Colheita tardia de cana no Brasil pode reduzir perdas da safra
Os mercados analisam as perspectivas para o Brasil, o maior exportador de açúcar, para saber se o equilíbrio global da commodity resultará em déficit após a queda causada por safras fracas na Ásia
Bloomberg
Publicado em 19 de maio de 2021 às 15h53.
Última atualização em 19 de maio de 2021 às 16h28.
Marvin G. Perez, da Bloomberg
A decisão das usinas brasileiras de atrasar a colheita de cana-de-açúcar pode acabar reduzindo as perdas da safra, depois que as plantações conseguiram se desenvolver após o impacto da seca.
Essa é a análise de Plinio Nastari, presidente da Datagro, que prevê uma queda menor da produção na região Centro-Sul do que outros analistas, como da BP-Bunge, Tropical Research Services e Itaú BBA, além da trading Wilmar International.
Os mercados analisam as perspectivas para o Brasil, o maior exportador de açúcar, para saber se o equilíbrio global da commodity resultará em déficit após a queda causada por safras fracas na Ásia. O açúcar acumula alta de quase 60% no último ano, proporcionando preços quase recordes para produtores brasileiros com sinais de que a demanda se manteve forte na pandemia e a preocupação crescente de que a estiagem no país reduzirá a oferta.
Embora a seca em abril tenha atrasado o desenvolvimento dos canaviais, as chuvas abundantes em março amenizaram o impacto. Combinado com a estratégia das usinas de atrasar a moagem, isso terá efeito compensatório no desenvolvimento e produtividade, disse Nastari. Até o fim de abril, 199 usinas processavam a matéria-prima em comparação com 217 no mesmo período do ano passado, e outras 30 devem começar na primeira quinzena de maio, segundo dados da Unica.
A produção de açúcar no Centro-Sul pode cair 7,8% em 2021-2022 em relação à temporada anterior, para 36,3 milhões de toneladas. A moagem de cana pode encolher 5,3%, para 572 milhões de toneladas, disse Nastari antes de apresentar os números durante uma conferência anual do setor coorganizada virtualmente neste ano com a Organização Internacional do Açúcar.
As projeções da Datagro pressupõem um declínio no teor de sacarose, e que as usinas irão desviar 47,2% do caldo da cana para produzir açúcar, em comparação com 46,07% na temporada anterior.
Nastari disse que a empresa espera mais dados sobre o clima nas próximas semanas, “o que deve determinar o destino da safra”.
Os preços estão altos e a demanda por etanol é firme, principalmente por anidro, o tipo usado na mistura da gasolina. Esse dado é importante, porque mostra que a demanda geral por combustíveis se recuperou totalmente, e produtores fazem todo o possível para aumentar a oferta do biocombustível, de acordo com Nastari.
O Centro-Sul deve produzir 28,47 bilhões de litros de etanol em 2021-2022, sendo 3,4 bilhões à base de milho, segundo a Datagro. Um ano antes, o biocombustível produzido a partir da cana somou 25,06 bilhões de litros, disse Nastari.
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