas na Ásia e condições mais secas em algumas áreas da América do Sul.
A previsão anterior era de que o La Niña ocorresse entre agosto e setembro, ou seja, ainda no inverno argentino, entretanto, o fenômeno deve ter início na primavera e ter fraca intensidade, segundo o CPC/NCEP.
O fenômeno La Niña pode influenciar diretamente as principais culturas agrícolas, como soja e milho. De acordo com asprevisões climáticas, o La Niña deverá impactar o país durante o verão de 2025, apresentando uma tendência de enfraquecimento a partir de fevereiro.